L+D 41
Edição 41 : Novembro / Dezembro - 2012
Edição 41 : Novembro / Dezembro - 2012
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l+d<br />
R$16,00<br />
luz + design + arquitetura<br />
ISSN: 1808-8996<br />
High Line, NOVA York<br />
Ellus, São Paulo<br />
MACBA, Buenos Aires<br />
Igreja da Santíssima Trindade, Fátima<br />
Attimo, São Paulo
l+d #<strong>41</strong><br />
50<br />
64<br />
High Line, Nova York<br />
Chelsea Market Passage,<br />
iluminação intensa, de cima<br />
para baixo, contrastando<br />
com a sutileza<br />
da iluminação do percurso<br />
Foto: Iwan Baan<br />
58<br />
70<br />
22<br />
26<br />
54<br />
88<br />
agenda<br />
¿QuÉ Pasa?<br />
PROJETOS<br />
54. Alberto Gentleman, Rio de Janeiro<br />
58. High Line, Nova York<br />
64. Attimo, São Paulo<br />
70. MACBA, Buenos Aires<br />
76. Shopping Recife, Recife<br />
80. Ellus, São Paulo<br />
84. Igreja da Santíssima Trindade, Fátima<br />
produtos<br />
<strong>L+D</strong><br />
14<br />
84
EDITORIAL<br />
PUBLICADA POR<br />
EDITORES<br />
André Becker<br />
Thiago Gaya<br />
Editora Lumière Ltda.<br />
Rua Catalunha, 350<br />
05329-030 São Paulo SP<br />
t: 11 2827.0660<br />
ld@portallumiere.com.br<br />
www.portallumiere.com.br<br />
<strong>L+D</strong><br />
16<br />
percurso e conexão<br />
Para nossa edição derradeira de 2012, separamos projetos em São Paulo,<br />
Rio de Janeiro, Recife, Buenos Aires, Fátima e Nova York. Projetos de lighting<br />
designers europeus, americanos, brasileiros e latino-americanos. Abarcando<br />
espaços urbanos, culturais, comerciais, de serviços e religiosos... até porque<br />
na construção da cidade e da boa iluminação, no estágio de hiperconexão em<br />
que vivemos, muitos destes limites são borrados, se misturam e se conectam.<br />
Uma matéria extremamente cuidadosa de Carlos Fortes sobre a High Line<br />
é o destaque dessa edição, por estudar um projeto icônico que traz temas de<br />
primeira relevância: iluminação urbana de qualidade e discreta, uma proposta<br />
visionária e inspiradora.<br />
Mas gostaríamos de destacar também uma seção das mais ricas que não<br />
costuma figurar nos editoriais: a nossa querida ¿Qué Pasa?, o passeio promovido<br />
pela <strong>L+D</strong> por soluções e situações instigantes pelo mundo. Esta se transforma<br />
sempre em um discurso, em conexões de ideias e situações, e exemplifica<br />
perfeitamente o esmero e a busca pela excelência que caracterizam a revista.<br />
Instalações artísticas belas e que provocam o pensamento como a “Cloud”,<br />
os “21 balançoires” ou o “Unidisplay”; soluções em arquitetura de grande<br />
destaque, como o arco-íris urbano de Coop Himmelb(l)au, ou de sutil mas<br />
brilhante destaque como a casa em Isumi, Japão; propostas inovadoras como<br />
Little Sun, de Olafur Eliasson, buscando responder a questões globais. E onde<br />
muitas vezes damos espaço para descidas às raízes da produção contemporânea,<br />
como na exposição do trabalho de vanguarda de Eric Staller, realizado no final<br />
dos anos 1970, transformando paisagens urbanas com luz e movimento. Não<br />
por acaso fechando o ¿Qué Pasa? dessa edição, antecedido pelas intervenções<br />
contemporâneas do Guerrila Lighting: deixamos patente a proximidade de<br />
conceitos tão afastados no tempo.<br />
A ideia de destacar a ¿Qué Pasa? neste editorial - ao fechar mais um ano da<br />
revista, em que outras cinco edições fazem parte de nossa história - é realçar<br />
a sensação de percurso e conexão que permeiam cada seção e projeto, e que<br />
permeiam a própria sequência de edições da <strong>L+D</strong>.<br />
Um bom percurso para todos nós em 2013, uma ótima leitura.<br />
Retratos: Eduardo Costa / Daniel Mourão<br />
editores<br />
>André Becker<br />
>Thiago Gaya<br />
DIRETOR DE ARTE<br />
>Pedro Saito<br />
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />
>André Becker<br />
>Carlos Fortes<br />
>Fernanda de Almeida<br />
>Fernanda Carvalho<br />
>Orlando Marques<br />
REVISÃO<br />
>Deborah Peleias<br />
GERENTE ADMINISTRATIVO<br />
>Richard Schiavo<br />
CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS<br />
>Márcio Silva<br />
PUBLICIDADE<br />
>Lucimara Ricardi (Diretora Comercial)<br />
>Paula Ribeiro<br />
>Suely Mascaretti<br />
MARKETING<br />
>Veronica Lourenção<br />
PROJETO EDITORIAL<br />
>Thiago Gaya<br />
PROJETO GRÁFICO<br />
>Thais Moro<br />
PUBLICIDADE<br />
comercial@portallumiere.com.br<br />
t: 11 2827.0660<br />
ASSINATURAS<br />
assinaturas@portallumiere.com.br<br />
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IMPRESSA POR
agenda<br />
Prepare-se para os grandes eventos de 2013<br />
lightfair © international<br />
EUROLUCE<br />
LighFair International<br />
A 27ª edição da Euroluce acontece entre os dias 9 e 14 de abril em<br />
Milão. Simultânea ao Salão do Móvel, a feira é destino obrigatório quando<br />
o assunto é design. Os eventos paralelos que pipocam por toda a cidade<br />
são um show a parte, como a Instalação Metamorphosis, apresentada<br />
pela Foscarini no Superstudio Piú em 2011.<br />
Acontece entre 23 e 25 de abril, na Filadélfia, - Estados Unidos, a<br />
LightFair International 2013. Com participações da IES (Illuminating<br />
Engineering Society) e da IALD (International Association of Lighting<br />
Designers) o evento é conhecido por sua tradicional – e qualificada –<br />
grade de palestras e workshops.<br />
Onde: Milão, Itália<br />
Quando: de 9 a 14 de abril de 2013<br />
Info: www.cosmit.it/en/euroluce<br />
Onde: Filadélfia, Estados Unidos<br />
Quando: de 23 a 25 de abril de 2013<br />
Info: www.lightfair.com<br />
LEDFORUM<br />
A cada nova edição, o LEDforum ganha em escala e diversidade,<br />
tendo se consolidado como o mais importante congresso brasileiro de<br />
iluminação. O evento conta com área de exposição e uma jornada de<br />
palestras com grandes nomes da iluminação mundial. Além disso, o<br />
LEDforum se caracteriza como um grande momento de confraternização<br />
e network para os profissionais da iluminação. Sua 4ª edição está prevista<br />
para os dias 8 e 9 de agosto.<br />
Onde: São Paulo<br />
Quando: 8 e 9 de agosto de 2013<br />
Info: www.ledforum.com.br<br />
<strong>L+D</strong><br />
22<br />
PLDC<br />
2013 também é ano de PLDC - Professional Lighting Design Convention.<br />
Entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, mais de mil profissionais<br />
de todas os cantos estarão reunidos no maior congresso mundial de<br />
iluminação. Após edições em Londres, Berlim e Madri, neste ano o<br />
evento está sediado em Copenhague, Dinamarca.<br />
PLDC<br />
Onde: Copenhague, Dinamarca<br />
Quando: de 30 de outubro a 2 de novembro de 2013<br />
Info: www.pld-c.com
¿QuÉ Pasa?<br />
Doug Wong<br />
Caitlind Brown<br />
Nuvem<br />
<strong>L+D</strong><br />
26<br />
Em Calgary, Canadá, Caitlind R. C. Brown e Wayne Garret criaram,<br />
para a Nuit Blanche, a instalação interativa “Cloud”.<br />
Jogando com conceitos de reaproveitamento e reciclagem num<br />
contexto lúdico, a “nuvem” é composta por mais de seis mil bulbos<br />
incandescentes, alguns novos, outros usados, outros queimados.<br />
Desta nuvem, caem correntes finas, que remetem à chuva, permitindo<br />
às pessoas interagir ligando e desligando as lâmpadas, criando também<br />
um aspecto dinâmico, remetendo à uma nuvem tempestuosa.<br />
Algumas leituras muito interessantes ficam patentes: a nuvem como<br />
inteligência coletiva na era do computador, a tempestade interativa<br />
como poder transformador de instalações artísticas.<br />
Caitlind Brown
¿QuÉ Pasa?<br />
Duccio Malagamba<br />
<strong>L+D</strong><br />
28<br />
Arco-íris urbano<br />
“O conceito básico deste projeto é a sobreposição de espaços abertos<br />
e fechados, de espaços públicos e privados”, comenta Wolf D. Prix, da<br />
Coop Himmelb(l)au, sobre o projeto do centro de cinema em Busan,<br />
Coreia do Sul.<br />
A impressionante estrutura de cobertura tem, na sua parte inferior,<br />
placas de vidro iluminadas por LEDs, criando um arco-íris urbano de<br />
presença monumental na nova sede do festival de cinema de Busan.
