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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 51unifica<strong>da</strong>. O conceito do “<strong>olhar</strong> <strong>inocente</strong>” manteve-se de forma discreta sob aspesquisas que visavam a determinação de causas e efeitos, na medi<strong>da</strong> em queconsideram que determina<strong>da</strong> imagem ou meio <strong>é</strong> capaz de produzir determinadosresultados. Os primeiros estudos de “análise de efeitos” na área de comunicação<strong>da</strong>tam <strong>da</strong> Primeira Guerra e foram voltados para o impacto <strong>da</strong> propagan<strong>da</strong>.Segundo o modelo <strong>da</strong> “agulha-hipod<strong>é</strong>rmica” de Harold Lasswell, a audiência <strong>é</strong>como uma massa amorfa que obedece cegamente ao esquema estímulo-resposta.Nesta hipótese, a propagan<strong>da</strong> <strong>é</strong> um mero instrumento, nem mais moral nem maisimoral que “a manivela <strong>da</strong> bomba d’água”, podendo ser utiliza<strong>da</strong> tanto para bonscomo para maus fins. 47 A id<strong>é</strong>ia de um receptor “esvaziado” e que recebeinfluências diretas <strong>da</strong> mídia <strong>é</strong> um pensamento que encontra coerência em teorias<strong>da</strong> psicologia em voga na <strong>é</strong>poca. 48 Neste contexto, torna-se importante acompreensão <strong>da</strong> t<strong>é</strong>cnica <strong>da</strong> perspectiva, que analisaremos em segui<strong>da</strong>, como umfator determinante de uma <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de “universalizante”, fun<strong>da</strong>mental para odesenvolvimento do habitus.2.2. A visão monocularSe nos fosse <strong>da</strong>do um número limitado de palavras – ou imagens - paradescrever o <strong>olhar</strong> do início <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Moderna, este <strong>olhar</strong> seria representado porum olho – um único olho - imóvel, em posição fixa em relação ao seu ângulo deobservação, ao seu posicionamento espacial e à sua distância em relação ao objetoobservado. “O olho <strong>da</strong> Renascença chama-se perspectiva”. 49 Perspectiva: umaconcepção de espaço que compreende a captação de um material bruto, existentena reali<strong>da</strong>de física, pelo sentido do <strong>olhar</strong> e sua modificação a partir de umaorganização sistemática, com a finali<strong>da</strong>de de reconstituir este material sobre uma46 Veja por exemplo NICOLAÏDES, Kimon. The natural way to draw. London: Andr<strong>é</strong> Deutsch Limited,1979., publicado originalmente em 1941 e, mais recentemente, EDWARDS, Betty. Drawing on the right sideof the brain. Los Angeles: J. P. Tarcher, Inc., 1979. Neste último, a autora sugere exercícios como, porexemplo, virar a imagem a ser copia<strong>da</strong> de ponta cabeça para “enganar” o lado esquerdo do c<strong>é</strong>rebro,responsável pela “tradução” <strong>da</strong>s formas observa<strong>da</strong>s em signos verbais.47 MATTELART, Armand e Mich<strong>é</strong>le. História <strong>da</strong>s teorias <strong>da</strong> comunicação. São Paulo: Edições Loylola,2001. p. 37.48 Considere-se, por exemplo, a psicologia <strong>da</strong>s massas de Le Bon, o behaviorismo surgido por volta de 1914,as teorias do russo Pavlov sobre o condicionamento e ain<strong>da</strong> os primeiros estudos <strong>da</strong> psicologia social, quesustentavam que somente certos impulsos primitivos, ou instintos, poderiam explicar os atos dos homens edos animais, vinculando o comportamento às forças biológicas.

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