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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 38necessariamente encarna<strong>da</strong>, não existe psicologia sem biologia”. 16 Craryconsidera que os estudos ópticos abalaram os modelos de representação <strong>da</strong> visãoderivados <strong>da</strong> Renascença. De modo que, para compreender visão e a <strong>cultura</strong>moderna, assim como a nova <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>, segundo este autor, não se deveobservar a pintura modernista <strong>da</strong>s d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong>s de 1870 e 1880, mas a reconfiguração<strong>da</strong> visão ocorri<strong>da</strong> na d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1840 quando um novo tipo de observador foiconstituído. 17 A expressão est<strong>é</strong>tica moderna <strong>é</strong> conseqüência e não causa <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças.A nossa compreensão do fenômeno <strong>da</strong> <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de pretende-se maisampla, com a conceituação do <strong>olhar</strong> moderno, consoli<strong>da</strong>do a partir de um novomodo de vi<strong>da</strong> urbana desenvolvido ao longo de um período de transformaçõesfun<strong>da</strong>mentais, a segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX.Esta tese se constitui sobre dois diferentes paradigmas de <strong>construção</strong> <strong>da</strong><strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de: o <strong>olhar</strong> ciclópico ou clássico, relacionado à fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong>convenção <strong>da</strong> perspectiva e construído ao longo <strong>da</strong> Renascença e o <strong>olhar</strong>panorâmico, arquitetado sobre as transformações urbanas, a profusão de objetos eimagens e a compressão tempo-espaço gera<strong>da</strong> pelas novas tecnologias detransporte e comunicação a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX. Estes doismodos de <strong>olhar</strong> são analisados, respectivamente no segundo e terceiro capítulos,enquanto o quarto analisa uma pe<strong>da</strong>gogia de fixação do <strong>olhar</strong> que foi construído.O capítulo dois, voltado para o <strong>olhar</strong> ciclópico, se inicia com umadiscussão sobre a representação e a possibili<strong>da</strong>de de uma imagem transmitir aver<strong>da</strong>de. Em segui<strong>da</strong>, analisa a visão monocular produzi<strong>da</strong> pela perspectiva, seusparadoxos e sua naturalização. Neste contexto, tamb<strong>é</strong>m consideramos acombinação entre a perspectiva e a gravura como fun<strong>da</strong>mental para odesenvolvimento <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong>s tecnologias ocorrido a partir do Renascimento.O final deste segundo capítulo abor<strong>da</strong> a utilização de alguns aparatos do <strong>olhar</strong>desenvolvidos na Renascença sob os pontos de vista do entretenimento, <strong>da</strong> ciênciae <strong>da</strong> metáfora.16 BIRAN, Maine de. Influence de l’habitude sur la facult<strong>é</strong> de penser [1803]. Paris: Ed. P. Tisserand, 1953,pp. 56-60. apud CRARY, Jonathan. Techniques of the observer: on vision and modernity in the nineteenthcentury. Massachusetts: The MIT Press, 1992. p. 73.17 CRARY, J. op. cit., p. 149.

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