¿QuÉ Pasa?<br />
Olafur Eliasson<br />
Helen Zeru<br />
Michael Tsegaye<br />
Merklit Mersha<br />
O solzinho é para todos<br />
<strong>L+D</strong><br />
30<br />
Michael Tsegaye<br />
O projeto Little Sun, de Olafur Eliasson e Frederik Ottesen, busca<br />
uma solução com arte e engenharia para um problema que atinge<br />
um sexto da humanidade: a ausência de acesso à luz artificial. E busca<br />
também criar uma solução muito mais eficiente do que as dispendiosas<br />
alternativas à disposição destas pessoas: querosene, velas, madeira.<br />
A premissa do Little Sun é que as horas de luz solar captadas<br />
durante o dia, em um painel de 60 x 60mm, se transformam em<br />
luz artifical à noite, até o limite de 5 horas, permitindo o estudo, a<br />
vivência e o trabalho.<br />
Com um valor proposto de 22 dólares em áreas com acesso à energia<br />
e 11 dólares em áreas sem energia, ele busca não só criar uma opção<br />
renovável de iluminação, mas se inserir e alimentar economias e cadeias<br />
produtivas simples e locais.<br />
Utilizando LEDs Duris E5 da Osram com consumo de 0,5W, sua luz<br />
se equivale à percepção de uma incandescente de 40W.
¿QuÉ Pasa?<br />
21 balanços<br />
O Quartier des Spectacles, em Montreal, continua gerando, entre<br />
suas intervenções anuais, alguns casos exemplares de instalações que<br />
valorizam o espaço e a interação urbana, com luzes, sons e obras.<br />
O Daily Tous Les Jours, de Mouna Andraos e Melissa Mongiat, realizou<br />
o “21 balançoires” na última edição.<br />
A ideia de um grande instrumento musical, onde cada balanço emite<br />
um som e uma luz no ritmo de seu usuário, investe em princípios de<br />
cooperação com um forte apelo lúdico. Os sons vão surgindo naturalmente,<br />
e os ritmos de cada balanço procuram colaborar com os vizinhos para<br />
atingir uma melodia, transformando a passagem pela obra em diversão<br />
para todos, e até mesmo nostalgia para os adultos.<br />
<strong>L+D</strong><br />
32<br />
Olivier Blouin
¿QuÉ Pasa?<br />
Semiótica aplicada<br />
A instalação “Unidisplay”, de Carsten Nicolai, busca um exame<br />
perceptivo. Através de projeções numa grande parede do Hangar Bicocca,<br />
em Milão, Itália (reforçada por laterais espelhadas que criam um efeito<br />
de plano infinito), uma quantidade de módulos com diferentes efeitos<br />
visuais interferem com a percepção dos usuários. Por meio de ilusões<br />
ópticas, flickerings, retenção de imagens na retina, além de módulos<br />
relacionados a ciclos temporais e gráficos abstratos, a instalação gera<br />
comunicações visuais que questionam princípios semióticos.<br />
<strong>L+D</strong><br />
34<br />
Agostino Osio
¿QuÉ Pasa?<br />
Flecha<br />
Em Isumi, no Japão, o escritório IRA - International Royal Architecture<br />
- executou uma residência que transborda uma luz indireta poética<br />
de sua forma pura.<br />
O entorno próximo ao mar, mas sem atrativos relevantes à vista,<br />
direcionou o projeto a uma forma forte e simples: uma flecha branca<br />
na paisagem.<br />
O balanço da cobertura permitiu um vão para iluminação e ventilação,<br />
que durante o dia traz uma iluminação natural difusa para o interior<br />
da casa, e à noite transborda uma iluminação artificial difusa para as<br />
varandas.<br />
<strong>L+D</strong><br />
36<br />
<strong>L+D</strong><br />
37<br />
Nobuaki Nakagawa
¿QuÉ Pasa?<br />
Túnel vivo<br />
No Victoria and Albert Museum, em Londres, Inglaterra, o London<br />
Design Festival transformou o túnel de entrada da Exhibition Road,<br />
com uma instalação interativa de iluminação criada pelo Cinimod<br />
Studio, do lighting designer Dominic Harris.<br />
Com a colaboração da Philipps na parte técnica, o estúdio criou<br />
um ambiente que é controlado pelo movimento das pessoas. Uma<br />
faixa de luz branca segue o visitante, formando uma linha brilhante<br />
que rastreia sua jornada. Dos dois lados da faixa branca, manchas de<br />
cores vibrantes são empurradas e puxadas através do túnel, criando um<br />
efeito de luz que representa o movimento global dos visitantes daquele<br />
dia. Durante o dia, a frequência e saturação das cores é alterada, ao<br />
responderem à direção predominante do movimento da multidão.<br />
Para atingir este efeito, foram usadas tecnologias com câmeras<br />
com sensores térmicos e luminárias LED montadas num trilho móvel.<br />
<strong>L+D</strong><br />
38<br />
Cinimod Studio
¿QuÉ Pasa?<br />
Idea Brasil 2012<br />
A 5 a edição do prêmio de design IDEA Brasil, versão nacional do<br />
prestigiado IDEA Awards norte-americano, ocorreu durante a IV Bienal<br />
Brasileira de Design, em 27 de setembro, na Casa FIAT de Cultura, em<br />
Belo Horizonte.<br />
As premiações Ouro, Prata e Bronze em suas mais de 20 categorias<br />
prestigiaram produtos como as luminárias Kubi, da Itaim Iluminação e<br />
Orus, da Light Design do Brasil.<br />
A versão de sobrepor da luminária Orus foi condecorada com Bronze<br />
na categoria Sala de Estar & Quarto. Desenhada por Fred Mamede, Ruana<br />
Barros, Willames Verçoza e Felipe Arruda da Light Design do Brasil, a<br />
luminária proporciona uma iluminação agradável e sem ofuscamentos.<br />
A luminária Kubi, com design de Chris Larbig e Juliana Iwashita<br />
Kawasaki para a Itaim iluminação também faturou o Bronze na mesma<br />
categoria. Composta por sucatas de alumínio, restos de placas de acrílico<br />
e LEDs, a arandela utiliza retalhos de matérias-primas descartados dos<br />
processos de fabricação de luminárias comerciais para criar efeitos de luz<br />
interessantes. Um bom exemplo de criatividade aliada à sustentabilidade.<br />
<strong>L+D</strong><br />
40<br />
Divulgação
¿QuÉ Pasa?<br />
Guerrila Lighting<br />
Dois anos após sua primeira aparição na <strong>L+D</strong>, o movimento Guerrila<br />
Lighting continua ativo.<br />
Iniciado em Melbourne, na Austrália, procurando testar ideias de<br />
lighting design, ele cresceu e se transformou num movimento global.<br />
Nas palavras de Joseph Norster, “nossa forma mudou com o<br />
passar dos anos e as motivações também. Hoje em dia, estamos<br />
muito mais interessados num engajamento do público e em alterar<br />
a percepção sobre o espaço, ao invés de atingir um pequeno grupo<br />
de profissionais”.<br />
As instalações no Light in Winter 2011 e no Festival Internacional<br />
de Artes de Sydney, em 2012, exemplificam esta transição para<br />
uma vertente mais interativa, trabalhando com simples lanternas<br />
em ambos os casos.<br />
<strong>L+D</strong><br />
42<br />
Guerrila Lighting
¿QuÉ Pasa?<br />
Luzes na cidade<br />
Os “light drawings” do artista americano Eric Staller, realizados em Nova<br />
York entre 1976 e 1980, chegam aos 35 anos com sua energia intacta.<br />
Utilizando diferentes fontes luminosas, o artista marcou, realçou ou<br />
alterou espaços urbanos na execução de cada imagem.<br />
Ele comenta que “eram performances com luz. Plateias de lixeiros,<br />
vigias, workaholics de Wall Street e sem-teto se juntavam para observar<br />
um lunático correndo com luzes”.<br />
E ao ser confrontado com perguntas sobre não aparecer nas imagens<br />
apesar de estar lá, manuseando as fontes luminosas enquanto o diafragma<br />
da câmera estava aberto, tem uma resposta muito interessante: “Não<br />
existe luz suficiente em mim para a câmera ver”.<br />
<strong>L+D</strong><br />
49<br />
Eric Staller
¿QuÉ Pasa?<br />
<strong>L+D</strong><br />
50<br />
<strong>L+D</strong><br />
51<br />
Na página anterior, ”Synergy2”; “Ribbon<br />
on Hannover Street”; e autorretrato. Nesta<br />
página, “Dear Mom and Dad”<br />
Eric Staller
projetos<br />
Contrastes<br />
Resolver contrastes. Esta foi a tarefa do arquiteto<br />
Mitchell Tremsky e da lighting designer Inês Benévolo para a nova<br />
A elegância e a sobriedade nesta unidade não foi buscada no<br />
tom da madeira, mas na pintura preta. As paredes, nichos e painéis<br />
loja da Alberto Gentleman, no Rio de Janeiro, desta vez no Shopping<br />
são escuros, deixando detalhes como as molduras nos painéis das<br />
Rio Design Barra.<br />
paredes muito discretas.<br />
A marca trabalha com ternos e acessórios, e tem nas suas outras<br />
Outro elemento de grande destaque na arquitetura é a escada em<br />
unidades uma linguagem clássica.<br />
estrutura metálica, mármore carrara e tubos de aço inoxidável, outro<br />
O desafio dos contrastes começa no conceito desta loja, como<br />
elemento com materiais clássicos e modernos lado a lado.<br />
colocado por Mitchell Tremsky: “Criar uma loja nos preceitos clássicos<br />
Completando as diferentes camadas do interior, um grande espelho<br />
já existentes da marca, desta vez com um enfoque contemporâneo e<br />
participa do jogo de reflexos que ocorre na Alberto Gentleman.<br />
<strong>L+D</strong><br />
54<br />
jovial”. A ideia foi atrair uma clientela jovem, sem afastar os clientes<br />
já habituais.<br />
Inês Benévolo, do Atelier da Luz, comenta que o primeiro desafio<br />
