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Meditações - PSB

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sepultura, nada, evidentemente; e mesmo em vida, para que serve o louvor —senão talvez para facilitar qualquer propósito menor? Estarás, pois,seguramente, a proceder à rejeição daquilo que a Natureza te deu hoje, se todoo teu espírito estiver voltado para aquilo que os homens irão dizer de ti amanhã.20. Tudo o que, de um qualquer modo, é belo, recebe a sua beleza de sipróprio, e não precisa de nada para além de si próprio. O elogio não entra nisso,porque nada fica melhor ou pior em resultado do elogio. Isto aplica-se mesmo àsformas mais mundanas da beleza: objectos naturais, por exemplo, ou obras dearte. De que mais precisa a verdadeira beleza? De nada, certamente; tal como alei, ou a verdade, ou a bondade, ou a modéstia. Alguma destas fica mais belacom o louvor, ou mais feia com a crítica? Será que a esmeralda perde a suabeleza por falta de admiração? Ou o ouro, ou o marfim, ou a púrpura? Ou umalira, ou uma adaga, ou um botão de rosa, ou um jovem?21. Se as almas sobrevivem depois da morte, como é que o ar lá em cimaarranjou espaço para elas desde o princípio dos tempos? Pergunta, também,como é que a terra arranjou espaço para todos os corpos enterrados desdetempos imemoriais. Aí, após um curto intervalo, a transformação e a corrupçãoabrem espaço para outros corpos. Da mesma maneira, as almas transferidaspara o ar sobrevivem algum tempo antes de sofrerem uma transformação e umadisseminação e são então transmutadas em fogo e levadas de novo para ointerior do princípio criador do universo; e assim se cria espaço para receberoutras. Esta será a resposta de qualquer crente na sobrevivência das almas.Além disso, temos de contar não só com o número de corpos humanosenterrados desta maneira, mas também com o de todas as criaturas que sãodevoradas diariamente por nós próprios e pelos outros animais. Quantas equantas não são, por assim dizer, enterradas nos corpos daqueles a que servemde alimento! E uma vez mais, pela sua dissolução no sangue e depois, pela suatransmutação em ar ou fogo, todo o espaço necessário fica disponível.Como é que descobrimos a verdade de tudo isto? Fazendo a distinção entrematéria e causa.22. Nunca te deixes arrebatar pela emoção: se um instinto se agita, cuidaprimeiro de saber se ele vai ao encontro das exigências da justiça; quando umaimpressão toma forma, certifica-te primeiro da sua exactidão.23. Ó mundo, estou em sintonia com cada uma das notas da vossa grandeharmonia! Para mim nunca é cedo nem tarde se para vós for a tempo. ÓNatureza, tudo o que as vossas estações produzem é fruta para mim. De vósvêm, e em vós e para vós são todas as coisas. «Querida Cidade de Deus!» Nãochoremos, mesmo quando o poeta exclama «Querida Cidade de Cecrops!» 2324. «Se quiserdes conhecer a satisfação, sede parco nos actos», disse o sábio.Melhor ainda, limita-te àqueles que são essenciais, e àqueles que a razão exigede um ser social. Isto traz a satisfação que resulta de fazer apenas algumas— 50 —

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