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Meditações - PSB

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Um Terceiro. Se o que eles estão a fazer está correcto, não tens que te sentirmagoado; se não está, só pode ter sido sem intenção e inconscientemente.Porque, precisamente como «nenhuma alma jamais viola a verdadevoluntariamente», também ninguém nega voluntariamente a outrem o tratamentoa que ele tem direito; observa a sua indignação quando alguém os acusa deinjustiça, ingratidão, mesquinhez ou qualquer outro mau comportamento paracom os seus semelhantes.Um Quarto. Tu próprio magoas de várias maneiras, e não és diferente de todosos outros. Podes evitar certos erros, mas a tendência está lá, mesmo que acobardia ou a preocupação pela tua reputação ou outro motivo ignóbil te inibamde imitar as suas más acções.Um Quinto. Tu não tens a certeza de que eles estejam a proceder mal, porqueos motivos dos actos dos homens nem sempre são o que parecem. Hágeralmente muito a aprender antes de se formular com segurança um juízosobre o comportamento de outrem.Um Sexto. Diz a ti mesmo, quando te sentires exasperado ou sem paciêncianenhuma, que esta vida mortal não dura mais do que um momento; não faltamuito para que todos e cada um de nós sejamos postos em repouso.Um Sétimo. Não são os actos destes homens — que apenas dizem respeito àsua razão directora — que são a fonte dos nossos aborrecimentos, mas a corque nós próprios lhes atribuímos. Elimina isto, abandona todos os pensamentossobre os seus ódios, e a cólera desaparecerá imediatamente. Como proceder atal apagamento? Reflectindo que pelo menos tu ficas ileso. Porque se não fosseverdade que só a desgraça moral é má, tu próprio serias culpado de inúmerosprocedimentos condenáveis — roubo e todos os outros tipos de vilanias. 82Um Oitavo. A nossa cólera e irritação são mais prejudiciais a nós próprios doque as coisas que as provocam.Um Nono. A bondade é irresistível, se genuína e sem falsos sorrisos ouduplicidade. A mais rematada insolência não pode fazer nada se continuarespersistentemente bom para com quem te ofendeu; admoesta-o gentilmentequando se oferecer a oportunidade, e no momento em que ele se prepare paradar livre curso à maldade chama-o calmamente à razão dizendo «Não, meufilho, não foi para isto que fomos feitos. Eu não fico magoado; tu estás a magoartea ti mesmo.» Explica-lhe cortesmente e em termos gerais a razão por que istoé assim, e como nem as abelhas e outros animais gregários se comportam comoele — mas não o faças com sarcasmo ou espírito recriminatório, antes com realafecto e sem rancor; não como um mestre-escola, nem para a admiração doscircunstantes, mas, mesmo na presença de outras pessoas, como se tu e eleestivessem a sós.Guarda estes nove conselhos na memória, como outras tantas dádivas dasMusas; e, enquanto ainda estás vivo, começa finalmente a ser um homem.Todavia, ao procurares defender-te contra a cólera em relação aos outros, nãodescures evitar a bajulação. Ambas são contra o bem estar comum e ambasconduzem à maldade. Em momento de cólera, tem sempre presente a ideia deque a irritação não é sinal de virilidade e que há mais virilidade e também maishumanidade natural naquele que se mostra gentil e sereno; naquele que dá— 121 —

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