para o lighting design era garantir um nível iluminante alto, pelos<br />
<strong>L+D</strong><br />
55<br />
Assim, já na fachada é dado este tom: grandes volumes envidraçados<br />
muitos detalhes em preto do ambiente. Preocupação tanto dos<br />
da vitrine contrastam com paredes em estuque veneziano preto.<br />
profissionais quanto do cliente.<br />
No interior, o jogo de diferenças continua: as áreas em pé-direito<br />
duplo têm piso de ladrilho hidráulico, com desenho geométrico<br />
branco e preto, e as áreas de pé-direito simples, tem parquet de<br />
A grande tela de PVC faz a mediação entre<br />
demolição, tingido de preto.<br />
os forros escuro e claro da loja, gerando<br />
Mais um contraponto se estabelece entre os mobiliários, com<br />
a iluminação difusa global. O espelho em<br />
algumas peças em moldes tradicionais ingleses, e outras peças em<br />
ângulo ao fundo reflete a faixa e cria um<br />
linhas contemporâneas minimalistas.<br />
desenho bastante forte
O efeito mais marcante do projeto de iluminação cria um novo<br />
elemento no ambiente. Logo na entrada, à esquerda, não apenas<br />
as paredes são em marcenaria preta, mas o forro também é escuro,<br />
marcando e delimitando este espaço. No restante da loja, o forro é<br />
branco. Inês optou por criar uma faixa iluminada, em tela de PVC<br />
tensionada, mediando os forros brancos e pretos (com lâmpadas T5<br />
54W/3.000K). “Isso gerou um efeito interessante de continuidade<br />
devido ao espelho posicionado numa parede em ângulo, ao fundo.<br />
A lona tensionada nos proporciona bastante luz difusa, importante<br />
em um projeto com parte do forro escuro, o que pode gerar muita<br />
sombra”, comenta Inês.<br />
Além desta faixa iluminada, no forro escuro foram dispostas luminárias<br />
triplas embutidas orientáveis, duas 30º e uma 10º, direcionadas para<br />
os produtos. Estas luminárias foram colocadas perpendicularmente<br />
entre si, pois teriam uma presença visual grande no espaço devido<br />
ao forro escuro e ao espelho.<br />
Abaixo do mezanino, soluções distintas para se obter efeitos<br />
semelhantes aos do pé-direito duplo. Para se obter o efeito de<br />
iluminação difusa, foram instaladas luminárias fluorescentes contínuas<br />
de 2,60m, com um interessante detalhe: são semiembutidas, pois<br />
parte da tubulação técnica impedia a inserção total no forro, mas<br />
deixá-las totalmente para fora ficaria menos elegante. Para se obter o<br />
efeito de iluminação de destaque foram utilizadas dicroicas orientáveis<br />
de 36º (35W).<br />
E nos locais convenientes, e na iluminação de mobiliário, fitas<br />
LED (14W/ml/3.000k), destacam produtos em nichos e prateleiras.<br />
A vitrine da loja manteve o padrão da marca: uma iluminação<br />
cênica com lâmpadas PAR 30 (35W/30º) e AR 111 (35W/8º), mas<br />
sem exageros, dentro da discrição e elegância da proposta desse<br />
espaço com contrastes sutis. (Por André Becker)<br />
<strong>L+D</strong><br />
56<br />
Elementos modernos e clássicos<br />
dialogando são a proposta<br />
da loja. Sobriedade nos tons<br />
e elementos clássicos, como o<br />
mármore, dialogam com o aço<br />
inox e referências pop na vitrine<br />
<strong>L+D</strong><br />
57<br />
Luminárias triplas embutidas<br />
orientáveis para lâmpada Philips<br />
CDM-R PAR 30 -35W/30º e 10º<br />
direcionadas para os produtos,<br />
com desenho dispondo-as em dois<br />
sentidos devido ao forro escuro e<br />
ao espelho<br />
Alberto Gentleman<br />
Rio de Janeiro, Brasil<br />
Projeto de Iluminação: Inês Benévolo / Studio Iluz<br />
Projeto de Arquitetura de Interiores: Mitchell Tremsky<br />
Fornecedores: Cia da Iluminação, Revoluz, Utiluz<br />
(luminárias), Tensoflex (tela em PVC tensionado),<br />
Osram (lâmpadas e reatores)<br />
Fotos: Leonardo Finotti
projetos<br />
THE HIGH LINE, Nova<br />
YORK<br />
<strong>L+D</strong><br />
58<br />
The High Line é um parque público, criado sobre a<br />
estrutura de um antigo viaduto ferroviário. Teve sua primeira seção<br />
aberta ao público em junho de 2009, entre as ruas Gansevoort e 20.<br />
A segunda seção foi aberta em junho de 2011, e hoje a associação<br />
que o mantém continua defendendo a continuidade do projeto em<br />
seu trecho final, entre as ruas 30 e 34.<br />
O viaduto foi construído na década de 1930, parte de um amplo<br />
projeto de infraestrutura urbana, com o objetivo de retirar do nível<br />
da rua o transporte ferroviário de cargas na zona oeste de Nova York,<br />
então principal distrito industrial de Manhattan. Esta operação durou<br />
até a década de 1980, quando o tráfego dos trens foi extinto. Em 1999,<br />
foi criada a organização sem fins lucrativos “Friends of the High Line”<br />
(amigos da High Line, em tradução livre), com o objeto de salvar a<br />
estrutura, então sob ameaça de demolição. O projeto de preservação<br />
e transformação do elevado em parque ganhou o apoio da Prefeitura<br />
de Nova York, em 2002, e as obras tiveram início em 2006.<br />
O projeto foi desenvolvido por um time formado pelo escritório de<br />
arquitetura Diller Scofidio + Renfro (autores do projeto do Museu da<br />
<strong>L+D</strong><br />
59<br />
Um parque elevado e linear criou um elemento<br />
urbano inusitado, mas surpreendentemente<br />
rico, original e de uso intenso<br />
Iwan Baan
Emile Dubussion<br />
Iwan Baan<br />
Emile Dubussion<br />
Imagem histórica:<br />
viaduto ferroviário<br />
urbano para transporte<br />
de carga (1930)<br />
HYPAR PAVILLION – LINCOLN CENTER<br />
A cobertura gramada é acessada<br />
diretamente da praça, dando<br />
continuidade ao espaço público<br />
Iluminação periférica. LEDs embutidos no<br />
guarda-corpo, no perímetro do viaduto,<br />
criam um plano horizontal iluminado<br />
sem a presença de luminárias visíveis<br />
ILUMINANDO A HIGH LINE<br />
Imagem e do Som do Rio de Janeiro, em construção), com paisagismo de<br />
O projeto de iluminação prima pela sutiliza das soluções, que em<br />
Não há luminárias visíveis em praticamente nenhum trecho, com<br />
James Corner Field Operation e paisagismo de Piet Oudolf. O escritório<br />
nenhum momento competem com a arquitetura e com o paisagismo.<br />
raras exceções. Estas exceções acontecem nos pontos de acesso, onde<br />
L’Observatoire International, sob titularidade de Hervé Descottes,<br />
O parque tem um percurso linear, que se estende ao longo de 2,5 km,<br />
foram criadas escadas que rasgam a estrutura, e nos dois trechos em<br />
foi responsável pelo lighting design. Diller Scoffidio + Renfro são<br />
com intervenções pontuais de mobiliário urbano, configurando praças<br />
que a High Line passa sob edifícios – no hotel The Standard, edifício<br />
<strong>L+D</strong><br />
60<br />
também autores de outros projetos de relevância na escala urbana,<br />
que priorizam a relação do homem com a cidade – como a recente<br />
e diversos ambientes. O principal conceito desenvolvido foi criar, em<br />
praticamente toda a sua extensão, um plano iluminado a partir dos<br />
novo concluído praticamente ao mesmo tempo em que o parque era<br />
aberto, em 2009, com um grande vão livre que se desenvolve sobre<br />
<strong>L+D</strong><br />
61<br />
intervenção no Lincoln Center com a criação do Hypar Pavillion, em que<br />
guardas-corpos no perímetro do viaduto. Um sistema assimétrico de<br />
o parque – e no Chelsea Market, edifício histórico de uma antiga<br />
o edifício se confunde com a praça, e a cobertura gramada, acessível<br />
LEDs embutidos no corrimão, absolutamente sem qualquer ofuscamento,<br />
fábrica de biscoitos.<br />
diretamente do piso em seu ponto mais baixo, foi concebida para ser<br />
ilumina todo o percurso.<br />
Ao percorrermos toda sua extensão, encontramos variações dessa<br />
uma continuação do espaço público.<br />
Este sistema, além de garantir a iluminação e segurança, proporciona<br />
solução implantadas em outros elementos, muitas vezes com as luminárias<br />
O parque tem início na Rua Gansevoort, ponto em que a estrutura<br />
um efeito muito interessante quando visualizado de baixo, a partir da<br />
para LEDs incorporadas no mobiliário, nos bancos, passarelas ou nos<br />
foi interrompida quando teve início a demolição do trecho sul, na<br />
rua. As pessoas ficam em silhueta, com a luz na altura da cintura, e o<br />
espelhos dos degraus, como no anfiteatro da Décima Avenida. Há,<br />
década de 1990. Dividido em vários trechos, cada um com uma<br />
parque parece flutuar sobre a cidade. O projeto privilegia a escala urbana,<br />
ainda, trechos em que as luminárias foram incorporadas aos montantes<br />
intervenção paisagística peculiar, encontramos variados ambientes de<br />
porém, cria sutilezas de luz e sombra, se integra ao mobiliário e dialoga<br />
verticais do guarda-corpo, e não no corrimão.<br />
estar, contemplação e lazer, que podem ser desfrutados também à noite.<br />
com o usuário, criando uma harmonia na relação homem / cidade.
