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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 6 • 267<br />

portanto, estão destituídos de justificativa quando impiamente rejeitam<br />

o alimento espiritual da alma, o qual Deus ora lhes oferece.<br />

32. Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu pão do<br />

céu. Cristo parece contradizer o que citou do Salmo, mas ele fala apenas<br />

à guisa de comparação. O maná () é chamado o pão do céu, mas<br />

ele é para a nutrição do corpo. O pão, porém, que deve ser verdadeira<br />

e propriamente considerado celestial é aquele que fornece a nutrição<br />

espiritual à alma. Cristo, pois, faz um contraste aqui entre o mundo e<br />

o céu, porque não devemos buscar a vida incorruptível em outro lugar,<br />

senão no céu. Nesta passagem, verdade não é contrastada com sombras,<br />

como às vezes se faz em outros lugares, mas Cristo considera o que é<br />

a verdadeira vida do homem, ou em outros termos, o que é que o faz<br />

diferente dos animais brutos e excelente entre as criaturas.<br />

Meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Ao acrescentar essas<br />

palavras, o significado é: “O maná que Moisés deu a vossos pais não<br />

veio acompanhado de vida celestial, mas agora a vida celestial vos é<br />

realmente exibida”. Aliás, é ao Pai que ele chama o doador desse pão,<br />

mas ele quer dizer que ele é dado por suas próprias mãos. Assim, o<br />

contraste se relaciona não com Moisés e Deus, mas com Moisés e<br />

Cristo. Ora, Cristo representa seu Pai antes que a si próprio como o<br />

Autor desse dom, a fim de granjear para si mais profunda reverência,<br />

como se quisesse dizer: “Reconhecei-me como o ministro de Deus, por<br />

cujas mãos ele quer alimentar-vos para a vida eterna”. Mas, repetindo,<br />

isso parece ser inconsistente com a doutrina de Paulo, o qual chama<br />

o maná alimento espiritual [1Co 10.3]. Respondo que Cristo fala segundo<br />

a capacidade daqueles com quem estava tratando, e isso não<br />

é incomum na Escritura. Vemos quão diversamente Paulo fala sobre<br />

a circuncisão. Quando escreve sobre a ordenança, ele a chama o selo<br />

da fé [Rm 4.11], mas quando disputa com os falsos apóstolos, ele a<br />

chama, ao contrário, selo da maldição, e isso por tomá-la com as qualidades<br />

que se lhe atribuíam, segundo a opinião deles. 26 Consideremos<br />

26 “Et ce en la prenant avec les qualitez qu’ils luy attribuoyent, et selon leur sens”.

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