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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 5 • 209<br />

Deus que nos golpeia, e não imaginar que nossas angústias tem como<br />

origem uma cega impetuosidade da sorte, e em seguida atribuímos<br />

essa honra ao Deus que, sendo nosso Pai cheio de bondade, não nutre<br />

nenhum prazer em nossos sofrimentos, e por isso não nos trata com<br />

dureza do que se sente ofendido por nossos pecados. Ao responsabilizar<br />

o homem de não pecar mais, ele não lhe impõe a viver isento<br />

de todo pecado, mas fala em termos comparativos quanto a sua vida<br />

anterior, pois Cristo o exorta de agora em diante cultivar um coração<br />

quebrantado e a não fazer o que outrora fazia.<br />

Para que não te sobrevenha algo pior. Se não continua nos fazendo<br />

o bem por meio dos açoites com que amorosamente nos disciplina,<br />

como o mais bondoso dos pais castigaria seus filhos tenros e frágeis,<br />

ele se vê constrangido a adotar um novo caráter, e um caráter que,<br />

por assim dizer, não lhe é natural. Ele, pois, empunha o chicote para<br />

subjugar nossa obstinação, segundo nos ameaça em sua lei [Lv 26.14;<br />

Dt 28.15; Sl 32.9]. E deveras em toda a Escritura nos deparamos com<br />

passagens do mesmo gênero. Daí, quando formos incessantemente<br />

apertados por nossas aflições, associemo-las à nossa própria obstinação,<br />

pois não só nos assemelhamos a cavalos e mulas, mas somos<br />

como bestas selvagens que não se deixam domesticar. Portanto, não<br />

há motivo para perplexidade se Deus faz uso das mais severas disciplinas<br />

para nos ferir, por assim dizer, com marretas, quando o castigo<br />

mais moderado já não surte efeito, pois é próprio que aqueles que não<br />

suportam ser corrigidos tenham de ser feridos por golpes mais fortes.<br />

Em suma, o uso de castigos visa a tornar-nos mais cautelosos no<br />

futuro. Se depois do primeiro e do segundo golpes ainda mantivermos<br />

o coração obstinadamente empedernido, ele nos golpeará sete vezes<br />

mais severamente. Se depois de demonstrarmos sinais de arrependimento<br />

por algum tempo, e imediatamente voltarmos à nossa disposição<br />

natural, ele castiga mais ferinamente essa leviandade, a qual prova nosso<br />

esquecimento e que estamos dominados pela indolência.<br />

Uma vez mais, na pessoa desse homem, é importante observarmos<br />

com que amabilidade e condescendência o Senhor nos suporta.

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