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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 4 • 167<br />

Um segundo erro é ainda mais comum, a saber: tomam por empréstimo<br />

dos Pais seus feitos como uma capa para encobrir seus erros – e isso<br />

pode ser facilmente visto no papado. Mas, como esta passagem é uma<br />

notável prova de quão absurdamente agem os que, em desconsideração<br />

do mandamento de Deus, se conformam aos exemplos dos Pais, devemos<br />

observar de quantas maneiras o mundo comumente peca neste aspecto.<br />

Pois amiúde ocorre que a maioria, sem qualquer discriminação, segue tais<br />

pessoas como Pais que em um mínimo sequer merecem desfrutar do título<br />

de Pais. Assim, percebemos em nossos próprios dias que os papistas,<br />

enquanto escancaram a boca, recitam os Pais, não dão nenhum lugar aos<br />

profetas e apóstolos. Mas, quando mencionam umas poucas pessoas que<br />

merecem ser honradas, colecionam um grande número de homens como<br />

eles próprios, ou pelo menos descem a uma época corrupta que, embora<br />

ainda não prevalecesse um barbarismo tão grosseiro como hoje existe,<br />

contudo a religião e a pureza da doutrina já declinaram grandemente. Devemos,<br />

pois, atentar cuidadosamente para esta distinção: que ninguém<br />

seja considerado Pai senão aqueles que foram manifestamente filhos de<br />

Deus, e que também, pela eminência de sua piedade, foram qualificados<br />

para esta honrosa categoria. Amiúde também erramos neste aspecto: pelas<br />

ações dos Pais temerariamente estabelecemos uma lei comum, pois<br />

a multidão nem imagina que está a conferir honra suficiente aos Pais não<br />

os excluindo da condição comum dos homens. E assim, quando não nos<br />

lembramos de que foram homens falíveis, indiscriminadamente misturamos<br />

seus vícios com suas virtudes. Daí suscitar a pior das confusões na<br />

condução da vida, pois enquanto todas as ações dos homens devem ser<br />

testadas pela norma da lei, sujeitamos a balança àquelas coisas que devem<br />

ser pesadas por ela, e, em suma, onde tanta importância é anexada à<br />

imitação dos Pais, o mundo imagina que não pode haver perigo algum em<br />

pecar seguindo seu exemplo.<br />

Um terceiro erro é a imitação falsa, mal orientada ou irrefletida; 7<br />

isto é, quando nós, ainda que não imbuídos do mesmo espírito, ou<br />

7 “Une fausse imitation, et mal reiglee, ou inconsideree.”

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