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Meditações - PSB

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uma passagem das Meditações, considera as implicações desta teoriaalternativa. «Haverá uma Providência sábia, ou apenas um amontoadodesordenado de átomos?» pergunta ele; mas apenas para concluir que emqualquer dos casos as questões morais com as quais ele se preocupa sairiamincólumes. Pelo que a ele próprio respeita, a sua convicção sobre a direcçãoprovidencial do mundo não vacila.Para explicar o processo de criação, os Estóicos confiavam na teoria da tensão.A partir do facto de que a maioria dos corpos se expandem quando aquecidos,conclui-se claramente que o calor exerce uma pressão. Por consequência, oEspírito-Fogo, no seu estado primitivo de intenso calor e correspondente altapressão, começa logo a expandir-se; e isto traz consigo um abrandamentoproporcional da tensão. E daqui resulta que algum do fogo divino arrefece, setorna visível e se transforma no elemento, mais humilde, do terrestre fogo; eeste, por sua vez, à medida que a tensão continua a baixar, condensa-separcialmente em ar; e algumas porções de ar, por sua vez, solidificam, tornandoseágua e terra. Nesta fase, entra em campo um movimento de sentido contrário;o calor vital contido nestes quatro elementos começa a afirmar a sua energiacriadora e a materializar-se nas inúmeras formas e feitios que compõem ouniverso. Fisicamente, estas diferenciam-se de acordo com as proporçõesvariáveis de fogo, ar, terra e água que contêm; noutros aspectos, a sua naturezadepende do grau de tensão do fogo que os produz. Assim, num certo grau, estaforça tornar-se-á nas formas orgânicas da vida vegetal; num grau mais elevado,nos animais ou “almas sem razão”; e depois disso, nas “almas racionais”características do homem. Dentro destas categorias podem produzir-se tantasformas do Ser quantos os diferentes graus de tensão. Na tensão máxima, oEspírito-Fogo adquire os atributos de uma Alma-Mundo, com a mesma relaçãocom o universo que a alma individual tem com o próprio homem. A longo prazo,porém, virá um tempo em que esta energia em constante crescimento atinge umpico de intensidade que a torna devoradora da sua própria criação: uma apósoutra, as diferentes formas e substâncias dissolvem-se de novo nos seuselementos originais, a água evapora-se em ar, o ar transforma-se em chamas, efinalmente o universo desaparece numa grande conflagração a que nadasobrevive, excepto o primitivo Espírito-Fogo. Após o que, todo o processorecomeça; os sucessivos actos de criação repetem-se, e o padrão históricodesenrola-se como anteriormente. E tudo isto se repete em infindáveis cicloscósmicos alternados de criação e destruição; e como as leis eternas sãoimutáveis, depois de cada conflagração, tudo o que aconteceu nos ciclosanteriores tem de reproduzir-se uma vez mais até ao mais pequeno pormenor.Quanto ao próprio homem, ele é um microcosmos que reflecte fielmente em sipróprio o organismo mais vasto do universo. O seu corpo físico é formado apartir dos quatro elementos, e aquilo que o cria, que nele habita e que o controlaé uma partícula do Espírito-Fogo omnipresente. Assim como este ígneo Poderno seu estado mais elevado e mais puro actua como alma do mundo, tambémaqui, residindo no corpo numa forma pouco menos etérea, ele desempenha omesmo papel para o homem, criando e dirigindo a sua vida, os seus sentidos, osseus pensamentos e as suas emoções. É alimentado pelo sangue, e tem o seu— 15 —

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