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Meditações - PSB

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sempre em ciclos repetidos». Lembra-te também do seu «viajante esquecido dosítio onde o seu caminho o leva», do seu «homens sempre em desacordo com asua companheira mais próxima» (a Razão controladora do Universo) e do seu«embora eles deparem com isto a cada passo, continuam a achá-lo estranho». Eainda, «nós não podemos agir ou falar como homens adormecidos», (porque, defacto, os homens durante o sono imaginam-se a agir e a falar), «nem comocrianças às ordens dos pais»; isto é, em obediência cega às máximastradicionais.47. Se um deus te dissesse, «Amanhã ou, quando muito, depois de amanhã,morrerás», tu não ficarias muito interessado em saber, a não ser que sejas omais abjecto dos homens, se isso seria no dia seguinte ou no outro — porque,qual é a diferença? Da mesma maneira, não consideres de muita importânciasaber se isso será daqui a muitos anos ou já amanhã.48. Lembra-te sempre de todos os médicos, já mortos, que franziam assobrancelhas perante os males dos seus doentes; de todos os astrólogos quetão solenemente prediziam o fim dos seus clientes; dos filósofos que discorriamincessantemente sobre a morte e a imortalidade; dos grandes chefes quechacinavam aos milhares; dos déspotas que brandiam poderes sobre a vida e amorte com uma terrível arrogância, como se eles próprios fossem deuses quenunca pudessem morrer; de cidades inteiras que morreram completamente,Hélice, Pompeia, Herculano e inúmeras outras. Depois, recorda um a um todosos teus conhecidos; como um enterrou o outro, para depois ser deposto eenterrado por um terceiro, e tudo num tão curto espaço de tempo. Repara, emresumo, como toda a vida mortal é transitória e trivial; ontem, uma gota desémen, amanhã uma mão cheia de sal e cinzas. Passa, pois, estes momentosfugazes na terra como a Natureza te manda que passes e depois vai descansarde bom grado, como uma azeitona que cai na estação certa, com uma bênçãopara a terra que a criou e uma acção de graças para a árvore que lhe deu a vida.49. Sê como o promontório contra o qual as ondas quebram e voltam a quebrar;mantém-se firme até que, por fim, as águas tumultuosas à sua volta se rendem evão descansar. «Que infeliz sou, o que me havia de acontecer!» De modonenhum; diz antes, «Que feliz que eu sou em não ter ficado com azedume, masantes inabalado pelo presente e sem receio do futuro». Aquilo podia teracontecido a qualquer pessoa, mas nem todos ficariam assim sem azedume.Então, por que atribuir uma coisa à má sorte em vez de atribuir a outra à boasorte? Pode alguém chamar pouca sorte a uma coisa que não seja umainfracção à sua natureza; e poderá ser uma infracção à sua natureza se não forcontra a vontade da natureza? Bem, então: já aprendeste a conhecer essavontade. Isso que te aconteceu impede-te de ser justo, magnânimo, moderado,judicioso, discreto, verdadeiro, respeitador de ti próprio, independente, e tudo omais que leva à realização da natureza do homem? Eis, então, uma regra arecordar no futuro, quando alguma coisa te tentar a sentires-te amargo: não«Isto é uma infelicidade», mas «Suportar isto dignamente é uma felicidade».— 54 —

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