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Meditações - PSB

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6. Independentemente do facto de o universo ser uma confusão de átomos ouum desenvolvimento natural, que a minha primeira convicção seja a de que façoparte de um Todo que está sob o governo da Natureza; e que a segunda, a deque existe um laço de parentesco entre mim próprio e todas as outras partessemelhantes. Se tiver em mente estas duas ideias, em primeiro lugar, sendo euuma parte, não me sentirei magoado por uma qualquer disposição a mimdestinada e vinda do Todo, uma vez que nada que seja bom para um qualquertodo pode ser mau para uma das partes, e neste caso não há nada no conteúdodeste Todo que seja prejudicial para ele próprio. (O mesmo, de facto, pode dizerseem relação a todos os organismos naturais; mas a natureza do universo temainda a outra coisa que a distingue: que não há causa exterior a si que algumavez a possa obrigar a produzir qualquer coisa de mau para si própria.) Então,lembrando que sou uma parte desse Todo, aceitarei alegremente seja o que forque me caiba em sorte. Em segundo lugar, dado que há este laço de parentescoentre mim e as outras partes minhas congéneres, não farei nada que possa vir amagoar o seu bem estar comum, mas, pelo contrário, terei sempreintencionalmente em vista essas partes minhas semelhantes, orientando todosos impulsos no sentido do seu bem e afastados de qualquer coisa que concorracontra isso. Fazendo assim, não poderei deixar de pensar que a corrente daminha vida flui tranquilamente, tão tranquilamente como podemos imaginar a deum homem público cujos actos estão consistentemente ao serviço dos seusconcidadãos, e que está pronto a aceitar de bom grado qualquer tarefa que acidade lhe atribua.7. Todas as partes do Todo — e com isto quero significar tudo o que estánaturalmente compreendido no universo — têm de, com o tempo, entrar emdegradação; ou, para ser mais rigoroso, têm de sofrer uma mudança de forma.Se, pela sua natureza, esta mudança, além de inevitável, fosse positivamenteum mal para elas, o regular trabalho do Todo não podia continuar; porque assuas partes encaminham-se sempre para uma mudança de forma, ou outra, eestão constitucionalmente sujeitas à deterioração nos seus caminhosrespectivos. Então, a Natureza pretendeu deliberadamente infligir danos àscoisas que são parte de si própria, tornando-as não só sujeitas ao mal, mastambém inelutavelmente condenadas a ele? Ou será que isso acontece sem oseu conhecimento? Nenhuma destas suposições merece qualquer crédito.Mesmo que, por hipótese, deixemos a Natureza completamente fora da questão,e expliquemos tudo isto em termos de ordem normal de criação, continua a serabsurdo dizer que esta mutabilidade das partes do Todo é normal se,simultaneamente, vamos ficar espantados ou ressentidos como se se tratassede uma ocorrência anti-natural; tanto mais que tudo aquilo que as partes estão afazer é simplesmente dissolverem-se de novo nos constituintes da suacomposição primitiva. Porque, afinal, se a dissolução não é simplesmente umamera dispersão dos elementos de que sou formado, deve ser umatransformação das partículas mais grosseiras em forma terrena e das espirituaisem forma etérea, para que todas sejam reabsorvidas na Razão universal (não— 108 —

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