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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 287<strong>olhar</strong> na medi<strong>da</strong> em que podem ser compreendi<strong>da</strong>s, em última instância, comoconseqüência dos novos processos de produção trazidos com a industrialização.Neste trabalho, mostramos que, a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX,diversas tecnologias passaram a atuar na compressão <strong>da</strong>s dimensões tempoespaço,articulando a <strong>construção</strong> de um novo modo de <strong>olhar</strong>. Este novo ambientetempo-espacial, acompanhado de modificações no tecido urbano e <strong>da</strong>multiplicação exponencial de imagens e objetos, influiu na necessi<strong>da</strong>depermanente de produção do novo, do diferente, capaz de obter ressalto sobre aprofusão de fatos visuais. Neste contexto, a impossibili<strong>da</strong>de de existência de um<strong>olhar</strong> <strong>inocente</strong> estabelece sua contraparti<strong>da</strong> na constante observação do novo.Na medi<strong>da</strong> em que, o passado forneceu a estrutura para a padronização e aracionalização de um modo de <strong>olhar</strong> sobre o qual as novas tecnologias puderamatuar na transformação <strong>da</strong> <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de, cabe ao presente a realimentação desteprocesso. Ao longo do terceiro e último capítulo do nosso trabalho, demonstramoseste processo na análise <strong>da</strong>s primeiras Exposições Universais. Estas Exposiçõesforam absolutas expressões <strong>da</strong> <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de. A exibição de novos materiais,tecnologias e produtos produziu um caleidoscópio <strong>visual</strong> capaz de estimularalterações na experiência perceptiva. Atuaram reforçando a ascendência dosentido <strong>visual</strong> na socie<strong>da</strong>de burguesa do s<strong>é</strong>culo XIX, tendo como fun<strong>da</strong>mento ainculcação de um conceito de progresso intimamente relacionado à expansão <strong>da</strong><strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de.A nossa pesquisa sugere que o <strong>olhar</strong> moderno foi construído sobre um trip<strong>é</strong>formado pelas tecnologias modeladoras <strong>da</strong>s relações tempo-espaço, pelasconvenções que contribuíram para a sua compreensão e naturalização e por umape<strong>da</strong>gogia que inculcou a abertura para o novo, de modo a garantir a perpetuaçãodeste modo de <strong>olhar</strong>.O presente trabalho sugere a formulação de dois modelos ou dois momentosconstrutores do <strong>olhar</strong> moderno. Diante desta consideração, ressaltamos que ummodelo, ou momento, não se esgota simplesmente, mas fornece os fun<strong>da</strong>mentossobre os quais o novo modelo se constitui. A compreensão destes modelos emseparado tem a intenção de destacar o que subsiste de ca<strong>da</strong> um no modo de <strong>olhar</strong>contemporâneo. Assim, encontramos, de um lado, a racionali<strong>da</strong>de e a busca <strong>da</strong>ver<strong>da</strong>de que, por mais que tenha sido revisa<strong>da</strong> e contesta<strong>da</strong> nos ambientesacadêmicos atuais, continua persistindo na manutenção de convenções que

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