MOVIMENTO E SILHUETA<br />
A iluminação se desenvolve em<br />
um plano baixo – as pessoas<br />
ficam em silhueta, com a luz<br />
na altura da cintura<br />
INTERVENÇÕES NO MOBILIÁRIO URBANO<br />
Luminárias para LEDs incorporadas no<br />
mobiliário, nos bancos, passarelas ou nos<br />
espelhos dos degraus criam pontos de referência<br />
CONCLUSÃO<br />
O projeto do l’Observatoire mereceu uma menção especial neste<br />
ano, na 29ª premiação internacional do IALD. Esse projeto nos leva à<br />
reflexão sobre a questão da requalificação de equipamentos urbanos.<br />
No Brasil, temos exemplos recentes de estações de trem transformadas<br />
em museus, edifícios históricos em centros culturais, portos em áreas<br />
de lazer. Atualmente, acompanhamos a polêmica sobre o destino de<br />
dois viadutos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O primeiro – a via<br />
perimetral que tangencia em toda a sua extensão o cais do porto do Rio<br />
– será demolido e o tráfego desviado para um túnel subterrâneo, já em<br />
construção. Esta intervenção faz parte do projeto denominado “Porto<br />
Maravilha”, que pretende reintegrar à vida urbana uma vasta região<br />
degradada, com a criação de parques, museus e outros equipamentos<br />
de cultura e lazer. O segundo, o elevado Presidente Costa e Silva,<br />
conhecido como “minhocão”, não tem ainda seu futuro definido – mas<br />
tem sua vocação para o lazer testada nos fins de semana, em que o<br />
tráfego é suspenso e a via é aberta ao público, e em outras ocasiões<br />
em que eventos culturais diversos tomam parte no viaduto. Será o<br />
exemplo de sucesso da High Line uma boa inspiração para uma possível<br />
intervenção no elevado paulistano? (Por Carlos Fortes)<br />
The High Line<br />
Nova York, EUA<br />
Projeto de Iluminação: L’Observatoire International<br />
Hervé Descottes / Jason Neches / Annete Goderbauer /<br />
Jeff Beck / James Stewart<br />
Projeto de Arquitetura: Diller Scofidio + Renfro<br />
Paisagismo: Field Operations / Piet Oudolf<br />
Fotos: Emile Dubussion e Iwan Baan<br />
<strong>L+D</strong><br />
62<br />
Emile Dubussion Emile Dubussion<br />
Emile Dubussion<br />
CHELSEA MARKET PASSAGE<br />
Iluminação intensa, de cima para baixo, com<br />
lâmpadas fluorescentes aparentes em duas<br />
tonalidades de cor, contrasta com a sutileza<br />
da iluminação do percurso<br />
Iwan Baan<br />
<strong>L+D</strong><br />
63
projetos<br />
Revisita<br />
O restaurante ocupa um imóvel com projeto<br />
original de David Libeskind. A escada em granilite<br />
e o guarda-corpo originais foram preservados e<br />
destacados a partir do painel de madeira, que<br />
naturalmente “esquenta” a faixa de luz criada<br />
por Ana Spina<br />
<strong>L+D</strong><br />
64<br />
Uma reforma que tem como base uma residência dos<br />
anos 1950, de autoria de David Libeskind, já tem um bom começo.<br />
Libeskind foi um dos grandes arquitetos modernistas brasileiros<br />
do século 20, construindo uma obra ampla e coerente, como no seu<br />
projeto mais famoso, o Conjunto Nacional, em São Paulo.<br />
E dentro do atual momento de revalorização da arquitetura moderna<br />
no Brasil, estava dado o mote do projeto do restaurante Attimo:<br />
contemporâneo, mas valorizando esta raiz tanto do imóvel quanto<br />
do “esprit du temps”.<br />
Esta linha de apropriação crítica e original também é tema na sua<br />
cozinha, inspirada numa mistura das culinárias italiana e caipira.<br />
A alma do espaço é arejada e iluminada. O restaurante tem escala<br />
compacta, mas não intimista: é um lugar para ver e ser visto, com<br />
muito branco, muita transparência e amplitude.<br />
Ana Spina é a autora do lighting design do restaurante, que tem<br />
arquitetura de Naoki Otake.<br />
Ela comenta que o projeto buscou criar um ambiente vivo, animado,<br />
com uma iluminação sem dramaticidade, muito limpa.<br />
O restaurante tem um salão principal no térreo, cercado por todos<br />
os outros acontecimentos deste piso: perto da rua Diogo Jácome, um<br />
hall com pé-direito duplo e uma varanda com mesas sobre um espelho<br />
d’água; do lado da ruela lateral, mesas sob um pergolado de metal e<br />
<strong>L+D</strong><br />
65
No pé-direito duplo do restaurante, o grande<br />
destaque é o lustre da Dominici, dialogando com<br />
os diversos elementos de desenhos marcadamente<br />
geométricos do projeto<br />
O diálogo com a arquitetura moderna<br />
está presente em murais, painéis e<br />
referências aos mesmos em vidros<br />
e espelhos, marcando a releitura<br />
contemporânea proposta pelo projeto<br />
vidro, com o bar no meio e uma grande parede vazada de cogobós<br />
separando estes salões; do outro lado, a escada, remanescente da<br />
construção original, recebeu destaque com um painel de madeira<br />
ao fundo; e fechando essa volta, nos fundos, a cozinha aparente,<br />
com divisória de vidro.<br />
<strong>L+D</strong><br />
66<br />
No andar superior, temos a adega, um salão passível de divisão<br />
em até três salas menores, uma cozinha de eventos e os sanitários.<br />
A lighting designer destaca que “no salão superior, as luminárias<br />
<strong>L+D</strong><br />
67<br />
A iluminação responde com precisão a estes diversos cenários.<br />
fazem uma referência aos anos 1960”, dentro do espírito do projeto.<br />
Cada um dos “salões” tem uma solução específica.<br />
E elas foram paginadas também para permitir o uso no formato<br />
No salão principal, luminárias de embutir orientáveis com lâmpadas<br />
salão único, ou na divisão em salas menores.<br />
AR 70 50W, iluminam as mesas, com flexibilidade de layout.<br />
Definidas as soluções dos grandes ambientes de estar, os detalhes<br />
No pergolado metálico, há spots com lâmpadas Halopin 60W<br />
nos ambientes menores e nos móveis vão aparecendo. No pé-direito<br />
distribuidos pelas vigas.<br />
duplo, logo no acesso ao restaurante, o destaque é um belo lustre<br />
E no salão superior, embutidas redondas no frame de diversos<br />
da Dominici. Em geral, a iluminação no projeto está embutida ou<br />
tamanhos e em disposição orgânica, com lâmpadas incandescentes<br />
inserida na arquitetura, apenas a luz se faz presente; esta é a exceção,<br />
leitosas 40W.<br />
cumprindo uma função também decorativa.
