Meditações - PSB

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21.07.2015 Views

consequentemente, o que é bom para estas comunidades é o único bem paramim.45. Tudo o que acontece ao indivíduo é para bem do todo. Isto é, só por si,garantia suficiente para nós; mas se olhares com atenção verás também que,em geral, o que é bom para um homem é também bom para os seussemelhantes. (Mas “bom” deve ser aqui tomado no sentido mais popular,incluindo as coisas que são moralmente indiferentes.)46. Tal como os espectáculos no circo, ou de outros locais de diversão, noscansam com a sua perpétua repetição das mesmas coisas numa monotonia quetorna o espectáculo enfadonho, também o mesmo se passa com toda aexperiência da vida: na nossa caminhada para cima e para baixo todas as coisasacabam por ser sempre o mesmo — causas e efeitos por igual. Então quantotempo…?47. Pondera com frequência no teu espírito a enorme quantidade de mortos detodas as classes e nações, mesmo até Filistion, Febo e Origanio. 43 Destesúltimos, deixa que os teus pensamentos passem para as hordas de outros;pensa como devemos seguir daqui, donde tantos oradores já se foram, tantosveneráveis sábios — Heráclito, Pitágoras, Sócrates — os heróis de outrostempos, os capitães e os reis de tempos posteriores, e com eles Endoxo,Hipparco, Arquimedes e muitos outros; espíritos penetrantes, sublimes, homensinfatigáveis, cheios de recursos e decididos; também aqueles que gracejaramcom a transitoriedade e brevidade desta vida mortal, como Menippo e os da suaescola. Medita muitas vezes sobre estes homens há muito desaparecidos. Comoé que eles, digam-me, sofrem agora — mais especialmente aqueles cujospróprios nomes foram esquecidos? Nesta vida só uma coisa é preciosa: viver osnossos dias em verdade e em justiça, e em caridade, mesmo para com os falsose os injustos.48. Quando te apetecer um tónico para te animar, pensa nas boas qualidadesdos teus amigos: a capacidade de um, a modéstia doutro, a generosidade de umterceiro, e por aí fora. Não há remédio mais seguro para o desânimo do que veros exemplos das diferentes virtudes que os caracteres daqueles que nosrodeiam, tão claramente patenteiam. Mantém-nos bem diante dos olhos.49. Aborrece-te o facto de pesares só uns tantos quilos em vez de oitenta?Porquê, então, afligirmo-nos por viver só uns tantos anos e não mais? Uma vezque estás satisfeito com a medida da substância que te foi concedida, faz omesmo em relação à medida do tempo.50. Tenta convencer os homens pela persuasão, mas age contra a sua vontadese os princípios da justiça assim mandarem. E se alguém usar da força para teimpedir, segue uma via diferente; deves resignar-te sem angústia e transformaro obstáculo numa oportunidade para o exercício de outra virtude. Lembra-te de— 74 —

que a tua tentativa esteve sempre sujeita a reservas; tu não estavas a apontarpara o impossível. Então para quê? Simplesmente para a tentativa, ela própria.Nisto conseguiste; e com isso atingiste o objectivo da tua existência.51. O homem de ambição pensa encontrar o seu bem nas actuações dosoutros; o homem do prazer nas suas próprias sensações; mas o homem decompreensão, nas suas acções.52. Tu não és obrigado a formar um opinião sobre este assunto que tens pelafrente, nem a perturbar a tua paz de espírito. As coisas em si mesmas não têm opoder de te arrancar um veredicto.53. Habitua-te a prestar muita atenção ao que os outros dizem, e tenta o maispossível entrar no espírito de quem fala.54. O que não é bom para a colmeia, também não o é para a abelha.55. Se a tripulação resolveu caluniar o seu timoneiro, ou os doentes, o seumédico, haverá mais alguém a quem eles dêem ouvidos em seu lugar; e como éque esse outro seria capaz de garantir a segurança dos marinheiros, ou a saúdedos doentes?56. Quantos daqueles que vieram ao mundo comigo não o deixaram já!57. A um homem com icterícia, o mel parece amargo; a alguém mordido por umcão raivoso, a água causa horror; para as crianças, uma bola é um tesourovalioso. Então por que cedo eu à cólera? Porque, poder-se-á supor que opensamento errado de um homem tem menos efeito sobre ele do que a bílis naicterícia ou o vírus na hidrofobia?58. Ninguém te pode impedir de viver de acordo com as leis da tua naturezapessoal, e nada te pode acontecer que vá contra as leis da Natureza-Mundo.59. Que tristes criaturas são os homens a quem o povo procura agradar! Quetristes fins eles perseguem, e por que tristes meios! Que depressa o tempoapagará todas as coisas! Quantas não apagou ele mesmo agora!— 75 —

que a tua tentativa esteve sempre sujeita a reservas; tu não estavas a apontarpara o impossível. Então para quê? Simplesmente para a tentativa, ela própria.Nisto conseguiste; e com isso atingiste o objectivo da tua existência.51. O homem de ambição pensa encontrar o seu bem nas actuações dosoutros; o homem do prazer nas suas próprias sensações; mas o homem decompreensão, nas suas acções.52. Tu não és obrigado a formar um opinião sobre este assunto que tens pelafrente, nem a perturbar a tua paz de espírito. As coisas em si mesmas não têm opoder de te arrancar um veredicto.53. Habitua-te a prestar muita atenção ao que os outros dizem, e tenta o maispossível entrar no espírito de quem fala.54. O que não é bom para a colmeia, também não o é para a abelha.55. Se a tripulação resolveu caluniar o seu timoneiro, ou os doentes, o seumédico, haverá mais alguém a quem eles dêem ouvidos em seu lugar; e como éque esse outro seria capaz de garantir a segurança dos marinheiros, ou a saúdedos doentes?56. Quantos daqueles que vieram ao mundo comigo não o deixaram já!57. A um homem com icterícia, o mel parece amargo; a alguém mordido por umcão raivoso, a água causa horror; para as crianças, uma bola é um tesourovalioso. Então por que cedo eu à cólera? Porque, poder-se-á supor que opensamento errado de um homem tem menos efeito sobre ele do que a bílis naicterícia ou o vírus na hidrofobia?58. Ninguém te pode impedir de viver de acordo com as leis da tua naturezapessoal, e nada te pode acontecer que vá contra as leis da Natureza-Mundo.59. Que tristes criaturas são os homens a quem o povo procura agradar! Quetristes fins eles perseguem, e por que tristes meios! Que depressa o tempoapagará todas as coisas! Quantas não apagou ele mesmo agora!— 75 —

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