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Meditações - PSB

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Usa-o, portanto, para avançares no teu esclarecimento, senão ele vai-se enunca mais voltará a estar de novo em teu poder.5. Decide com firmeza, a todas as horas, como romano e como homem, fazertudo aquilo que te chegar às mãos com dignidade, e com humanidade,independência e justiça. Liberta o espírito de todas as outras considerações. Istopodes tu fazer se abordares cada acção como se fosse a última, pondo de ladoo pensamento indócil, o recuo emocional das ordens da razão, o desejo decausar uma boa impressão, a admiração por ti próprio, a insatisfação pelo que tecalhou em sorte. Vê o pouco que um homem precisa de dominar para que osseus dias fluam calma e devotadamente: ele apenas tem de observar estespoucos conselhos, e os deuses nada mais lhe pedirão.6. Ó alma minha, que mal, que mal vós estais a fazer a vós própria; e muito embreve vós já não tereis mais tempo para fazerdes justiça a vós própria. O homemnão tem senão uma vida; e a vossa está já próxima do fim, contudo, continuais anão ter olhos para a vossa própria honra e estais a hipotecar a vossa felicidadeàs almas de outros homens. 167. A tua atenção é desviada para preocupações exteriores? Então, concede-teum espaço de sossego dentro do qual possas aumentar o conhecimento do beme aprender a refrear a tua inquietação. Defende-te também de outro tipo de erro:a loucura daqueles que passam os seus dias com muita ocupação mas carecemde um qualquer objectivo em que concentrem todo o seu esforço, melhor, todo oseu pensamento.8. Dificilmente encontrarás um homem a quem a indiferença pelas actividadesde outra alma traga infelicidade; mas para aqueles que não prestam atenção aosmovimentos da sua própria, a infelicidade é certamente a recompensa.9. Tendo sempre em mente aquilo que o Mundo-Natureza é, e aquilo que aminha própria natureza é, e o que uma é em relação à outra — uma fracção tãopequena de um Todo tão vasto — lembra-te de que ninguém pode impedir-te deconcertar cada palavra e cada acção com a Natureza de que és parte.10. Quando Theophrasto compara os pecados — tanto quanto comummente sereconhece que são comparáveis — ele afirma a verdade filosófica de que ospecados do desejo são mais censuráveis do que os pecados da paixão. Porquena paixão, o afastamento da razão parece trazer consigo, pelo menos, um certodesconforto e uma impressão meio sentida de constrangimento; enquanto queos pecados do desejo, entre os quais predomina o prazer, revelam um caráctermais auto-indulgente e mais feminino. Tanto a experiência como a filosofiaapoiam a alegação de que um pecado que dá prazer merece uma censura maisgrave do que aquele que faz sofrer. Num caso, o prevaricador é como umhomem amarrado a uma perda de controle involuntária; no outro, a ânsia desatisfazer o seu desejo leva-o a fazer o mal de sua própria vontade.— 36 —

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