No bar, em mármore branco, se destaca a iluminação com fitas de<br />
LEDs ocultas no balcão, que soltam o volume do bar e criam uma<br />
translucidez na pedra muito interessante.<br />
A escada foi um dos elementos mais preservados do projeto original:<br />
textura e guarda-corpo metálico foram mantidos, e destacada na<br />
arquitetura por meio de um painel ripado de madeira em toda a parede.<br />
Um rasgo de luz na base do painel de madeira, recebendo fitas de<br />
LEDs, completa o cenário onde os degraus em fulget engastados são<br />
protagonistas. O projeto utiliza muitos LEDs 3.000K, pensando em<br />
economia e manutenção, geralmente com gelatina para esquentar a<br />
cor. Mas no painel, a própria madeira cumpre este papel, esquentando<br />
o tom claro do LED, utilizado, então, sem gelatina. Completam a<br />
iluminação da escada alguns spots com lâmpadas halógenas AR<br />
111, 50W, no alto da parede de madeira, iluminando os patamares<br />
discretamente.<br />
Os sanitários tiveram como premissa evitar sensores de presença,<br />
que são muitas vezes desagradáveis ao usuário, e então buscou-se uma<br />
solução de consumo mínimo, que pudesse ficar permanentemente<br />
acesa. Utilizando somente LEDs e lâmpadas fluorescentes, a iluminação<br />
ficou abundante e os espaços muito bonitos. Para isso, contribuiu a<br />
bancada, o piso e a meia-parede em mármore branco, o frontão em<br />
pastilhas de vidro branco e a pintura também branca, tudo realçado<br />
pelo contraste gerado pelo painel escuro com relevos geométricos.<br />
Estes relevos e painéis geométricos configuram, inclusive, um dos mais<br />
fortes elementos de amarração do projeto com seu conceito, de leitura<br />
da arquitetura moderna brasileira. Eles aparecem no jardim da entrada<br />
em um painel azul e branco; no vidro serigrafado, que separa a cozinha<br />
do salão; no espelho do hall; nos banheiros em tom amadeirado; e,<br />
especialmente, no cogobó, o famoso tijolo vazado muito utilizado nos<br />
anos 1950 e 1960, um dos elementos mais marcantes do restaurante.<br />
O branco e as transparências dominam<br />
o salão/varanda no térreo. A iluminação<br />
do bar é um dos pontos de destaque,<br />
criando translucidez no mármore branco.<br />
O cogobó marca a separação desta área e<br />
do salão da casa, em mais uma referência<br />
à arquitetura moderna brasileira. Na<br />
página ao lado, embaixo: o salão modular<br />
tem luminárias redondas embutidas de<br />
diferentes tamanhos, que atendem ao<br />
ambiente integrado ou a cada ambiente<br />
compartimentado<br />
Ana destaca, inclusive, alguns dos detalhes e conceitos que na sua<br />
opinião diferenciam um projeto mais cuidadoso: o uso não só de<br />
iluminação vertical, pontual, mas também de elementos horizontais.<br />
No Attimo, eles estão presentes em sancas que definem circulações,<br />
no bar e no painel da escada.<br />
E outro elemento que define um projeto planejado é a função<br />
múltipla de algumas especificações. A iluminação do cortineiro é<br />
controlada independentemente na automação, pois ele cumpre<br />
também um papel de iluminação de fachada, reforçando o jogo de<br />
transparências filtradas do restaurante. (Por André Becker)<br />
<strong>L+D</strong><br />
68<br />
Attimo<br />
São Paulo, Brasil<br />
Projeto de Ilumincação: Ana Spina<br />
Projeto de Arquitetura: Naoki Otake<br />
Paisagismo: Gilberto Elkis<br />
Fornecedores: Lumini (luminárias e linhas de<br />
LED), Dominici (lustre), Osram (lâmpadas),<br />
Osram (reatores), Lutron/Lumini (automação)<br />
Fotos: Lufe Gomes<br />
<strong>L+D</strong><br />
69
projetos<br />
MACBA, Buenos Aires<br />
O novíssimo MACBA – Museu de Arte Contemporânea<br />
de Buenos Aires, Argentina, abriu recentemente suas portas para<br />
abrigar o acervo particular de arte geométrica do colecionador de<br />
<strong>L+D</strong><br />
70<br />
arte argentino Sr. Aldo Rubino. Sede de um vasto acervo de pintores<br />
e artistas argentinos e internacionais, como Rogelio Polesello, Julio Le<br />
<strong>L+D</strong><br />
71<br />
Parc, Alejandro Puente, Ary Brizzi, Victor Vasarely, Carlos Cruz Diez,<br />
iluminação natural zenital pelas fachadas norte e sul do museu. “Este<br />
Capiello, gerente geral da Erco na Argentina e o principal autor do<br />
incluindo os brasileiros Lothar Charoux, João José Costa da Silva e<br />
tipo de iluminação indireta é apropriada para espaços museológicos”,<br />
projeto luminotécnico. “Tal solução provou consumir aproximadamente<br />
Marcos Coelho Benjamim, entre muitos outros, o museu abriga, desde<br />
explica o arquiteto Marcelo Vila.<br />
cinco vezes mais energia elétrica do que a proposta adotada”, continua<br />
À esquerda, obra do artista americano<br />
setembro 2012, exposições temporárias de arte.<br />
O projeto final dos sistemas de iluminação das áreas expositivas do<br />
Edgardo.<br />
Sewell Sillman; ao centro, obra do<br />
Localizado junto ao edifício do MAMBA – Museu de Arte Moderna<br />
museu e das obras de arte das exposições inaugurais foi desenvolvido<br />
Inicialmente, o time da Erco desenvolveu dois esquemas para a<br />
artista canadense Guido Molinari e,<br />
de Buenos Aires, no Distrito das Artes, do bairro San Telmo, em Buenos<br />
pelos engenheiros do fabricante de equipamentos de iluminação alemão<br />
iluminação dos planos verticais dos pavimentos expositivos do museu.<br />
à direita, obra do artista americano<br />
Aires, o prédio foi projetado pelos arquitetos do escritório portenho<br />
Erco, em Buenos Aires. “Inicialmente, o projeto previa a iluminação<br />
Um esquema utilizando projetores para lâmpadas halógenas e outro<br />
Karl Stanley Benjamin; iluminadas pelo<br />
Estudio Vila Sebastian Arquitectos. Segundo eles, o edifício foi pensado<br />
dos pavimentos expositivos através de fitas de LED montadas para<br />
com projetores para lâmpadas LEDs, com reprodução de cor em<br />
projetor Erco Logotec LED 13W, Warm<br />
como uma caixa transparente, cujos pavimentos do subsolo recebem<br />
iluminação indireta”, explica o engenheiro e lighting designer Edgardo<br />
aproximadamente 95%, ambos montados em trilhos suspensos,<br />
White, com as lentes Erco Wallwasher
Nesta página: ao fundo da rampa de acesso,<br />
obra do artista argentino Kazuya Sakai. Na<br />
página ao lado, acima: trabalho do artista<br />
americano Kenneth Noland à direita; ao<br />
centro, composição do artista americano Leon<br />
Polk Smith, e, à esquerda, obra do artista<br />
russo Alexander Semeonovitch Liberman.<br />
Abaixo, ao fundo, obra da artista espanhola<br />
Rosa Brun. Todos os trabalhos iluminados<br />
com projetores com lentes Erco Wallwasher<br />
alinhados com a face inferior das vigas desses pavimentos. Com isso,<br />
Finalmente, comparados com a alternativa apresentada com projetores<br />
<strong>L+D</strong><br />
72<br />
foram criadas maquetes eletrônicas com cálculos luminotécnicos,<br />
possibilitando quantificar o consumo energético do esquema, os níveis<br />
para lâmpadas halógenas, os projetores equipados com lâmpadas LEDs<br />
têm menor consumo energético, maior vida útil e ausência de raios<br />
<strong>L+D</strong><br />
73<br />
de iluminância e o orçamento dos equipamentos.<br />
ultravioletas, fator tão importante em iluminação de obras de arte.<br />
Durante esta etapa, diversos testes foram feitos em obras de arte<br />
Os equipamentos escolhidos pelo time da Erco foram a linha de<br />
envolvendo as duas fontes de luz, juntamente com a presença de<br />
luminárias e projetores Logotec, para LEDs montados em trilhos<br />
iluminação natural refletida. “É interessante notar que a coleção de<br />
eletrificados. Cada projetor tem consumo energético de 13W e<br />
arte do Sr. Aldo Rubino é composta de diversas obras com composições<br />
potenciômetro para o controle de intensidade luminosa individual.<br />
cujas cores predominantes são tons azulados, o que faz com que o LED<br />
