21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 45emaranhado contextual extremamente influente nas questões perceptivas, este nãovem a ser o foco dessa pesquisa. Neste momento, <strong>é</strong> importante, apenas, ressaltar aid<strong>é</strong>ia do diferente como histórica e inseparável do modo como as pessoaspercebem seu ambiente.Figura 5 - O jardim de Nebamun, c. 1400 a. C.Retirado de GOMBRICH, E. H. Arte e Ilusão. p. 60.A sugestão de que as pessoas de outras <strong>é</strong>pocas percebiam a natureza de ummodo diferente do nosso <strong>é</strong> representa<strong>da</strong> com humor no cartum de Alain (Figura4). O chargista apresenta uma aula de modelo vivo onde estu<strong>da</strong>ntes egípciosretratam uma jovem modelo em pose semelhante à encontra<strong>da</strong> nas pinturasegípcias. Ernst Gombrich discute, a partir deste desenho, o que compreende como“enigma de estilo”, a existência de estilos de representação do mundo visívelrelacionados a diferentes <strong>é</strong>pocas e lugares e dissociado <strong>da</strong> expressão de uma visãopessoal 26 . O desenho de Alain parece sugerir que o modo como vemos o mundoestá implicado diretamente no modo como o reproduzimos. Deste modo, somosatraídos pela id<strong>é</strong>ia cômica de que os egípcios viam um mundo sem profundi<strong>da</strong>de,com as pessoas sempre de perfil, como o posicionamento <strong>da</strong> modelo <strong>da</strong> classe deAlain (Figura 4). Mas, Gombrich não sugere que este era o modo como osegípcios viam o mundo. Segundo este historiador <strong>da</strong> arte, os antigos egípcios nãoprocuravam reproduzir o mundo do modo que viam, mas do modo que, para eles,suas id<strong>é</strong>ias ficassem mais claras ou, ain<strong>da</strong>, do modo em que melhor conheciam oque queriam representar. Desenhavam de memória, de acordo regras estabeleci<strong>da</strong>s25 ELIAS, N. O processo civilizador. Vol. 1. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. p. 8426 GOMBRICH, E. H. Arte e Ilusão. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p.3-4.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!