Meditações - PSB

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21.07.2015 Views

chegar a tua hora serás capaz de passar o resto dos teus dias liberto de toda aansiedade, em bondade e em consonância com a divindade dentro de ti.4. Fico muitas vezes admirado ao verificar que, embora cada homem se ame asi próprio acima de tudo, a opinião que ele tem de si mesmo é menos lisonjeirado que a que tem dos outros. Certamente que se um deus ou um conselheirosábio estivesse a seu lado e lhe mandasse que não guardasse qualquerpensamento ou intenção no seu coração sem a tornar imediatamente pública,ele não conseguiria aguentá-lo mais do que um dia. Tal é a importância quedamos ao juízo que o nosso vizinho faz de nós; maior do que a que damos aoque fazemos de nós próprios.5. Poderão os deuses, que tão bem e tão benevolentemente conceberam tudo oresto, ter descurado o facto de que até os homens virtuosos, homens na maisíntima consonância com o divino e que vivem em íntima união com ele pelassuas boas acções e devoção, não conheçam um renascimento depois da morte,mas estejam condenados à completa extinção? Todavia, se é este, de facto, oseu destino, podem ficar certos de que se tivesse havido necessidade dediferente plano, isso assim teria sido organizado; se isso estivesse de acordocom a Natureza, a Natureza tê-lo-ia realizado assim. Portanto, não sendo assim(se na verdade não for assim), podes confiar em absoluto que não devia serassim. Compreendes certamente que ao levantar questões inúteis como estaestás a inculpar a divindade? Porque, será que discutiríamos o assunto com osdeuses se eles não fossem superiormente bons e justos? E se o são, como éque eles alguma vez permitiriam que alguma coisa fosse injusta ouinsensatamente descurada nas suas determinações para o universo?6. Pratica, mesmo que não tenhas perspectivas de sucesso. A mão esquerda,incapaz para outras coisas por falta de prática, sabe segurar as rédeas commais firmeza do que a direita, porque disso, tem ela prática.7. Medita sobre o que deves ser em corpo e alma quando a morte tomar contade ti; medita sobre a brevidade da vida e sobre os incomensuráveis abismos deeternidade por detrás e antes dela, e sobre a fragilidade de tudo o que é matéria.8. Olha o mais íntimo das causas das coisas, despidas das suas cascas; reparanas intenções que estão por detrás dos actos; estuda as essências da dor, doprazer, da morte e da glória; observa como a intranquilidade do homem é todade sua própria criação, e como os problemas nunca vêm pela mão dos outros,mas, como tudo o resto, são criações da nossa própria maneira de pensar.9. Na gestão dos teus princípios, segue o exemplo do pugilista e não o doespadachim. Um pousa a espada e depois tem de a apanhar outra vez; o outronunca fica sem o punho e apenas tem de o cerrar.— 126 —

