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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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260 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

tranquila neste mundo. Isso é usurpar Cristo de seu poder primordial,<br />

pois a razão por que ele foi dado pelo Pai e se revelou aos homens é<br />

para que os possa formar de novo segundo a imagem de Deus, dando-<br />

-lhes seu Santo Espírito, e para que os pudesse conduzir à vida eterna,<br />

revestindo-os com sua justiça.<br />

É de grande importância, pois, que mantenhamos nossos olhos<br />

nos milagres de Cristo, pois aquele que não aspira ao reino de Deus,<br />

porém repousa satisfeito com as conveniências da presente vida, outra<br />

coisa não busca senão encher seu ventre. De igual modo, há muitas<br />

pessoas na atualidade que de bom grado abraçariam o evangelho se<br />

ele fosse destituído do amargor da cruz, e se ele nada mais contivesse<br />

senão os prazeres carnais. Sim, vemos muitos que fariam a profissão<br />

da fé cristã se pudessem viver com mais garbo e com menos restrição.<br />

Alguns pela expectativa de lucro, outros pelo temor e ainda outros<br />

por causa daqueles a quem desejam agradar, professam ser discípulos<br />

de Cristo. Para se buscar a Cristo, pois, o ponto principal é este:<br />

desprezar o mundo e buscar o reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33).<br />

Além disso, como os homens mui geralmente impõem a si mesmos<br />

e se persuadem de que estão buscando a Cristo da melhor maneira,<br />

enquanto aviltam todo seu poder, por essa razão, Cristo, em sua maneira<br />

usual, duplica a expressão em verdade, como se, por meio de um<br />

juramento, ele quisesse trazer à luz o vício que se move por detrás de<br />

nossa hipocrisia.<br />

27. Trabalhai pelo alimento, não aquele que perece. Ele mostra<br />

a que alvo nossos desejos devem dirigir-se, isto é, à vida eterna. Mas,<br />

visto que na proporção que nosso entendimento é grosseiro, devotamo-nos<br />

sempre às coisas terrenas. Por essa razão, ele corrige aquela<br />

enfermidade que nos é natural, antes de apontar para o que devemos<br />

fazer. A doutrina simples teria sido: “Trabalhai pelo alimento incorruptível”,<br />

porém, sabendo que os sentidos humanos são possuídos<br />

pelas preocupações terrenas, ele primeiro lhes ordena que se liberem<br />

e fiquem livres de tais obstáculos, para que possam erguer-se ao céu.<br />

Não que ele proíba seus seguidores de trabalharem para a consecução

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