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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 6 • 247<br />

não se preocupam em passar a noite em um lugar desértico. Tão menos<br />

justificável é nossa indiferença, ou melhor, nossa indolência quando<br />

estamos longe de preferir a doutrina celestial às torturas da fome, que<br />

as mais leves interrupções imediatamente nos desviam da meditação<br />

sobre a vida celestial. Mui raramente ocorre de Cristo nos encontrar<br />

livres e desemaranhados dos embaraços do mundo. Tão longe cada<br />

um de nós está de estar pronto a segui-lo a uma montanha desértica,<br />

que dificilmente um em dez consegue suportar recebê-lo quando ele<br />

se apresenta em nosso lar, em meio aos confortos. E ainda que essa<br />

enfermidade prevaleça quase por todo o mundo, todavia é certo que<br />

ninguém estará pronto para o reino de Deus, até que, pondo de lado<br />

tais comodidades, aprendamos a desejar o alimento da alma com tanta<br />

solicitude que nosso ventre não nos seja um obstáculo.<br />

Visto, porém, que a carne nos solicita atenção para suas conveniências,<br />

devemos igualmente observar que Cristo, espontaneamente,<br />

cuida daqueles que são negligentes para consigo mesmos para que<br />

o sigam. 1 Pois ele não espera até que estejam reduzidos à inanição e<br />

gritem que estão perecendo de fome e nada têm para comer, senão<br />

que lhes providencia alimento antes mesmo que o peçam. Talvez alguém<br />

dirá que isso nem sempre sucede, pois frequentemente nos<br />

deparamos com pessoas devotas que, ainda que tenham se devotado<br />

inteiramente ao reino de Deus, se sentem exaustas e quase desfalecidas<br />

de fome. Eis minha resposta: ainda que Cristo tenha prazer em<br />

provar nossa fé e paciência dessa maneira, não obstante do céu ele<br />

contempla nossa carência e cuida em aliviá-la, até onde nosso bem-<br />

-estar o requeira. Quando não se concede assistência imediatamente,<br />

isso se dá pela melhor das razões, embora tal razão nos esteja oculta.<br />

3. Jesus, pois, subiu a um monte. Cristo, inquestionavelmente,<br />

buscou um lugar de retiro até a festa da Páscoa e, por isso, lemos que<br />

ele assentou com seus discípulos sobre uma colina. Esse indubitavelmente<br />

foi o propósito que ele estabeleceu como homem, porém o<br />

1 “Pour le suyvre”.

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