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Meditações - PSB

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30. Quando a falta de outrem te magoa, volta-te para ti mesmo e pensa nosdefeitos semelhantes que tu tens. Também encontras o teu bem estar nariqueza, no prazer, na reputação ou em coisas deste tipo? Pensa nisto, e a tuacólera logo será esquecida ao reflectires que ele está a agir sob pressão; quemais podia ele fazer? Em alternativa, arranja maneira de o libertar dessapressão.31. Que a vista de Satyricon te recorde os falecidos Socráticos ou Eutyches ouHymen; a vista de Euphrates te lembre Eutychion ou Silvano; um olhar aAlciphron te sugira a memória de Tropaeophorus; um vislumbre de Severo, o deCrito ou Xenofonte; quando te olhares pensa nos imperadores que teprecederam. Da mesma maneira, com cada homem imagina a sua contrapartida;e depois passa para a seguinte reflexão: «Onde estão eles agora?» Em partenenhuma — ou algures. Desta maneira, ir-te-ás acostumando a olhar tudo o queé mortal como um vapor e um nada; e mais ainda, se te lembrares também deque as mudanças nas coisas, uma vez operadas, são para sempre irreversíveis.Então porquê lutar e esforçares-te em vez de ficares satisfeito em viverconvenientemente a tua curta vida? Pensa no material e nas possibilidades parao bem que andas a rejeitar; uma vez que, o que são as tuas aflições senãoexercícios para treino da tua razão, depois de ter aprendido a ver as verdadesda vida a uma correcta luz filosófica? Sê paciente, pois, até que, para ti, elas setornem familiares e naturais, da mesma maneira que um estômago forte podeassimilar toda a espécie de alimentos, ou um fogo brilhante transforma qualquercoisa que se lhe atire em calor e chamas.32. Não permitas que alguém se sinta no direito de dizer com verdade que tefalta integridade e bondade; se alguém pensar tal coisa, trata de fazer com queisso não tenha fundamento. Tudo depende de ti, pois, quem mais te podeimpedir de conseguir a integridade e a bondade? Se não consegues viver destamaneira, só tens de tomar a decisão de não continuar a viver; porque, nessecaso, nem a própria razão te pode exigir que continues.33. Qual é a melhor coisa que pode ser dita ou feita com os materiais à tuadisposição? Qualquer que ela seja, tu tens o poder de o dizer ou fazer; que nãohaja a pretensão de que não és um agente livre. Essas tuas lamentações nuncaacabarão enquanto o cumprimento do dever natural de um homem, comquaisquer materiais que lhe venham ter às mãos, não representar tanto para ticomo os prazeres para o sibarita. (De facto, todo o exercício dos nossosinstintos naturais deve ser considerado como uma forma de prazer; e asoportunidades para isso estão presentes em toda a parte.) Um cilindro não temsempre o privilégio, seguramente, de se mover à sua vontade, nem a água, nemo fogo, nem qualquer outra coisa que esteja submetida ao governo da suaprópria natureza ou de uma alma sem razão; porque há muitos factores queintervêm para o evitar. Mas um espírito e uma razão podem avançar no meio dequaisquer obstáculos, porque a sua natureza para tal os capacita e a suavontade para tal os incita. Imagina a maneira como a razão descobre um meio— 113 —

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