Meditações - PSB
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LIVRO 111. As propriedades de uma alma racional são estas: pode contemplar-se,analisar-se, fazer dela o que quiser, aproveitar ela própria o fruto que tem dentrode si (enquanto que o fruto produzido pelas árvores, como o seu correspondenteproduzido pelos animais, é aproveitado por outros), e ter sempre o seu trabalhocompleto qualquer que seja a altura em que a nossa vida atinja o seu limitefixado. Porque diferentemente da dança ou das peças de teatro, e outras coisasdo género, que, se são repentinamente interrompidas, o espectáculo, como umtodo, fica incompleto, a alma, independentemente do estádio em que éarrestada, tem a sua tarefa completada para sua própria satisfação e pode dizer«Estou na posse plena de mim própria.» Além disso ela pode abarcar todo ouniverso à sua vontade, tanto a estrutura como o vazio à sua volta, e podealcançar a eternidade, abraçando e abrangendo as grandes renovações cíclicasda criação e assim perceber que as futuras gerações não terão nada de novopara testemunhar, da mesma maneira que os nossos antepassados nãocontemplaram nada mais do que nós hoje; mas, se um homem atinge osquarenta anos e compreende alguma coisa, já viu virtualmente — graças àssuas semelhanças — todos os acontecimentos possíveis, passados e futuros.Finalmente, as qualidades da alma racional incluem o amor pelo semelhante, averdade, a modéstia, e o respeito por si próprio, antes de tudo o mais; e comoeste último é também uma das qualidades da lei, segue-se que o princípio daracionalidade é o mesmo que o princípio da justiça.2. Tu podes tornar-te muito rapidamente indiferente às seduções da música ouda dança ou de demonstrações atléticas, se decompuseres a melodia nas suasdiferentes notas e te interrogares sobre cada uma por sua vez: «É a esta que eunão consigo resistir?» Hesitarás em confessá-lo. Faz o mesmo em relação acada movimento ou atitude dos dançarinos e dos atletas. Em suma, salvo nocaso da virtude e suas implicações, lembra-te sempre de te dirigiresdirectamente às partes e, dissecando-as, consegues o teu desencantamento. Eagora, transporta este método para a vida tomada como um todo.3. Feliz da alma que, em qualquer altura que chegue a hora de se separar docorpo, esteja também pronta para encarar a extinção, a dispersão ou asobrevivência. Tal preparação, contudo, tem de ser o resultado da sua própriadecisão; uma decisão não instigada por mera contumácia, como acontece comos cristãos, 73 mas formada com ponderação e seriedade, e, se tiver de serconvincente para os outros, sem grandiloquência.4. Pratiquei uma acção altruísta? Muito bem, já tive a minha recompensa. Temsempre presente este pensamento e continua.— 117 —
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LIVRO 111. As propriedades de uma alma racional são estas: pode contemplar-se,analisar-se, fazer dela o que quiser, aproveitar ela própria o fruto que tem dentrode si (enquanto que o fruto produzido pelas árvores, como o seu correspondenteproduzido pelos animais, é aproveitado por outros), e ter sempre o seu trabalhocompleto qualquer que seja a altura em que a nossa vida atinja o seu limitefixado. Porque diferentemente da dança ou das peças de teatro, e outras coisasdo género, que, se são repentinamente interrompidas, o espectáculo, como umtodo, fica incompleto, a alma, independentemente do estádio em que éarrestada, tem a sua tarefa completada para sua própria satisfação e pode dizer«Estou na posse plena de mim própria.» Além disso ela pode abarcar todo ouniverso à sua vontade, tanto a estrutura como o vazio à sua volta, e podealcançar a eternidade, abraçando e abrangendo as grandes renovações cíclicasda criação e assim perceber que as futuras gerações não terão nada de novopara testemunhar, da mesma maneira que os nossos antepassados nãocontemplaram nada mais do que nós hoje; mas, se um homem atinge osquarenta anos e compreende alguma coisa, já viu virtualmente — graças àssuas semelhanças — todos os acontecimentos possíveis, passados e futuros.Finalmente, as qualidades da alma racional incluem o amor pelo semelhante, averdade, a modéstia, e o respeito por si próprio, antes de tudo o mais; e comoeste último é também uma das qualidades da lei, segue-se que o princípio daracionalidade é o mesmo que o princípio da justiça.2. Tu podes tornar-te muito rapidamente indiferente às seduções da música ouda dança ou de demonstrações atléticas, se decompuseres a melodia nas suasdiferentes notas e te interrogares sobre cada uma por sua vez: «É a esta que eunão consigo resistir?» Hesitarás em confessá-lo. Faz o mesmo em relação acada movimento ou atitude dos dançarinos e dos atletas. Em suma, salvo nocaso da virtude e suas implicações, lembra-te sempre de te dirigiresdirectamente às partes e, dissecando-as, consegues o teu desencantamento. Eagora, transporta este método para a vida tomada como um todo.3. Feliz da alma que, em qualquer altura que chegue a hora de se separar docorpo, esteja também pronta para encarar a extinção, a dispersão ou asobrevivência. Tal preparação, contudo, tem de ser o resultado da sua própriadecisão; uma decisão não instigada por mera contumácia, como acontece comos cristãos, 73 mas formada com ponderação e seriedade, e, se tiver de serconvincente para os outros, sem grandiloquência.4. Pratiquei uma acção altruísta? Muito bem, já tive a minha recompensa. Temsempre presente este pensamento e continua.— 117 —