21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 78diversas formas de representação imag<strong>é</strong>tica 132 . Para Ivins, o mais importanteevento ocorrido durante a Renascença foi a emergência <strong>da</strong>s id<strong>é</strong>ias que conduziramà racionalização do <strong>olhar</strong> 133 . De acordo com o autor, o esforço na direção <strong>da</strong>racionalização, traduzido pela normatização atrav<strong>é</strong>s <strong>da</strong> perspectiva em suasprimeira expressões na Itália, França e Alemanha, pode ser considerado nãoapenas mais importante do que a que<strong>da</strong> de Constantinopla, a invenção do tipomóvel na imprensa, a descoberta <strong>da</strong> Am<strong>é</strong>rica, a Reforma ou a Contra Reforma,mas como um fator capaz de influenciar os demais eventos aos quais se atribui osurgimento <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Moderna.Ivins desenvolve seus conceitos a partir <strong>da</strong> demonstração <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de deexistência de um sistema de símbolos capaz de externar o que <strong>é</strong> apreendido peloscinco sentidos, e que contasse com regras e gramática próprias, queestabelecessem as relações entre eles. Deste modo, a ausência desses símbolos oude sua gramática dificultaria a evolução do pensamento. Analogamente, umsímbolo que não pudesse ser exatamente duplicado ou que sofresse modificaçõesde sentido ao longo de sua repetição tamb<strong>é</strong>m seria de pouca utili<strong>da</strong>de. Comotamb<strong>é</strong>m acabam sendo de uso limitado e de pouco valor para a racionalização,certos sistemas de símbolos incapazes de seguir esquemas lógicos, seja na suainter-relação e combinação, seja na sua correspondência com fatores externos.Ain<strong>da</strong>, segundo Ivins, no início <strong>da</strong> história humana, os homens já haviamdescoberto, na sua habili<strong>da</strong>de de produzir imagens, um m<strong>é</strong>todo de simbolizaçãode sua consciência <strong>visual</strong>. Diferentemente dos símbolos puramente convencionais,os símbolos pictóricos deveriam ser capazes de produzir enunciados acurados eprecisos mesmo que – a eles próprios – faltassem definições. Mas, em lugar disso,a imagem pictórica permaneceu por muito tempo como a mais ineficiente classede símbolos. Ivins aponta duas grandes razões para essa situação: em primeirolugar, a duplicação exata de uma imagem era algo muito difícil e, em segundolugar, não havia nenhuma regra ou esquema combinatório que garantisse a relaçãológica dentro do sistema de símbolos pictóricos ou, ain<strong>da</strong>, uma lógica recíproca de131 Veja a associação entre Ivins e <strong>visual</strong> culture em MANOVITCH, Lev. The Mapping of Space: Perspective,Ra<strong>da</strong>r, and 3-D Computer Graphics. http://www.manovich.net/TEXT/mapping.html. Acesso em 2 de agostode 2006 às 10:19h.132 Manovitch utiliza o termo <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> aos se referir às preocupações com as t<strong>é</strong>cnicas e tecnologias derepresentação <strong>visual</strong> disponíveis em uma socie<strong>da</strong>de em determinado período, e o papel que desempenham naformulação de diversos aspectos desta socie<strong>da</strong>de. Id.133 IVINS, W. M. op. cit., p.7 et seq.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!