21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 75de produção automática e mecânica <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des do mundo material e mental. 126Para Mitchell, o maior índice <strong>da</strong> hegemonia <strong>da</strong> perspectiva se encontra no modocomo sua artificiali<strong>da</strong>de <strong>é</strong> nega<strong>da</strong> em prol de uma aclamação pela sua naturali<strong>da</strong>deem representar a “forma como as coisas parecem”, “o modo como vemos” ou “ascoisas como realmente são”. 127 Associa<strong>da</strong> e estimula<strong>da</strong> pela ascendênciaeconômica e política <strong>da</strong> Europa ocidental, a perspectiva conquistou o mundo <strong>da</strong>representação sob o rótulo <strong>da</strong> razão, <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> objetivi<strong>da</strong>de e, segundoMitchell, nunca mais foi possível demonstrar a existência de outros modos derepresentar o que “realmente vemos” e de abalar a convenção de que esse tipo deimagem estabelece uma esp<strong>é</strong>cie de identi<strong>da</strong>de entre a visão humana e o espaçoexterior 128 .Figura 25. Quadro do filme “O triunfo <strong>da</strong>vontade” de Leni Riefenstahl, 1936.Parece que a invenção <strong>da</strong> fotografia reforçou a convicção <strong>da</strong> existência deum modo de representação natural. É interessante observar o modo como aimagem fotográfica acolhe o epíteto de imagem realística embora nem to<strong>da</strong>fotografia o seja. Esta convicção <strong>é</strong> grandemente reforça<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> conexãorelacional ou indicial, de acordo com a abor<strong>da</strong>gem semiótica. Em outras palavras,a câmera captura “traços” do objeto que se encontra fora dela, a partir de umarelação presencial que os une. Deste modo, “a imagem copia a reali<strong>da</strong>de”.Contudo, há a questão <strong>da</strong> manipulação <strong>da</strong> imagem. Questão que, aliás, sedesdobra em duas. De um lado, o que poderíamos tratar como uma manipulaçãonão necessariamente forja<strong>da</strong>, em outras palavras, sem intenção de falsificação.Neste aspecto encontramos, na fotografia, as escolhas de ponto de vista, do ângulo<strong>da</strong> lente, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e tipo de impressão – se for este o caso. Por outro lado, há amanipulação que modifica ou distorce e a que subtrai ou acrescenta elementos126 MITCHELL, T. op. cit.. p. 37.127 Id.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!