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O OLHAR INOCENTE É CEGO 98Parece significativo que o termo “convenção”, criado a partir do latim,conventionem ou conventione, surja por volta de 1440 como sinônimo para“acordo”. “Convenção” no sentido de “seguir a tradição” surge apenas em1831 175 , o que nos abre um outro leque de questões que serão discutidas nopróximo capítulo. A esta dupla acepção da palavra, estabelecem-se suasoposições. De um lado, o convencional em oposição ao que é original e, de outro,ao que é arbitrário, ou seja, o que não foi acordado ou estabelecido dentro de umacomunidade interpretativa em determinada época. Greenberg observa que o termo“convenção” ou “convencional” aplicado à arte adquiriu uma conotaçãopejorativa, significando uma expressão pouco criativa e monótona. 176 Por outrolado, para este autor, as convenções em arte não são permanentes nem imutáveis.Elas “extinguem-se e perecem, mas não simplesmente porque alguém resolveuque deveria ser assim” 177 , mas como um resultado de um processo no tecidosocial.É importante observar que embora as convenções estejam presentes nos doislados da fruição da arte e do design – produção e recepção – elas funcionam demaneira diferenciada em cada pólo da comunicação e chegam mesmo acaracterizar diferentemente grupos em cada um dos lados. Na produção,especialmente de um tipo de arte, a arte de vanguarda, há a necessidade dedemarcar uma “nova convenção”, como assinalado acima, a partir do rompimentocom a convenção anterior. Por outro lado, o produtor visual não pode abrir mãodestas mesmas convenções sob pena de não se comunicar. No design, a influênciadas convenções é mais atuante e recíproca. Como observa Gui Bonsiepe, há umarelação de mútua influência entre o designer e a cultura material 178 , onde odesigner atua simultaneamente, como sujeito e objeto da dinâmica cultural.Em relação à recepção das convenções, é importante destacar que as últimasconstituem conjuntos de conhecimentos compartilhados por um determinadogrupo ou sociedade. Deste modo, a inserção de um receptor eventual é facilitada175 Chicago Manual Style (CMS): convention. Dictionary.com. Online Etymology Dictionary. DouglasHarper, Historian. Acessado em 29 de maio de 2007.176 GREENBERG, Clement. Convenção e inovação. In: ___. Estética Doméstica. São Paulo: Cosac & Naify,2002. p. 98177 Ibid., p. 100.178Este conceito de Bonsiepe foi extraído da apresentação de Maristela Mitsuko Ono e Maria CecíliaLoschiavo dos Santos da Universidade de São Paulo, na 5 th European Academy of Design Conference emBarcelona entre os dias 28 e 30 de abril de 2003. As autoras não informam a procedência da citação.
O OLHAR INOCENTE É CEGO 99pelo domínio das convenções de domínio público, muitas vezes pensadas comopercepções humanas naturais. Por outro lado, a utilização de uma convenção não égarantia de compreensão do receptor, detentor de uma subjetividade própria.Além do mais, o conhecimento das convenções necessárias para determinadafruição artística, simbólica ou estética, pode se alterar com o passar o tempo. Ofundamental na avaliação deste estudo é o papel que as tecnologias acabamcumprindo na estruturação de convenções relacionadas à visualidade e como estarelação foi crescentemente sendo estruturada sobre o conceito de formas deespetáculo. Discutiremos estas questões no próximo capítulo, a partir dos eventosocorridos na segunda metade do século XIX.
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O OLHAR INOCENTE É CEGO 99pelo domínio <strong>da</strong>s convenções de domínio público, muitas vezes pensa<strong>da</strong>s comopercepções humanas naturais. Por outro lado, a utilização de uma convenção não <strong>é</strong>garantia de compreensão do receptor, detentor de uma subjetivi<strong>da</strong>de própria.Al<strong>é</strong>m do mais, o conhecimento <strong>da</strong>s convenções necessárias para determina<strong>da</strong>fruição artística, simbólica ou est<strong>é</strong>tica, pode se alterar com o passar o tempo. Ofun<strong>da</strong>mental na avaliação deste estudo <strong>é</strong> o papel que as tecnologias acabamcumprindo na estruturação de convenções relaciona<strong>da</strong>s à <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de e como estarelação foi crescentemente sendo estrutura<strong>da</strong> sobre o conceito de formas deespetáculo. Discutiremos estas questões no próximo capítulo, a partir dos eventosocorridos na segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX.