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Meditações - PSB

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14. Quando conheceres alguém, seja quem for, começa logo por te perguntar,Quais são as suas opiniões sobre a bondade ou maldade das coisas? Porque,assim, se os seus pontos de vista sobre o prazer e a dor e as suas causas, ousobre a boa ou má reputação, ou sobre a vida e a morte são de um determinadotipo, não ficarei surpreendido ou escandalizado, por achar que os seus actosestão em consonância com aqueles; direi a mim mesmo que ele não temalternativa.15. Ninguém fica surpreendido quando uma figueira dá figos. Do mesmo modo,devemos ficar envergonhados do nosso espanto quando o mundo produz a suacolheita de acontecimentos. Um médico ou um mestre de navio corariam seficassem surpreendidos com um doente com febre ou com um vento contrário.16. Mudar de ideias e adiar para corrigir não é sacrificar a tua independência;porque tal atitude é só tua, na busca dos teus próprios impulsos, dos teuspróprios juízos e da tua própria maneira de pensar.17. Se a escolha é tua, porquê proceder assim? Se é de outrem, quem vais tuculpar? Os deuses? Os átomos? Em ambos os casos seria loucura. Todos ospensamentos de culpa estão deslocados. Se puderes, corrige o transgressor;senão, corrige a transgressão; se também isto é impossível, para quêrecriminar? Tudo o que não tem sentido não vale a pena.18. Aquilo que morre não abandona o mundo. Fica aqui, e aqui também sealtera e se transforma, decompondo-se nas suas várias partículas; isto é, noselementos que vão formar o universo e tu próprio. Da mesma maneira, elespróprios sofrem alterações, e, contudo, deles não nos chega qualquer queixa.19. Tudo — um cavalo, uma videira — é criado para um determinado fim. E istonão é de admirar: mesmo o sol dourado te dirá, «Estou aqui para cumprir umatarefa», tal como todos os outros habitantes do céu. Qual a tarefa, pois, para quefoste criado? Para o prazer? Um tal pensamento será tolerável?20. A natureza tem sempre um objectivo em vista; e este objectivo inclui tanto ofim da coisa como o seu princípio e duração. Ela é como o atirador da bola. Abola, em si mesma, fica melhor em resultado do seu voo? E fica pior quandovem a descer, ou quando fica cá em baixo, depois da queda? O que é que umabola de sabão ganha por se manter, ou perde por rebentar? Isto também éverdadeiro em relação a uma vela.21. Vira este corpo mortal do avesso e repara no aspecto que ele tem. Vê comoele fica com a idade ou com a doença ou com a decrepitude. Que fugazes sãoas vidas, tanto a daquele que elogia, como a do que é elogiado; a daquele querecorda e a do recordado; que pequenos, os seus cantinhos nesta zona terrestre— e mesmo aí, eles não estão em paz uns com os outros. Não, a terra inteiranão é, ela própria, mais do que o mais insignificante dos pontos.— 89 —

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