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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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112 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

da religião. Se um governante entre os homens é menos que um menino,<br />

o que pensaríamos do público em geral? Ora, embora o alvo do<br />

<strong>Evangelho</strong> fosse mostrar-nos, como num espelho, quão poucos em Jerusalém<br />

se predispunham a receber o evangelho, contudo esta história<br />

é em extremo proveitosa também em outras facetas. Particularmente,<br />

porque nela aprendemos acerca da natureza corrupta da raça humana,<br />

que é o ingresso certo de entrada na escola de Cristo, por cujos<br />

rudimentos devemos ser formados a fim de fazermos progresso na<br />

doutrina celestial. Pois a suma do discurso de Cristo consiste em que,<br />

para sermos discípulos legítimos, temos que transformar-nos em novas<br />

criaturas. Mas, antes de avançarmos um pouco mais, devemos, à<br />

luz dos detalhes narrados pelos Evangelistas, considerar os obstáculos<br />

que impediam Nicodemos de render-se inteiramente a Cristo.<br />

Entre os fariseus. Naturalmente, esse era, para Nicodemos, um<br />

título de honra entre seus compatriotas. O Evangelista, porém, não<br />

lho atribui em função da honra, mas, ao contrário, o realça como um<br />

obstáculo à sua ousada e espontânea visita a Cristo. Daí sermos lembrados<br />

de que os imponentes deste mundo são, na maioria das vezes,<br />

apanhados nas piores armadilhas. Aliás, vemos muitos deles tão firmemente<br />

presos que sequer bafejam a mais ínfima oração ao céu em<br />

toda sua vida.<br />

Em outro lugar, explicamos por que eram chamados fariseus, 1 pois<br />

se vangloriavam de ser os únicos intérpretes da lei, como se possuíssem<br />

a essência e o significado oculto da Escritura. E por essa razão se<br />

chamavam Perushim. 2 Ainda que os essênios granjeassem a reputação<br />

de ser santos em decorrência de sua vida mais austera, eram como<br />

1 Os pontos de vista que nosso autor tem do termo se acham plenamente expressos e<br />

examinados em Harmony, volume 1, página 281; porém não se pode presumir que este<br />

<strong>Comentário</strong> sobre o <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong>, que veio a lume no ano de 1553, faça referência<br />

à Harmonia, a qual não foi publicada senão em 1555. A prioridade da data (1548) do<br />

<strong>Comentário</strong> à Epístola aos Filipenses mui naturalmente nos leva a consultar aquela<br />

passagem, na qual Paulo diz que era um fariseu [3.5].<br />

2 Comm. on Harm. Of Gospel sobre Mateus 5.20 e 23.2; cf. também Comm. on Phil. 3.5.<br />

Calvino deriva ‘fariseu’ de parash, significando dividir, separar, ou declarar distintamente.<br />

Calvino escolhe o último significado, enquanto que os eruditos modernos geralmente<br />

preferem o primeiro, e então os descrevem como ‘os separados’.

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