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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 289fun<strong>da</strong>mentalmente espetaculoísta, onde o “desenrolar <strong>é</strong> tudo”. 624 Segundo oautor, o espetáculo serve-se <strong>da</strong> visão como sentido privilegiado <strong>da</strong> pessoa humanae não se trata simplesmente de um conjunto de imagens, “mas uma relação socialentre pessoas, media<strong>da</strong> por imagens”. 625 Apesar de Debord ter estipulado a d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong>de 1920 como o início <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de do espetáculo 626 , em nosso ponto de vista esteprocesso <strong>é</strong> anterior. Iniciou-se no s<strong>é</strong>culo XIX, predominantemente na sua segun<strong>da</strong>metade, quando têm início as Exposições Universais. As Exposições que sepretendiam universais, dentre outras coisas, pela amplidão e varie<strong>da</strong>de do quecostumavam mostrar, ofereciam um <strong>olhar</strong> para o futuro, uma visão de progressosobre o deslumbre que a tecnologia tinha a oferecer.A profusão de imagens e objetos que passou a inun<strong>da</strong>r a socie<strong>da</strong>de a partirdo s<strong>é</strong>culo XIX, continua avançando. Vimos como os espaços vêem sendo<strong>visual</strong>mente preenchidos. Ca<strong>da</strong> <strong>olhar</strong> <strong>é</strong> disputado por alguma enti<strong>da</strong>de que desejausar esta porta para imprimir uma marca em algum c<strong>é</strong>rebro. É lugar comumafirmar que a socie<strong>da</strong>de atual <strong>é</strong> “a socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> imagem” como se a <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>dehá muito não viesse atuando de forma direta em sua <strong>construção</strong>. Com estaafirmação não queremos levantar a bandeira de uma mera continui<strong>da</strong>de.Acreditamos estar vivendo em um momento de transformações tão profun<strong>da</strong>s etão fortemente ancora<strong>da</strong>s na <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de como o foi a segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culoXIX. No entanto, <strong>é</strong> importante observar como a socie<strong>da</strong>de digital, <strong>da</strong>s redes e dociberespaço freqüentemente pega de empr<strong>é</strong>stimo suas principais características<strong>da</strong>s tecnologias que a modifica. Os instrumentos tecnológicos não são objetosneutros. As tecnologias de comunicação e de produção de imagem trabalham“naturalizando” o <strong>olhar</strong>.Muitos dos estudos acadêmicos atuais partem essencialmente dos aparatostecnológicos do presente para tentar compreender as mu<strong>da</strong>nças sociais que sãoproduzi<strong>da</strong>s. Em nossa opinião, falta à maior parte destas pesquisas, a compreensãode uma ação permanente de naturalização dos processos tecnológicos respal<strong>da</strong>dospor uma ideologia que, apesar <strong>da</strong>s críticas em contrário, continua sendo alça<strong>da</strong>para frente por uma expectativa de progresso.624 DEBORD, Guy. A socie<strong>da</strong>de do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2004. p. 17.625 Ibid., p. 14.626 DEBORD, Guy. Comentários sobre a socie<strong>da</strong>de do espetáculo. In: A socie<strong>da</strong>de do espetáculo. Rio deJaneiro: Contraponto Editora, 2004. p. 168-169.

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