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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 7 • 313<br />

a ingratidão dos homens que, ao julgarem as obras de Deus, sempre<br />

buscam deliberadamente ocasião de cair em erro. Se Deus age fazendo<br />

uso de meios usuais e de uma maneira ordinária, esses meios que são<br />

visíveis aos olhos são, por assim dizer, véus que nos impedem de perceber<br />

a mão divina, e, por isso, nada discernimos neles senão o que é<br />

humano. Mas se um poder divino inusitado fulgura acima da ordem da<br />

natureza e dos meios geralmente conhecidos, então somos dominados<br />

pelo espanto, e o que teria afetado profundamente todos nossos sentidos<br />

se esvai como um sonho. Pois tal é nosso orgulho, que não temos<br />

interesse em coisa alguma em que não conhecemos a razão.<br />

Como este homem sabe letras? Era uma espantosa prova do poder<br />

e graça de Deus que Cristo, que não havia aprendido aos pés de<br />

nenhum mestre, ser, não obstante, eminentemente distinguido por seu<br />

conhecimento das Escrituras, e que ele, que nunca fora erudito, se tornasse<br />

o mais excelente mestre e instrutor. Mas, exatamente por essa<br />

razão os judeus desprezavam a graça de Deus, porque ela excede a<br />

capacidade deles. Admoestados por seu exemplo, pois, aprendamos a<br />

exercer mais profunda reverência por Deus do que costumamos fazer<br />

quando consideramos suas obras.<br />

16. Minha doutrina não é minha. Cristo mostra que esta circunstância,<br />

a qual se tornara um escândalo para os judeus, era antes<br />

uma escada por cujos degraus devemos erguer-nos mais alto a fim de<br />

visualizarmos a glória de Deus, como se quisesse dizer: “Ao olhardes<br />

para um mestre que não foi educado na escola dos homens, deveis<br />

saber que eu fui educado na escola de Deus”. Pois a razão pela qual<br />

o Pai celestial determinou que este Filho procedesse de uma oficina,<br />

em vez de sair das escolas dos escribas, era para que a origem<br />

do evangelho pudesse ser mais evidente, e assim ninguém concluísse<br />

que ela proviesse de uma indústria terrena ou imaginasse que<br />

algum ser humano fosse o autor dela. Assim também Cristo escolheu<br />

homens ignorantes e sem escolaridade para que fossem seus<br />

apóstolos, e lhes permitiu permanecerem três anos em grosseira<br />

ignorância, para que, instruindo-os num instante singular, pudesse

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