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Meditações - PSB

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LIVRO 41. Se o poder interior que nos rege for fiel à Natureza, ajustar-se-á sempreprontamente às possibilidades e oportunidades oferecidas pelas circunstâncias.Não exige material predeterminado; na perseguição dos seus objectivos estápronto para o compromisso; os obstáculos ao seu progresso são simplesmenteconvertidos em matéria para seu próprio uso. É como uma fogueira a dominarum monte de lixo, que se tivesse reduzido a um débil brilho; mas a chamaardente depressa assimila a matéria, consome-a e dá ainda mais vida àfogueira.2. Não tomes nenhuma iniciativa ao acaso, ou sem teres em atenção osprincípios que regem a sua própria execução.3. Os homens procuram a solidão no deserto, na praia ou nas montanhas — umsonho que tu próprio tanto tens acarinhado. Mas tais fantasias são totalmenteimpróprias de um filósofo, uma vez que em qualquer altura que queiras podesrecolher-te dentro de ti próprio. Não há para o homem refúgio algum maissilencioso e mais tranquilo do que a própria alma; sobretudo para quem possua,em si mesmo, recursos que apenas precisa de contemplar para assegurar umapaz de espírito imediata — paz que é apenas outro nome para um espírito bemorganizado. Aproveita, pois, este retiro com frequência e renova-tecontinuamente. Traça para a tua vida regras sumárias, mas que abranjam ofundamental; o retorno a elas bastará para remover todas as aflições e tereenviar sem desgaste para os deveres a que tens de voltar.Afinal, o que é que te aflige? Os vícios da humanidade? Lembra-te da doutrinaque diz que todos os seres racionais são criados uns para os outros; que atolerância é parte da justiça; e que os homens não são malfeitores intencionais.Pensa na miríade de inimizades, suspeitas, animosidades e conflitos que seextinguiram juntamente com o pó e as cinzas dos homens que osexperimentaram; e não te aflijas mais.Ou é a parte que te coube em sorte no universo que te agasta? Recorda umavez mais o dilema, «se não uma sábia Providência, então um simplesamontoado de átomos», e pensa na profusão de indícios de que este mundo écomo que uma cidade. São os males do corpo que te afligem? Pensa que oespírito só tem que destacar-se e apreender os seus próprios poderes, para nãomais se envolver com os movimentos da respiração, sejam eles suaves ouásperos. Em resumo, recorda tudo aquilo que aprendeste e com queconcordaste a respeito da dor e do prazer.Ou é a ilusão da celebridade que te perturba? Não percas de vista a rápidainvestida do esquecimento e os abismos de eternidade que nos esperam e nosprecedem; repara como são ocos os ecos do aplauso, como são inconstantes esem discernimento os juízos dos pretensos admiradores, e que insignificante é aarena da fama humana. Porque a terra inteira é apenas um ponto, e a nossa— 47 —

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