Meditações - PSB
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LIVRO 71. O que é o mal? Uma coisa que tu já viste vezes sem conta. E, tal como emrelação a todos os outros tipos de ocorrências, lembra-te de pronto que istotambém já tu testemunhaste muitas vezes. Porque em toda a parte, em cima eem baixo, tu não vais encontrar nada senão sempre as mesmas coisas; elasenchem as páginas de toda a história, antiga, moderna e contemporânea; eenchem as nossas cidades e os nossos lares hoje. A novidade é coisa que nãoexiste; tudo é tão trivial quanto transitório.2. Os princípios só podem perder a sua vitalidade quando as primeirasimpressões de que derivam já mergulharam na extinção; e compete-te a ti atiçaro fogo de modo a fornecer-lhe continuamente uma chama renovada. Eu souperfeitamente capaz de formar a impressão certa de uma coisa; e dada estacapacidade, não preciso de me inquietar. (Quanto às coisas que estão para alémdo meu entendimento, elas não dizem respeito ao meu entendimento.) Uma vezaprendido isto, continuas de pé. Uma nova vida está ao teu alcance. Só tens dever as coisas, uma vez mais, à luz da tua primeira e mais antiga visão, e a vidacomeça de novo.3. Um palco ambulante vazio; uma peça de teatro; rebanhos de ovelhas;manadas de gado; uma luta de lanceiros; um osso agitado no meio de um montede cachorros; uma migalha atirada para dentro de um lago de peixes; formigascarregadas e a trabalhar; ratos amedrontados em correria; marionetas asacudirem-se nos seus cordéis — isto é a vida. No meio de tudo isto, tu devestomar o teu lugar, com boa disposição e sem desdém, mas consciente de queum homem não vale mais do que as suas ambições.4. Numa conversa, repara bem no que está a ser dito, e, quando chega a acção,no que está a ser feito. Neste último caso, vai logo ver qual o objectivo proposto;e no outro, certifica-te daquilo que se quer dizer.5. Está o meu entendimento à altura da minha tarefa, ou não? Se está, aplico-oao trabalho como ferramenta oferecida pela natureza. Se não, ou abro caminho— se a função o permitir — a alguém mais capaz de realizar a tarefa, ou faço omelhor que posso com a ajuda de um assistente que tirará partido da minhainspiração para realizar o que é oportuno e útil para a comunidade. Porque tudoaquilo que eu faço, sozinho ou com outra pessoa, tem de ter como objectivoúnico o serviço e a harmonia de todos.6. Quantos daqueles a quem se cantaram louvores tão altissonantes estão járelegados para o esquecimento; e quantos dos cantores, eles próprios, jádesapareceram da nossa vista!— 77 —
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LIVRO 71. O que é o mal? Uma coisa que tu já viste vezes sem conta. E, tal como emrelação a todos os outros tipos de ocorrências, lembra-te de pronto que istotambém já tu testemunhaste muitas vezes. Porque em toda a parte, em cima eem baixo, tu não vais encontrar nada senão sempre as mesmas coisas; elasenchem as páginas de toda a história, antiga, moderna e contemporânea; eenchem as nossas cidades e os nossos lares hoje. A novidade é coisa que nãoexiste; tudo é tão trivial quanto transitório.2. Os princípios só podem perder a sua vitalidade quando as primeirasimpressões de que derivam já mergulharam na extinção; e compete-te a ti atiçaro fogo de modo a fornecer-lhe continuamente uma chama renovada. Eu souperfeitamente capaz de formar a impressão certa de uma coisa; e dada estacapacidade, não preciso de me inquietar. (Quanto às coisas que estão para alémdo meu entendimento, elas não dizem respeito ao meu entendimento.) Uma vezaprendido isto, continuas de pé. Uma nova vida está ao teu alcance. Só tens dever as coisas, uma vez mais, à luz da tua primeira e mais antiga visão, e a vidacomeça de novo.3. Um palco ambulante vazio; uma peça de teatro; rebanhos de ovelhas;manadas de gado; uma luta de lanceiros; um osso agitado no meio de um montede cachorros; uma migalha atirada para dentro de um lago de peixes; formigascarregadas e a trabalhar; ratos amedrontados em correria; marionetas asacudirem-se nos seus cordéis — isto é a vida. No meio de tudo isto, tu devestomar o teu lugar, com boa disposição e sem desdém, mas consciente de queum homem não vale mais do que as suas ambições.4. Numa conversa, repara bem no que está a ser dito, e, quando chega a acção,no que está a ser feito. Neste último caso, vai logo ver qual o objectivo proposto;e no outro, certifica-te daquilo que se quer dizer.5. Está o meu entendimento à altura da minha tarefa, ou não? Se está, aplico-oao trabalho como ferramenta oferecida pela natureza. Se não, ou abro caminho— se a função o permitir — a alguém mais capaz de realizar a tarefa, ou faço omelhor que posso com a ajuda de um assistente que tirará partido da minhainspiração para realizar o que é oportuno e útil para a comunidade. Porque tudoaquilo que eu faço, sozinho ou com outra pessoa, tem de ter como objectivoúnico o serviço e a harmonia de todos.6. Quantos daqueles a quem se cantaram louvores tão altissonantes estão járelegados para o esquecimento; e quantos dos cantores, eles próprios, jádesapareceram da nossa vista!— 77 —