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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 55utilizado pelos artistas do Renascimento, a imagem observa<strong>da</strong> <strong>é</strong> uma seção planarde uma pirâmide <strong>visual</strong> imaginária cujo v<strong>é</strong>rtice <strong>é</strong> o olho do observador (Figura 10e Figura 11). Os raios visuais partem deste ponto e se conectam a outros pontosdentro do espaço que será representado. O que <strong>é</strong> visto atrav<strong>é</strong>s deste traçado <strong>é</strong>reinterpretado sobre uma superfície plana. Isso, em poucas palavras, descreve a“perspectiva central” ou perspectiva artificialis. 59 Deste modo, segundo Panofsky,não nos cabe falar de uma visão perspectiva do espaço se apenas considerarmosobjetos isolados, como casas ou móveis, e sua representação obedecendo àredução de dimensões, mas quando to<strong>da</strong> a figura <strong>é</strong> transforma<strong>da</strong> em uma “janela”e quando acreditamos <strong>olhar</strong> para o espaço atrav<strong>é</strong>s desta janela. 60Figura 10. Abraham Bosse, Les Perspecteurs. Gravura<strong>da</strong> Manière universelle de M. Desargues pour traiter laperspective, 1648. Retira<strong>da</strong> de DAMISCH, H. Theorigin of perspective. p. 37.Figura 11. Retirado de A treatise ofperspective...Ain<strong>da</strong> em relação à origem <strong>da</strong> perspectiva, como observa Panofsky nãobasta perguntarmos se a arte de um determinado período ou região fazia uso dessat<strong>é</strong>cnica, mas qual tipo de perspectiva era utiliza<strong>da</strong>. Não há sentido em questionarse os antigos tinham conhecimento <strong>da</strong> nossa perspectiva, na medi<strong>da</strong> em que elesutilizavam diferentes concepções de espaço 61 . Do mesmo modo Rudolf Arnheim,ao diferenciar a perspectiva isom<strong>é</strong>trica <strong>da</strong> central, considera que esta última foi58 PANOFSKY, E. op. cit., nota <strong>da</strong> p. 76.59 De artificiali perspectiva, livro de Viator, publicado em 1505. cf. IVINS, W. op. cit., p.14.60 PANOFSKY, E. op. cit., p.27.

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