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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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116 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

A não ser que o homem nasça de novo. Em outros termos, enquanto<br />

lhe faltar a coisa mais importante no reino de Deus, não creio<br />

que você realmente me reconheça como Mestre, pois seu primeiro passo<br />

no reino de Deus é converter-se num novo homem. Visto, porém,<br />

que esta é uma passagem tão extraordinária, cada parte dela precisa<br />

ser detalhadamente examinada.<br />

Ver o reino de Deus vem a ser o mesmo que entrar no reino de<br />

Deus, como prontamente transparece do contexto. Mas estão equivocados<br />

aqueles que creem que o reino de Deus é o mesmo que céu.<br />

Antes, é a vida espiritual, cujo ponto de partida é a fé, aqui e agora, e<br />

que diariamente cresce em consonância com o progresso contínuo da<br />

mesma fé. O sentido, portanto, é que ninguém pode realmente unir-se<br />

à Igreja e ser reconhecido entre os filhos de Deus sem que antes seja<br />

renovado. Portanto, esse fato mostra de forma sucinta qual é o princípio<br />

da vida cristã.<br />

Ao mesmo tempo, somos instruídos por essa expressão que desde<br />

o nascimento somos alienados e completamente estranhos ao reino<br />

de Deus, como igualmente existe uma perpétua oposição entre Deus<br />

e nós, até que ele nos transforme pela operação [do Espírito] no segundo<br />

nascimento. Pois a afirmação é geral e compreende toda a raça<br />

humana. Se Cristo dissesse a apenas um homem ou a uns poucos que<br />

não poderiam entrar no céu, a menos que nasçam de novo, poderíamos<br />

supor que isso apontava só para certa classe de pessoas, mas ele<br />

está se referindo a todos sem exceção. Pois a linguagem é ilimitada e<br />

contém o mesmo teor de uma expressão de cunho universal, como:<br />

“Todo aquele que não nascer de novo...”.<br />

Além do mais, pelo termo nascer de novo ele tem em mente não a<br />

reparação de uma parte, mas a renovação da natureza inteira. Daqui se<br />

deduz que não há em nós absolutamente nada que não seja defectivo,<br />

pois se a reforma é necessária na totalidade e em cada parte, então a<br />

corrupção deve ter se expandido por toda parte. Falaremos sucintamente<br />

sobre isso de maneira mais plena. Erasmo, seguindo a opinião<br />

de Cirilo, incorretamente traduziu o advérbio como de cima. Reconhe-

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