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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 8 • 347<br />

desviar-nos da reta vereda da instrução, devemos desdenhosamente<br />

passar por alto muitas coisas que ele põe diante de nós. Os papistas<br />

nos provocam o máximo que podem, fazendo uso de sofismas triviais,<br />

como se lançassem fumaça ao ar. Se mestres piedosos empregarem<br />

laboriosamente seu tempo em examinar cada uma dessas sofismas,<br />

começarão a envolver-se nas tramas de Penélope, 3 e, portanto, se delongam<br />

de tal sorte, que nada mais fazem senão estorvar o progresso<br />

do evangelho, e são sabiamente desconsiderados.<br />

7. Aquele dentre vós que estiver sem pecado. Ele declarou isso<br />

em conformidade com o costume da lei, pois Deus ordenara que a testemunha,<br />

com suas próprias mãos, tomasse a iniciativa na morte dos<br />

malfeitores, em conformidade com a sentença por eles pronunciada, a<br />

fim de haver mais prudência em dar-se testemunho [Dt 17.7]. Há muitas<br />

pessoas que procedem temerariamente ao esmagarem seu irmão<br />

com perjúrio, porquanto não imaginam que estão abrindo uma ferida<br />

mortal com suas línguas. E este mesmo argumento foi de muito peso<br />

para esses caluniadores, desesperados como estavam, pois nem bem<br />

tiveram uma visão dele, se descartaram das incandescentes paixões<br />

com que se deixaram encher de vaidades quando chegaram. Todavia<br />

existe esta diferença entre a injunção da lei e as palavras de Cristo, a<br />

saber, que na lei Deus meramente ordenara que não se condenasse<br />

uma pessoa com a língua, a menos que lhes fosse permitido matá-la<br />

com as próprias mãos. Aqui, porém, Cristo demanda das testemunhas<br />

inocência plenária, de modo que ninguém pudesse acusar outrem de<br />

crime, a menos que fosse puro e isento de toda falha. Ora, o que ele<br />

disse naquele tempo a umas poucas pessoas, temos de considerar<br />

como havendo falado a todos, para que todo aquele que acusar ou-<br />

3 “Ce sera troujours à recommencer” – “terão sempre que começar de novo”. Recorrendo<br />

à alusão clássica, nosso autor assim comunicou o significado a seus patrícios em termos<br />

claros. Todos quantos leem a Odisseia de Homero se lembrará de Penélope, a esposa de<br />

Ulisses, especialmente aquela parte de sua história a que Calvino refere, a saber, o que<br />

ela fiava durante o dia, desfiava durante a noite, e assim concretizou sua resolução de se<br />

empregar diariamente fiar, e no entanto essa fiação não terminaria enquanto se esposo<br />

não regressasse. Penelopes telam texere, a trama que Penélope tecia, era uma expressão<br />

proverbial, a qual os romanos emprestaram dos gregos.

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