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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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346 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

3. E os escribas e fariseus lhe trouxeram. É bastante óbvio que<br />

esta passagem não era conhecida das igrejas gregas, e alguns conjeturam<br />

que ela foi trazida de alguma outra fonte e inserida aqui. Visto,<br />

porém, que a mesma sempre foi aceita pelas igrejas latinas, e está presente<br />

em muitos manuscritos gregos antigos e nada contém de indigno<br />

de um espírito apostólico, não há razão por que devamos recusar<br />

aplicá-la para nosso proveito. Ao dizer o evangelista que os escribas<br />

e fariseus lhe trouxeram uma mulher, sua intenção é dizer que isso foi<br />

feito de comum acordo entre si, com o fim de apanhar Cristo numa<br />

armadilha. Ele menciona expressamente os fariseus porque eram as<br />

principais pessoas na ordem dos escribas. Ao adotarem tal pretexto<br />

para exprimir sua calúnia, eles exibem a hediondez de sua perversidade,<br />

e até mesmo seus próprios lábios os acusam, pois não dissimulam<br />

que possuem um claro mandamento da lei, e daí se segue que agem<br />

maliciosamente, formulando uma pergunta como se fosse uma matéria<br />

indubitável. Sua intenção, porém, era constranger a Cristo a afastar-se<br />

de seu ofício de pregoeiro da graça, para que parecesse ser volúvel e<br />

instável. Declaram expressamente que as adúlteras estão condenadas<br />

por Moisés [Lv 20.10], para que obrigassem Cristo pela sentença já<br />

formulada pela lei, pois não era lícito inocentar aqueles a quem a lei<br />

condenava. E, em contrapartida, se ele desse seu assentimento à lei,<br />

forçaria a conclusão de ser um tanto incoerente consigo mesmo.<br />

6. E Jesus, inclinando-se. Com essa atitude ele pretendia mostrar<br />

que os menosprezava. Os que conjeturam que ele escrevia isto ou<br />

aquilo, em minha opinião, não captam sua intenção. Tampouco aprovo<br />

a ingenuidade de Agostinho que cria que dessa forma se realçava a distinção<br />

entre a lei e o evangelho, porque Cristo não escreveu em tábuas<br />

de pedra [Êx 31.18], mas no homem, que é pó e terra. Pois Cristo, antes,<br />

pretendia nada mais nada menos que mostrar quão indignos eram<br />

eles de ser ouvidos, justamente como se alguém, enquanto outro lhe<br />

falava, se pusesse a rabiscar a parede ou virasse as costas ou por meio<br />

de algum outro gesto, insinuasse que nada entendia do que lhe era<br />

dito. Assim, na atualidade, quando Satanás tenta, por vários métodos,

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