Diferente da linha Logotec para lâmpadas halógenas com refletores<br />
seja ideal para ressaltar tais cores, uma vez que a concentração de azuis<br />
para o controle de facho e ofuscamento, os projetores para LED têm<br />
em seu espectro luminoso é bem intensa, mesmo com temperatura<br />
controle óptico através das lentes de polímeros acopladas aos LEDs.<br />
de cor em 3.000K”, observa o engenheiro.<br />
Para a exposição de abertura, foram usados conjuntos de lentes tipo
Na página ao lado, vista do trabalho<br />
Mandala Rojo, do artista argentino Eduardo<br />
Mac Entyre. Abaixo, trabalho da artista<br />
argentina Graciela Hasper, iluminado com<br />
projetores para lentes Erco Wallwasher<br />
semiesféricas wall washers, colimadoras e lentes “spherolit” com facho<br />
concentrado. “Com o conjunto de lentes de facho assimétrico 50° x<br />
15°, por exemplo, foi possível iluminar uma obra retangular de grandes<br />
dimensões com somente um projetor”, comenta Edgardo.<br />
Os projetores ainda tem a flexibilidade de mudar seu conjunto<br />
óptico e, portanto, sua emissão de luz de acordo com a tipologia de<br />
iluminação e de obras de arte. “Um dos principais objetivos em sugerir<br />
este equipamento foi o conjunto de ferramentas que o sistema dispõe<br />
para atender, de maneira variada, tanto o partido arquitetônico quanto<br />
os objetos de arte expostos”, esclarece o engenheiro.<br />
Os trilhos eletrificados suspensos fornecidos possuem três canais<br />
de controles independentes, também conhecidos como trifásicos. No<br />
total, foram fornecidos 400m lineares de trilhos, distribuídos pelos<br />
quatro pavimentos expositivos. Segundo o time, a decisão de usar o<br />
equipamento visa também flexibilidade na composição dos elementos<br />
luminotécnicos.<br />
“Em nossa opinião, as melhores qualidades do projeto luminotécnico<br />
são a simplicidade e flexibilidade, pois em termos conceituais e práticos,<br />
nossa proposta acompanha a simplicidade do partido arquitetônico”,<br />
conclui Edgardo. (Por Orlando Marques)<br />
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA<br />
Buenos Aires, Argentina<br />
Projeto de Iluminação: Edgardo Cappiello / Erco Argentina<br />
Projeto de Arquitetura: Vila Sebastián Arquitectos<br />
Fornecedores: Erco (luminárias e trilhos)<br />
Fotos: Maria Emilia Cappiello<br />
<strong>L+D</strong><br />
74<br />
<strong>L+D</strong><br />
75
projetos<br />
Luzes de Recife<br />
<strong>L+D</strong><br />
76<br />
Inaugurado na década de 1980, o Shopping Recife<br />
ganhou uma quinta etapa em março de 2012. O projeto de iluminação<br />
da expansão criou seu conceito a partir da interpretação do projeto de<br />
arquitetura de autoria de Paulo Baruki. Neste novo espaço, o shopping<br />
passou a ter um pé-direito mais alto e lojas maiores de marcas exclusivas.<br />
O projeto de iluminação foi pensado em conjunto com o arquitetônico,<br />
a partir da apresentação do estudo preliminar. “O arquiteto mostrou-<br />
-se bastante aberto às propostas e também definiu conjuntamente o<br />
conceito da luz desejada para o espaço”, conta Cláudia Torres, lighting<br />
designer e coordenadora do projeto da Via Arquitetura Iluminação.<br />
A iluminação geral não é uniforme.<br />
Ela propôs variações para estimular o<br />
olhar a observar as vitrines das lojas<br />
A luz utilizada no novo espaço tem variações e estimula o olhar a<br />
observar as vitrines das lojas. “O olhar é convidado a percorrer, observar<br />
e descobrir ângulos e diferentes intensidades de maneira confortável,<br />
sem agredir a visão”, define Cláudia. A iluminação geral não é uniforme,<br />
apresentando valores de 300 lux nas circulações e com zonas mais<br />
iluminadas que chegam aos 500 ou 700 lux. Segundo a lighting designer,<br />
a temperatura de cor branco morno cria um contraste com a luz do<br />
dia e define uma ambiência mais suave e sofisticada. Foram utilizadas<br />
luminárias Interpam cilíndricas com controle antiofuscamento para<br />
lâmpada vapor metálico HCI PAR 30 (70W, 30°, 3.000K) e base cerâmica<br />
para fazer o recobrimento geral do shopping.<br />
O aproveitamento da luz natural também faz parte do projeto. No<br />
primeiro piso, a claraboia direciona a luz para um dos lados, onde estão<br />
localizados os painéis com temas da arquitetura da cidade de Recife.<br />
Cláudia explica que “a iluminação artificial busca o contraste, através<br />
de luz rasante de baixo para cima, que captura e valoriza o relevo das<br />
superfície através de lâmpadas de LED de foco fechado e temperatura<br />
de cor morna”.<br />
Luminárias especiais foram desenhadas exclusivamente para o<br />
empreendimento, realçando zonas de transição e ambiências mais<br />
iluminadas. Cilíndrícas em alumínio e pintura eletrostática na cor branca,<br />
com diâmetro de 60cm e acabamento sem moldura com superfície<br />
difusora convexa em polímero leitoso e foco central, utilizam quatro<br />
lâmpadas fluorescente compactas Dulux D Osram (26W, 3.000K) e<br />
lâmpada vapor metálico refletora HCI R PAR 30 (35W, 3.000K).<br />
<strong>L+D</strong><br />
77
O teto recebeu rasgos de luz acompanhando a linearidade do espaço<br />
ao longo dos vazios de pé-direito duplos, com uma iluminação indireta<br />
de temperatura de cor quente, com lâmpadas fluorescentes tubulares T5<br />
Osram (28W, 3.000K) nos rasgos para iluminação indireta, e lâmpadas<br />
vapor metálico refletoras de base cerâmcia HCI PAR 30 (35W, 3.000K)<br />
nas extremidades do rasgo de luz. Também foram utilizadas luminárias<br />
Interpam cilíndricas embutidas no forro, em alumínio, pintura eletrostática<br />
na cor branca, com controle antiofuscamento.<br />
A superfície interna de rebatimento das sancas foi pintada em outra<br />
tonalidade, de forma a enfatizar o efeito de uma luz mais saturada e<br />
levemente dourada. “Temos, então, iluminação indireta com as grandes<br />
linhas longitudinais, as linhas transversais, e pontos de luz direta que<br />
valorizam o relevo e a sombra e luz”, afirma Cláudia.<br />
Alguns inserts reproduzem detalhes da arquitetura da cidade do<br />
Recife, como desenhos de azulejos, trabalhos em cantaria ou desenhos<br />
de trabalhos de artistas e artesãos locais. Nestes pontos, a iluminação<br />
foi feita com lâmpadas de LED Brilia (7W, 3.000K). “A inserção destes<br />
elementos introduz no Shopping Recife o conceito de lugar, de particular,<br />
de pertencer à cidade, fazendo com que o visitante descubra estas<br />
relações”, acredita Cláudia.<br />
Do outro lado da coberta, oposta à claraboia, há uma sanca linear<br />
com luz suavemente azulada, obtida com lâmpadas fluorescentes<br />
tubulares T5 Osram (28W, 8.000K). Esta qualidade de iluminação<br />
remete à continuidade da visão da abóboda celeste, conferindo um<br />
recobrimento luminoso de grande efeito, com reflexos e cintilamentos<br />
obtidos pelos espelhos instalados nas vigas transversais do espaço.<br />
Foram utilizadas, também, lâmpadas Osram vapor metálico bilateral<br />
Uma sanca linear com luz suavemente azulada<br />
(fluorescentes T5, 28W, 8.000K) trabalha em<br />
conjunto com vigas espelhadas, buscando<br />
um efeito de continuidade<br />
HCI-TS (70W, 3.000K) em luminárias Interpam Arandelas em alumínio,<br />
com pintura eletrostática na cor branca, iluminação direta e indireta<br />
com difusor em vidro jateado.<br />
Na parte externa do shopping ,foram utilizadas lâmpadas de vapor metálico<br />
refletora Osram HCI-R (70W, 3.000K) em luminárias Interpam cilíndricas<br />
de sobrepor especial, com fixação lateral e controle antiofuscamento,<br />
além das peças de sobrepor que marcam todos os acessos ao shopping:<br />
luminária especial de sobrepor cilíndríca em alumínio e pintura eletrostática<br />
na cor branca, com diâmetro de 60cm e acabamento no frame, com<br />
superfície difusora convexa em polímero leitoso e foco central com quatro<br />
