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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 67Embora a anamorfose, como descrita acima, tenha perdido sua populari<strong>da</strong>deno s<strong>é</strong>culo XVIII 93 , a produção de uma falsa reali<strong>da</strong>de utilizando precisão t<strong>é</strong>cnica <strong>é</strong>segui<strong>da</strong>mente observa<strong>da</strong> em outras obras que manipulam o jogo <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>ilusão. M. C. Escher ficou conhecido por suas estruturas impossíveis: esca<strong>da</strong>s quesobem ou descem – dependendo de como são vistas – a água <strong>da</strong> cachoeira que fazo caminho de volta, realimentando o próprio fluxo (Figura 21). Gombrichconsidera que os artistas e cenógrafos do s<strong>é</strong>culo XX passaram a rejeitar os truquesde ilusão, o que raramente nos coloca em situações onde, de fato, o olho <strong>é</strong>enganado. 94 Provavelmente, Gombrich não chegou a ter contato com as ilusõescria<strong>da</strong>s pela computação gráfica, igualmente capaz de gerar reali<strong>da</strong>desperfeitamente inexistentes. Um usuário <strong>da</strong> computação gráfica, que não possuaconhecimentos de história <strong>da</strong> arte irá associar a visão anamórfica do crânio às suasferramentas de trabalho, surpreendendo-se com a sua observação em uma obra decinco s<strong>é</strong>culos. Por outro lado, em que medi<strong>da</strong> um <strong>olhar</strong> leigo em relação aodesenvolvimento <strong>da</strong> computação gráfica poderá reconhecer a origem num<strong>é</strong>rica deEva Byte (Figura 23)? Não obstante, uma outra questão se coloca: por que criaruma apresentadora virtual tão pareci<strong>da</strong> às apresentadoras de carne e osso? Talvezporque este seja o jogo <strong>da</strong> representação do real e do ilusório – com o qualbrincamos desde o s<strong>é</strong>culo XV - e ele só se coloca quando mantemos as regras e asreferências do “real”. Deste modo, a anamorfose parece expressar o outro lado do<strong>olhar</strong>, desenvolvido a partir <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de moderna, na medi<strong>da</strong> em queevidencia a possibili<strong>da</strong>de de uma interferência subjetiva capaz de subverter aspróprias regras <strong>da</strong>s quais se utiliza.93 JAY, M. op. cit. p.4894 GOMBRICH, E. H. op.cit. p.260.

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