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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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132 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

tal benção. Ele atribui a glória de nossa salvação inteiramente ao seu<br />

amor. E isso se torna ainda mais claro à luz do contexto, pois ele acrescenta<br />

que o Filho foi dado aos homens para que estes não perecessem.<br />

Segue-se que, enquanto Cristo não dignar-se a socorrer os perdidos,<br />

todos continuarão destinados à destruição eterna.<br />

Paulo também demonstra isso à luz da sequência do tempo, pois<br />

fomos amados mesmo quando ainda éramos inimigos em virtude do<br />

pecado [Rm 5.8, 10]. E, de fato, onde reina o pecado, nada encontraremos,<br />

exceto a ira de Deus e a morte que ele agita. Portanto, é<br />

unicamente a misericórdia que nos reconcilia com Deus e ao mesmo<br />

tempo nos restaura à vida.<br />

Esta maneira de falar, contudo, pode parecer conflitante com muitos<br />

testemunhos da Escritura, os quais colocam em Cristo o primeiro<br />

fundamento do amor divino para conosco, e diz que fora dele somos<br />

detestados por Deus. Mas temos que nos lembrar bem, como eu já disse,<br />

que o amor secreto, no qual nosso Pai celestial nos alcançou para<br />

si, visto que o mesmo flui de seu beneplácito eterno, é precedente a<br />

todas as demais causas. A graça, porém, a qual ele quer que nos seja<br />

testificada, e pela qual somos despertados à esperança da salvação,<br />

começa com a reconciliação providenciada através de Cristo. Porque,<br />

uma vez que necessariamente odeia o pecado, como seremos convencidos<br />

de que ele nos ama, enquanto não forem expiados os pecados,<br />

por cuja causa ele está justamente irado conosco? E assim, antes que<br />

possamos nutrir alguma noção de sua bondade paternal, é necessário<br />

que o sangue interceda para que Deus se reconcilie conosco. Visto,<br />

porém, que primeiro ouvimos que Deus deu seu Filho a fim de morrer<br />

por nós, porque ele nos amou, acrescenta-se imediatamente que é tão<br />

somente em Cristo que, propriamente falando, a fé deve repousar.<br />

Deu seu Filho unigênito. O genuíno olhar da fé, confesso, é colocar<br />

Cristo diante dos olhos e contemplar nele o coração de Deus<br />

transbordante de amor. Nosso firme e substancial sustento é descansar<br />

na morte de Cristo como nossa única garantia. A palavra unigênito<br />

é realçada para exaltar o fervor do amor divino por nós. Porque os

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