21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 69Figura 24. Sistema óptico doolho, Discours de la m<strong>é</strong>thodeplus la diptrique, lêsm<strong>é</strong>t<strong>é</strong>ores el la gêom<strong>é</strong>trie,Leiden, 1637.Em suas obras, Descartes discute a geração e manipulação de ilusõesópticas, evidenciando sua fascinação pela projeção de sombras e manipulação deefeitos perspectivos. 98 Na busca pela certeza ou pelo conhecimento direto,Descartes estabelece o m<strong>é</strong>todo <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong> radical, de onde se fun<strong>da</strong> o argumentodo cogito. O filósofo observa que <strong>é</strong> possível duvi<strong>da</strong>r de tudo o que há no mundosensível. Os nossos sentidos podem nos enganar e nos conduzir a to<strong>da</strong> sorte dementiras e erros. Mesmo quando sonhamos, os sonhos podem parecer tão reaisquanto as nossas vivências quando acor<strong>da</strong>dos, de modo a não ser possívelencontrar garantias de que nossos pensamentos sejam ou não reais. Em outraspalavras, mesmo os nossos pensamentos podem nos conduzir a enganos. A únicacoisa <strong>da</strong> qual não podemos duvi<strong>da</strong>r <strong>é</strong> <strong>da</strong> própria dúvi<strong>da</strong>. A dúvi<strong>da</strong> garante aexistência do homem na medi<strong>da</strong> em que, para Descartes, a dúvi<strong>da</strong> <strong>é</strong> uma forma depensar. Deste modo, Descartes coloca-se como uma coisa pensante, ou rescogitans:[...] do fato mesmo de pensar em duvi<strong>da</strong>r <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s outras coisas seguia-semuito evidentemente e certamente que eu existia; ao passo que, se tivesse paradode pensar, ain<strong>da</strong> que o resto do que imaginara fosse ver<strong>da</strong>deiro, eu não teria razãode crer que tivesse existido; compreendi assim que eu era uma substância cujaessência ou natureza consiste apenas em pensar, e que, para ser, não temnecessi<strong>da</strong>de de nenhum lugar nem depende de coisa material alguma. 9998 JUDOVITZ, Dalia. Vision, representation and technology in Descartes. p.65.99 DESCARTES, Ren<strong>é</strong>. Discurso do m<strong>é</strong>todo. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2005. p. 70.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!