10. Vê de que é que as coisas são feitas; decompõe-nas nas suas matéria,forma e finalidade.11. Que grandes são os privilégios atribuídos ao homem — não fazer nadasenão o que Deus sanciona, e aceitar tudo aquilo que Deus lhe destinou!12. Não se culpem os deuses pela ordem das coisas, uma vez que nada deerrado pode ser feito por eles, voluntariamente ou não; nem os homens, cujoserros não acontecem por sua vontade. Abstém-te, pois, de todos ospensamentos de culpa.13. Que ridículo e que estranho é o espanto por qualquer coisa que aconteça navida!14. Ou há um destino inexorável e uma lei inviolável, ou uma providência quepode ser misericordiosa, ou então há um caos desgovernado e sem sentido. Sehá um destino irresistível, porquê tentar lutar contra ele? Se há uma providênciadisposta à misericórdia, faz os possíveis por merecer o seu auxílio. Se há umcaos sem direcção, dá graças por, no meio de tais mares tempestuosos, teres,dentro de ti, um espírito ao leme. Se as águas te engolirem, que engulam carne,respiração e tudo o mais, porque nunca conseguirão fazer naufragar o espírito.15. Se a chama da lanterna brilha com fulgor até ser extinta, será que averdade, a sabedoria e a justiça morrem dentro de ti antes de tu próprio teextinguires?16. Se ficares com a impressão de que alguém agiu mal, pensa «Que certezatenho eu de que está mal?» Mais ainda, mesmo que esteja mal, não se terá elejá censurado por isso, tanto como se as unhas lhe tivessem arranhadovisivelmente a cara? Desejar que um patife nunca faça mal é como desejar queuma figueira nunca dê sumo amargo nos seus frutos, que os bebés nuncachorem, que os cavalos nunca relinchem ou que qualquer outra das coisasinevitáveis da vida nunca aconteça. Como é que, digam-me, poderia ele agir deoutra maneira, com o carácter que tem? Se achas isto tão incómodo, corrige-o.17. Se não é a coisa certa a fazer, nunca o faças; se não é verdade, nunca odigas. Tem mão nos teus impulsos.18. Olha sempre uma coisa no seu todo. Descobre o que é que causa a suaimpressão em ti, depois, abre-a e divide-a nas suas causa, matéria, finalidade eduração.19. Antes que seja tarde demais, tenta fazer com que tenhas dentro de ti umacoisa mais elevada e mais divina do que meros instintos que despertam asemoções e te contorcem como uma marioneta. Qual deles está agora a encobriro meu entendimento? O medo, a inveja, a luxúria, ou outro qualquer?— 127 —

10. Vê de que é que as coisas são feitas; decompõe-nas nas suas matéria,forma e finalidade.11. Que grandes são os privilégios atribuídos ao homem — não fazer nadasenão o que Deus sanciona, e aceitar tudo aquilo que Deus lhe destinou!12. Não se culpem os deuses pela ordem das coisas, uma vez que nada deerrado pode ser feito por eles, voluntariamente ou não; nem os homens, cujoserros não acontecem por sua vontade. Abstém-te, pois, de todos ospensamentos de culpa.13. Que ridículo e que estranho é o espanto por qualquer coisa que aconteça navida!14. Ou há um destino inexorável e uma lei inviolável, ou uma providência quepode ser misericordiosa, ou então há um caos desgovernado e sem sentido. Sehá um destino irresistível, porquê tentar lutar contra ele? Se há uma providênciadisposta à misericórdia, faz os possíveis por merecer o seu auxílio. Se há umcaos sem direcção, dá graças por, no meio de tais mares tempestuosos, teres,dentro de ti, um espírito ao leme. Se as águas te engolirem, que engulam carne,respiração e tudo o mais, porque nunca conseguirão fazer naufragar o espírito.15. Se a chama da lanterna brilha com fulgor até ser extinta, será que averdade, a sabedoria e a justiça morrem dentro de ti antes de tu próprio teextinguires?16. Se ficares com a impressão de que alguém agiu mal, pensa «Que certezatenho eu de que está mal?» Mais ainda, mesmo que esteja mal, não se terá elejá censurado por isso, tanto como se as unhas lhe tivessem arranhadovisivelmente a cara? Desejar que um patife nunca faça mal é como desejar queuma figueira nunca dê sumo amargo nos seus frutos, que os bebés nuncachorem, que os cavalos nunca relinchem ou que qualquer outra das coisasinevitáveis da vida nunca aconteça. Como é que, digam-me, poderia ele agir deoutra maneira, com o carácter que tem? Se achas isto tão incómodo, corrige-o.17. Se não é a coisa certa a fazer, nunca o faças; se não é verdade, nunca odigas. Tem mão nos teus impulsos.18. Olha sempre uma coisa no seu todo. Descobre o que é que causa a suaimpressão em ti, depois, abre-a e divide-a nas suas causa, matéria, finalidade eduração.19. Antes que seja tarde demais, tenta fazer com que tenhas dentro de ti umacoisa mais elevada e mais divina do que meros instintos que despertam asemoções e te contorcem como uma marioneta. Qual deles está agora a encobriro meu entendimento? O medo, a inveja, a luxúria, ou outro qualquer?— 127 —

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