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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 5 • 203<br />

ministério e agência dos anjos, assim ele ordenou a um anjo que cumprisse<br />

esse dever. Por essa razão, os anjos são chamados principados<br />

e poderes [Cl 1.16]. Não que Deus lhes delegasse seu próprio poder<br />

e permanecesse no céu sem qualquer atividade, mas porque, ao agir<br />

poderosamente neles, demonstra de modo magnífico e exibe seu poder.<br />

Portanto, é perverso e desonroso imaginar qualquer coisa como<br />

pertencente aos anjos, ou constituí-los como o meio de comunicação<br />

entre nós e Deus, a ponto de obscurecer a glória de Deus, como se<br />

ela estivesse a uma grande distância de nós, enquanto que, ao contrário,<br />

ele os emprega como manifestações de sua presença. Devemos<br />

pôr-nos de guarda contra as estultas especulações de Platão, pois a<br />

distância entre nós e Deus é tão incomensurável que, por sua orientação,<br />

proteção e comando, podemos ter os anjos como assistentes e<br />

ministros de nossa salvação.<br />

Em intervalos. Deus poderia ter imediatamente, em um só instante,<br />

curado a todos eles, porém, como seus milagres têm seus desígnios,<br />

assim devem também ter seus limites, como Cristo também os lembra<br />

que, embora existam tantos que morreram nos dias de Eliseu, não<br />

mais que uma criança ressuscitou dentre os mortos [2Rs 4.32]; 3 e que,<br />

ainda que tantas viúvas vivessem famintas durante o tempo da seca,<br />

houve apenas uma cuja pobreza foi aliviada por Elias [1Rs 17.9; Lc<br />

4.25]. E, assim, o Senhor considerou suficiente dar uma demonstração<br />

de sua presença no caso de umas poucas pessoas enfermas.<br />

O modo de curar, porém, que é aqui descrito, mostra sobejamente<br />

claro que nada é mais irracional do que esse homem sujeitar-se<br />

às obras de Deus por sua própria decisão. Sem esperanças, que assistência<br />

ou alívio se poderia esperar de águas agitadas? Mas assim,<br />

privando-nos de nossos próprios sentidos, o Senhor nos habitua à<br />

obediência da fé. Também seguimos solicitamente o que agrada nossa<br />

razão, ainda que contrarie a Palavra de Deus. Por isso, a fim de tornar-<br />

3 A versão francesa traz esta redação: “combien que du temps d’Elisee il y eust plusieurs<br />

de ladres, toutesfois nul d’eux ne fut nettoyé simon Naaman Syrien” – “ainda que nos<br />

dias de Eliseu houvesse tantos leprosos, não obstante nenhum deles foi purificado senão<br />

Naamã, um sírio” [2Rs 5.14; Lc 4.27].

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