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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 4 • 191<br />

com graça o que comumente e com mais frequência (ἐπὶ τὸ πολὶ) acontece.<br />

Em tais casos, portanto, não é necessário exigirmos rigidamente<br />

precisão uniforme, como se o que é expresso em um provérbio fosse<br />

sempre verdadeiro. É indubitável que os profetas são geralmente mais<br />

admirados em outros lugares do que em seu próprio país de origem.<br />

Algumas vezes também pode ocorrer, e de fato ocorre, que um profeta<br />

não é menos honrado por seus compatrícios do que por estrangeiros;<br />

mas o provérbio declara o que é comum e ordinário, ou, seja: que os<br />

profetas recebem honra mais espontaneamente em qualquer outro lugar<br />

do que entre seus próprios compatrícios.<br />

Ora, este provérbio, bem como o significado dele, pode ter uma<br />

dupla origem; pois é um erro universal que aqueles a quem devemos<br />

ouvir gritam da plataforma, e a quem vemos agindo nesciamente em<br />

sua infância são desprezados por nós ao longo de toda sua vida, como<br />

se não tivessem qualquer progresso, desde sua tenra idade. A isto se<br />

acrescenta outro mal – a inveja que prevalece mais entre os conhecidos.<br />

Penso, porém, ser provável que o provérbio se origine da seguinte circunstância:<br />

os profetas eram assim maltratados por sua própria nação;<br />

pois quando homens santos e bons percebiam que havia na Judeia tão<br />

grande ingratidão para com Deus, tão grande desprezo por sua Palavra,<br />

tão grande obstinação, podiam com razão pronunciar esta queixa: que<br />

em parte alguma os profetas de Deus são menos honrados do que em<br />

seu próprio país. Se o primeiro significado for preferido, o título profeta<br />

deve ser entendido em termos gerais denotando qualquer mestre, como<br />

Paulo chama Epimênides profeta dos cretenses [Tt 1.12].<br />

45. Os galileus o receberam. Se esta honra era ou não de longa<br />

duração não temos meios para determinar; pois nada existe a que os<br />

homens mais se inclinam do que olvidar os dons de Deus. Tampouco<br />

<strong>João</strong> relata isto com algum outro desígnio senão o de informar-nos que<br />

Cristo realizou milagres na presença de muitas testemunhas, tanto que<br />

a notícia delas se difundiu por muitos rincões. Repetindo, isto aponta<br />

para uma vantagem dos milagres, a saber: que eles preparam o caminho<br />

para a doutrina; pois fazem com que se preste reverência a Cristo.

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