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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 56descoberta em uma <strong>é</strong>poca e lugar específico 62 : no sul <strong>da</strong> Europa, maisprecisamente na Itália 63 , no s<strong>é</strong>culo XV. Arnheim admira a perspectiva isom<strong>é</strong>tricaque não trabalha sobre uma fiel imitação <strong>da</strong> natureza: “os objetos do mundo físiconão são esmagados no quadro como uma abelha no pára-brisa” 64 O psicólogorepele a distorção de tamanhos, configurações, distâncias e ângulos, quecaracteriza como manipulação de objetos realiza<strong>da</strong> para criar a ilusão deprofundi<strong>da</strong>de na obtenção de uma figura mais realista. Deste modo, afirmacompreender a crítico de Andr<strong>é</strong> Bazin que chamou a perspectiva de “o pecadooriginal <strong>da</strong> pintura ocidental”. 65Figura 12. Dürer, Il velo, rete o graticola. Homem desenhando uma mulher reclina<strong>da</strong>.De Unterweysung der Messung, Nuremberg, 1538.Como forma de garantir a racionalização de um espaço infinito, imutável ehomogêneo, a “perspectiva central” adota duas premissas: a instituição <strong>da</strong> visão apartir de um olho único e imóvel e o reconhecimento <strong>da</strong> seção planar <strong>da</strong> pirâmide<strong>visual</strong> como capaz de funcionar como uma reprodução de nossa imagem óptica 66 .Goodman considera ain<strong>da</strong> outras condições indispensáveis à obtenção <strong>da</strong>fideli<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s imagens no uso <strong>da</strong> perspectiva: as limitações de ângulo e distânciana observação atrav<strong>é</strong>s de um orifício 67 . Em sua opinião estas condições estranhase anormais são uma prova de que o que <strong>é</strong> reproduzido deste modo não pode serconsiderado como “reali<strong>da</strong>de”. 68 Em relação, por exemplo, ao olho único e61 Ibid., p. 41-43.62 ARNHEIM, R. op. cit., p.271.63 Alpers observa que a arte italiana determinou, em grande parte, o estudo <strong>da</strong> arte e de sua história eestabelece como um contraponto para a “arte do norte”, a “arte do sul”, ou seja a arte holandesa. Ela utiliza otermo albertiano para designar um modelo que criou uma tradição. Ver ALPERS, Svetlana. A arte dedescrever. A arte holandesa no s<strong>é</strong>culo XVII. São Paulo: Edusp, 1999.64 ARNHEIM, R. op. cit., p. 252.65 Ibid., p.247.66 PANOFSKY, E. op. cit., nota na p. 29.67 GOODMAN, N. Languages… p.13.68 Id., p.19.

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