lâmpadas fluorescente compactas Dulux D OSRAM (26W, 3.000K) e<br />
lâmpada vapor metálico refletora HCI R PAR 30 (35W, 3.000K).<br />
O projeto procurou ser sustentável ao optar por fontes de luz eficientes,<br />
evitando o desperdício ao promover níveis de iluminação adequados e<br />
sistemas de controle que permitam o acionamento de luminárias próximas<br />
à entrada da luz natural. “Como em todo trabalho de iluminação, o<br />
primeiro grande desafio é compreender a arquitetura e interpretá-la<br />
com a iluminação, de forma que esta seja parte do projeto e não um<br />
aposto ou adorno. A luz é parte da arquitetura”, finaliza Cláudia. (Por<br />
Fernanda de Almeida)<br />
Detalhes que remetem à cultura de<br />
Recife permeiam o shopping e são<br />
destacados pela iluminação<br />
<strong>L+D</strong><br />
78<br />
<strong>L+D</strong><br />
79<br />
Shopping Recife<br />
Recife, Brasil<br />
Projeto de Iluminação: Cláudia Torres / Via Arquitetura<br />
Iluminação e Design Ltda.<br />
Projeto de Arquitetura: Paulo Baruki / Paulo Baruki<br />
Arquitetura<br />
Fornecedores: Philipps, Osram, Brilia e Interpam<br />
Fotos: Marcelo Marona
projetos<br />
Transparências<br />
cosmopolitas<br />
O grande pano de vidro no fundo da recém-inaugurada<br />
loja da Ellus no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, cria uma forte<br />
conexão com a cidade. Elemento incomum nos shoppings, a abertura<br />
da loja para a cidade cria uma bela contradição entre o simulacro<br />
dos shoppings centers e uma relação direta com o espaço e o tempo.<br />
Dentro da loja, estamos sempre conectados com a percepção da<br />
passagem do tempo e da realidade climática do ambiente exterior.<br />
Outras lojas no mesmo shopping também se atrevem a criar<br />
aberturas para a vista externa, mas com mais comedimento. Mais<br />
radical na abertura do vão, a loja da Ellus apresenta características<br />
de galpão, deixando todas as instalações do teto visíveis. A instalação<br />
dos equipamentos de luz acompanha este partido criando um grid-<br />
-esqueleto onde estão dispostas as luminárias.<br />
O projeto arquitetônico de Renato Tavolaro para a primeira loja da<br />
Ellus, inaugurada em 2009 no mesmo shopping, já trazia os elementos<br />
que na nova loja estão presentes. O conceito principal de loja-galpão<br />
traz elementos como o layout flexível de mesas, araras e displays de<br />
objetos; arquitetura nua, com todos os elementos aparentes e com<br />
sas funções reveladas; utilização dos materiais em sua cor natural;<br />
e certo despojamento.<br />
<strong>L+D</strong><br />
80<br />
<strong>L+D</strong><br />
81<br />
A máxima abertura do pano de vidro<br />
incorpora a cena da cidade no visual<br />
da loja. A entrada de luz natural agrega<br />
percepções de espaço e tempo para o<br />
visitante
No que diz respeito à instalação física da iluminação, a luz assume<br />
mais o seu caráter de instalação do que de decoração. Para isso, o<br />
designer Carlos Fortes projetou uma infraestrutura que acompanha<br />
o partido da arquitetura. Ele optou por agregar os elementos –trilhos<br />
eletrificados e projetores – como mais um item aparente no teto da<br />
loja, a partir da criação de um grid modular pintado de preto. Dessa<br />
forma, organizou os elementos de iluminação em uma espécie de<br />
esqueleto estrutural, localizado abaixo das demais instalações, o que<br />
permitiu total liberdade de posicionamento e de direcionamento dos<br />
projetores instalados.<br />
Além de estruturar os trilhos eletrificados e suportar os refletores<br />
em seu leito inferior, o grid também comporta e organiza outros<br />
Loja Ellus – Shopping Cidade Jardim<br />
São Paulo, Brasil<br />
Projeto de Iluminação: Estudio Carlos Fortes<br />
Arquitetura de Interiores: Renato Tavolaro<br />
Fornecedores: Lumini (luminárias, trilhos<br />
eletrificados e LEDs)<br />
Fotos: Andrés Otero<br />
tipos de instalações que correm no leito superior. Esse sistema foi<br />
criado e detalhado pela equipe de Carlos Fortes e executado pela<br />
construtora responsável pela obra.<br />
Ainda acompanhando o tom contemporâneo do projeto e tendo<br />
como objeto principal o usuário, a luz criada constrói estruturas<br />
mais sutis em uma camada sobre a arquitetura. Uma característica<br />
importante do projeto é a utilização de LEDs com temperatura de cor<br />
de 3.000K e intensidade compatível com a necessidade do projeto.<br />
Segundo Carlos Fortes, a tonalidade mais quente, amarelada, é mais<br />
associada a ambientes intimistas, confortáveis e sofisticados.<br />
A frieza das superfícies de concreto aparente, estruturas metálicas<br />
grafiti e cimento queimado cinza, que dominam a arquitetura da loja-<br />
-galpão, é atenuada pela luz mais sutil que incide sobre os tecidos<br />
das roupas e objetos. O único painel branco da loja é destacado com<br />
uma luz lavada em LEDs de 3.000K.<br />
Duas prateleiras no fundo da loja, uma de cada lado, ganham nova<br />
profundidade com a luz linear assimétrica que incide sobre o fundo,<br />
delineando de forma delicada os objetos expostos. Tais objetos se<br />
destacam da silhueta criada través de pontos de microLEDs embutidos<br />
a pino nas prateleiras.<br />
Para a luz disposta no grid, foram utilizados projetores Giro da<br />
Lumini, os mesmos projetados para a primeira loja. Entretanto, as<br />
lâmpadas CDM-PAR 30, 35W, 30º de abertura escolhidas para a<br />
loja anterior foram substituídas por LEDs de 24W e mesmo grau<br />
de abertura, o que representa 30% de economia de consumo com<br />
energia elétrica.<br />
Segundo o autor do projeto, a opção pela tecnologia LED representa<br />
uma evolução do projeto e do conceito desenvolvido em 2009,<br />
quando ainda havia certa dificuldade em implantar projetos 100%<br />
LED com esse perfil. “Hoje, essa dificuldade é transponível com os<br />
LEDs de alta qualidade disponíveis no mercado”, resume Fortes. (Por<br />
Fernanda Carvalho)<br />
Ao lado, prateleiras com fundo iluminado<br />
dão mais destaque aos produtos expostos;<br />
abaixo, os acabamentos em tons naturais,<br />
como o cimento queimado e o grafiti<br />
dos caixilhos de ferro conferem tom<br />
contemporêneo para a loja-galpão<br />
O grid posicionado abaixo das demais instalações<br />
permite liberdade de direcionamento dos focos,<br />
que acompanham o layout flexível da loja. Os<br />
projetores fixados no grid usam tecnologia LED<br />
e temperatura de cor de 3.000K, escolhida por<br />
trazer conforto e sofisticação<br />
<strong>L+D</strong><br />
82<br />
<strong>L+D</strong><br />
83
projetos<br />
igreja da<br />
santíssima<br />
trindade<br />
<strong>L+D</strong><br />
84<br />
O projeto de iluminação do Santuário de Fátima<br />
– Igreja da Santíssima Trindade (Fátima, Portugal), desenvolvido pela<br />
equipe da Greenwatt, teve como principal premissa a integração entre a<br />
iluminação artificial, iluminação natural e o sistema de painéis fotovoltaicos<br />
de captação de energia solar. Esta integração objetiva a otimização<br />
do consumo de energia, combinando sistemas de iluminação com<br />
lâmpadas a vapor metálico e lâmpadas halógenas dimerizáveis, que se<br />
complementam. A generosa utilização de luz natural tem por princípio,<br />
além do aproveitamento dos recursos naturais de iluminação, o conforto<br />
e o bem-estar dos usuários.<br />
LUZ FILTRADA E CONTROLADA<br />
A nave da igreja, projetada pelo escritório de arquitetura Meletitiki-<br />
Alexandros N. Tombazis and Associates Architects, tem aproximadamente<br />
110m de diâmetro e capacidade para 10.000 pessoas. Ambos os sistemas<br />
de iluminação – natural e artificial – foram concebidos como sistemas<br />
de iluminação indireta e difusa. A cobertura da nave – um grande shed<br />
– permite a entrada de iluminação natural na face norte. A entrada<br />
de luz, no entanto, não penetra diretamente no interior da igreja.<br />
