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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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208 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

para que os judeus tivessem a liberdade de julgar o próprio fato sem<br />

referência a qualquer pessoa. E disto aprendemos que a cura desse<br />

homem não pode ser atribuída a sua fé, visto que mesmo depois de ter<br />

sido curado ele não reconhece seu Médico. E, não obstante, quando<br />

recebe a ordem de carregar seu leito, isso parece ter sido feito pela<br />

diretriz da fé. Para mim pessoalmente, visto não negar que havia nele<br />

algum movimento secreto de fé, afirmo que, à luz do que se segue, é<br />

claro que ele não tinha a doutrina sólida ou a clara luz sobre a qual ele<br />

pudesse confiar.<br />

14. Depois dessas coisas, Jesus o encontrou. Estas palavras mostram<br />

ainda mais claramente que, quando Cristo se ocultou por algum<br />

tempo, não era com o intuito de fazer com que perecesse a lembrança<br />

da bondade que ele conferira, pois aparece em público de sua livre iniciativa.<br />

Simplesmente, tencionava fazer com que a obra viesse a lume<br />

primeiro, e que ele depois declarasse ser seu Autor.<br />

Esta passagem contém uma doutrina de imensa utilidade, pois<br />

quando Cristo diz: recupera a saúde, sua intenção é ensinar-nos que,<br />

se não formos incitados à gratidão, fazemos um uso impróprio dos<br />

dons de Deus. Cristo não repreende o homem por aquilo que ele mesmo<br />

lhe dera, mas apenas o lembra de que ele fora curado a fim de<br />

que, recordando o favor que recebera, passasse a servir a Deus, seu<br />

Libertador, durante toda sua vida. Portanto, como Deus, por meio de<br />

açoites, instrui e impele-nos ao arrependimento, assim nos convida<br />

a esse exercício por meio de sua bondade e paciência. E deveras é o<br />

desígnio universal, tanto de nossa redenção quanto de todos os dons<br />

de Deus, manter-nos inteiramente devotados a ele. Ora, isso não pode<br />

ser alcançado a menos que a lembrança do castigo passado permaneça<br />

impressa na mente, e a menos que aquele que obteve o perdão se<br />

exercite nessa meditação ao longo de toda sua vida.<br />

Esta admoestação nos ensina ainda que todos os males que suportamos<br />

têm de ser imputados a nossos pecados, pois as aflições<br />

dos homens não são acidentais, mas são tantos açoites quanto é nossa<br />

carência de disciplina. Primeiramente, devemos reconhecer a mão de

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