As faces verticais dos sheds recebem uma caixilharia dupla de vidro,<br />
que tem em seu interior um sistema de aletas móveis de alumínio, que<br />
controla a intensidade da luz natural e a direciona para a face inferior<br />
inclinada dos sheds, num sistema de iluminação indireta.<br />
O posicionamento das aletas é comandado por um sistema<br />
computadorizado, que controla sua inclinação em função da relação<br />
entre a intensidade da luz no interior e no exterior do edifício (DF –<br />
daylight fator). Assim, a quantidade de luz é variável em função das<br />
necessidades, podendo-se prever diferentes cenários.<br />
A circulação e o presbitério<br />
recebem iluminação de<br />
direcionamento e destaque<br />
<strong>L+D</strong><br />
85
Nas faces inclinadas da cobertura, lâminas refletoras de alumínio<br />
redirecionam a luz. Sob esses sheds, foram tensionadas telas difusas,<br />
que filtram a luz indireta, proporcionando uma iluminação difusa e<br />
homogênea. Na cobertura, foram instalados 2.312 painéis fotovoltaicos<br />
com 28% de inclinação. Os painéis têm capacidade de produção de<br />
506.845 MWh/ano.<br />
No sentido anti-horário: os mais de 2 mil<br />
painéis solares nos sheds da cobertura;<br />
iluminação artificial nos sheds. Nas demais<br />
fotos, detalhes do santuário<br />
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL<br />
O mesmo conceito é adotado em relação ao sistema de iluminação<br />
artificial. Para se garantir o controle das intensidades e a possibilidade<br />
de se trabalhar com diferentes cenas, foram combinados dois sistemas.<br />
O primeiro utiliza lâmpadas de vapor metálico de 150W/3.000K. Foram<br />
instalados projetores de facho assimétrico, que direcionam a luz para o<br />
plano inclinado dos sheds. Este sistema foi dimensionado para 110 lux.<br />
Um segundo conjunto de projetores assimétricos, posicionados de<br />
forma análoga, utiliza lâmpadas halógenas de 400W e proporciona<br />
igualmente 110 lux de iluminância média – podendo ser dimerizados<br />
de 0 a 100%.<br />
O presbitério e a circulação central, por sua vez, têm um sistema<br />
independente de iluminação cênica, que também combina lâmpadas<br />
halógenas e de vapor metálico, podendo chegar a níveis máximos de<br />
1.300 lux para valorizar elementos específicos. (Por Carlos Fortes)<br />
<strong>L+D</strong><br />
86<br />
Igreja da santíssima Trindade<br />
Santuário de Fátima<br />
Fátima, Portugal<br />
Projeto de Iluminação: Fernando Silva Gusmão / Greenwatt<br />
Projeto de Arquitetura: Meletitiki-Alexandros N. Tombazis<br />
and Associate Architects<br />
Fornecedores: Erco, Omnicel, Siteco, Siemens, Iguzzini,<br />
Osvaldo Matos<br />
Fotos: Greenwatt<br />
<strong>L+D</strong><br />
87
Produtos<br />
SPIRO<br />
LZF<br />
A designer Remedios Simon desenhou a luminária Spiro para a LZF.<br />
O conceito de sua estrutura tridimensional, feita a mão com um novo<br />
processo de modelagem do Polywood - lâmina de madeira utilizada<br />
pela LZF em seus produtos – tem inspiração nas clássicas treliças<br />
ornamentais. A Spiro está disponível em diversas cores, como madeira<br />
natural, branca, amarela e vermelha, e em dois diâmetros: 75 e 96 cm<br />
(a altura é de 15 cm). Utiliza 4 ou 6 fluorescentes T5 de 24W.<br />
www.lzf-lamps.com<br />
vinte2<br />
LUMINI<br />
A linha de luminárias vinte2, já publicada em sua versão de mesa<br />
na <strong>L+D</strong>, ganha agora sua versão pendente. Desenhada por Fernando<br />
Prado em comemoração aos 90 anos da Semana de Arte Moderna,<br />
foi inspirada nos conceitos do movimento que marcou o início do<br />
modernismo brasileiro. Produzida em alumínio e madeira freijó, a<br />
versão pendente traz a versatilidade sempre presente nos projetos do<br />
designer. Um sistema de regulagem permite posicionar a cúpula na<br />
altura desejada, proporcionando interação entre a peça e o usuário<br />
www.lumini.com.br<br />
LUNA<br />
IMOON<br />
Recém chegada no Brasil e com distribuição exclusiva da Onlight, a<br />
marca italiana Imoon é especializada em produtos de alta tecnologia<br />
para o setor de alimentação. A família Luna propõe uma linha com<br />
embutidos fixos ou ajustáveis, spots e pendentes baseados em três LEDs<br />
de alta performance em cada unidade, arranjados de modos distintos<br />
para atender com grande flexibilidade uma ampla gama de usos.<br />
www.imoon.it<br />
No Brasil: Onlight<br />
T: (11) 3081 3282<br />
www.onlight.com.br<br />
Akila<br />
SHRÉDER<br />
A Schréder do Brasil lançou a linha Akila, modular em tamanho e<br />
fluxo, para iluminação urbana. Ciclovias, avenidas, parques e fachadas<br />
são alguns dos usos que a linha atende. Sua modulação permite de<br />
48 a 288 LEDs por luminária, e de 6.000 a 40.000 lumens, dando<br />
flexibilidade para usos tanto em áreas de pedestres como em grandes<br />
avenidas e estradas.<br />
www.scrheder.com.br<br />
<strong>L+D</strong><br />
88<br />
<strong>L+D</strong><br />
89<br />
Divulgação
PARA SABER MAIS<br />
Ana Spina<br />
Eric Staller<br />
GreenWatt<br />
Studio Iluz<br />
T: 55 11 3045 4431<br />
T: + 19 <strong>41</strong>5 202 4345<br />
T: 55 11 3021 5807<br />
T: 55 21 2267 8402<br />
www.anaspina.com.br<br />
www.ericstaller.com<br />
www.greenwatt.com.br<br />
www.studioiluz.com.br<br />
Erco Iluminación<br />
Estúdio Carlos Fortes<br />
L’Observatoire International<br />
Via Arquitetura Iluminação e<br />
T: +54 11 4313 1400<br />
T: 55 11 3064 <strong>41</strong>94<br />
T: +19 212 255 8346<br />
Design<br />
www.erco.com<br />
www.estudiocarlosfortes.com<br />
www.lobsintl.com<br />
T: 81 3421 1023<br />
www.viarquitetura.com.br<br />
PATROCINADORES<br />
Avant<br />
Iluminar<br />
Lumini<br />
Stella design<br />
T: (11) 2085 0093<br />
T: (31) 3284 0000<br />
T: (11) 3437 5555<br />
T: (51) 3529.7044<br />
www.avantsp.com.br<br />
www.iluminar.com.br<br />
www.lumini.com.br<br />
www.stelladesign.com.br<br />
página 45<br />
2ª capa<br />
páginas 52 e 53 e 4ª capa<br />
página 31<br />
Brilia Advanced Lighting<br />
Inside<br />
Lutron<br />
Steluti<br />
T: (11) 2365 0665<br />
T: (11) 4746 1352<br />
www.lutron.com/latinamerica<br />
T: (11) 3079 7339<br />
www.brilia.com.br<br />
www.inside.ind.br<br />
página 23<br />
www.steluti.com.br<br />
página <strong>41</strong><br />
página 35<br />
página 47<br />
E:Light<br />
Interpam<br />
Mantra<br />
Stillux<br />
T: (11) 3062.7525<br />
T: (31)3448 1200<br />
T: (<strong>41</strong>) 3026 8081<br />
T: (11) 4616 7744<br />
páginas 6 e 7<br />
www.interpam.com.br<br />
www.mantraco.org<br />
www.stillux.com.br<br />
páginas 12 e 13<br />
páginas 24 e 25<br />
página 48<br />
Erco<br />
Itaim Iluminação<br />
Omega Light<br />
Trancil<br />
T: 11 9216-7134<br />
T: (11) 4785 1010<br />
T: (11) 5034 1233<br />
T: 0800 979 9030<br />
www.erco.com<br />
www.itaimiluminacao.com.br<br />
www.omegalight.com.br<br />
www.trancil.com.br<br />
páginas 4 e 5<br />
3ª capa<br />
página 17<br />
página 39<br />
Ever Light<br />
Light Design<br />
Onlight<br />
Trust<br />
T: (31) 2566 8963<br />
T: (81) 3339 1654<br />
T: (11) 3081 3282<br />
T: (11) 4506-9100<br />
www.everlight.com.br<br />
www.lightdesign.com.br<br />
www.onlight.com.br<br />
www.trustiluminacao.com.br<br />
<strong>L+D</strong><br />
90<br />
páginas 8 e 9<br />
páginas 18 e 19<br />
página 15<br />
página 10 e 11<br />
GE Iluminação<br />
Lumicenter<br />
Osram<br />
T: 0800 595 6565 e 4001 6565<br />
T: (<strong>41</strong>) 2103 2750<br />
T: 0800 55 7084<br />
www.geiluminacao.com.br<br />
www.lumicenter.com.br<br />
www.osram.com.br<br />
página 37<br />
páginas 20 e 21<br />
página 27<br />
IHC Technologies<br />
Luminárias Projeto<br />
Philips Iluminação<br />
T: (11) 2769 0256<br />
T: (11) 2946 8200<br />
T: (11) 2125 0588<br />
www.ihclub.com.br<br />
www.luminariasprojeto.com.br<br />
www.philips.com.br/lighting<br />
página 29<br />
página 43<br />
página 33