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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 283produção, as condições sociais, o caráter de ca<strong>da</strong> povo em particular”. 615 ParaHarvey, a organização de uma s<strong>é</strong>rie de Exposições Mundiais celebrou o“globalismo” 616 , ao mesmo tempo em que fornecia um arcabouço no âmbito doqual se poderia entender aquilo que Benjamin denomina “a fantasmagoria” domundo <strong>da</strong>s mercadorias e <strong>da</strong> competição entre nações-Estado e sistemasterritoriais de produção.Não há dúvi<strong>da</strong> de que o maior objetivo <strong>da</strong> Exposição Mundial de Londresera industrial e comercial, mas ela não pode simplesmente ser compreendi<strong>da</strong>como espaço para ven<strong>da</strong> de produtos e intercâmbio de mercadorias. 617 Um <strong>olhar</strong>que se distancie deste posicionamento <strong>é</strong> sugerido pela historiadora MadeleineReberioux, em seu estudo sobre as Exposições, ao propor que se coloquetemporariamente “entre parênteses, a dimensão explicitamente econômica <strong>da</strong>pesquisa” 618 como forma de não perder de vista a dimensão <strong>cultura</strong>l do trabalho.Neste contexto, observamos, por exemplo, a atuação <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de gera<strong>da</strong> apartir do sucesso e dos prêmios obtidos. As premiações outorga<strong>da</strong>s por júrisinternacionais conceituados constituíam-se em um incentivo decisivo para aparticipação de empresários nas exposições. Al<strong>é</strong>m de aumentar o prestígio emseus países de origem, tamb<strong>é</strong>m influíam na expansão <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s. Em algunscasos, a simples presença de produtos e máquinas nas feiras industriais eexposições universais era parâmetro do sucesso destes artefatos. Já em 1862,lemos no Trait<strong>é</strong> theorique et pratique des moteurs à vapeurs que a importância<strong>da</strong>s locomotivas a vapor pode ser julga<strong>da</strong> pelo número de peças encontra<strong>da</strong>s nasexposições industriais e agrícolas. 619 Uma me<strong>da</strong>lha conquista<strong>da</strong> em umaExposição Universal representava, ain<strong>da</strong> no s<strong>é</strong>culo XX, um sinal dereconhecimento à quali<strong>da</strong>de do produto exibido 620 . Um conferencista naExposição parisiense de 1867 considerava que:“Os livros, brochuras que tratam <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> economia social são tirados emmilhões de exemplares e são pouco lidos. As id<strong>é</strong>ias que terão publici<strong>da</strong>de na615 MARX, Karl, ENGELS, Friedrich, Werke, vol. 7. Berlim, 1969. p. 431. apud. PLUM, W. op. cit., p. 21.616 HARVEY, D. op. cit., p. 240-241.617 PLUM, W. op. cit., p. 65.618 REBERIOUX, M. op. cit., p. 3.619 AINÉ, Armengaud. Trait<strong>é</strong> theorique et pratique des moteurs a vapeurs. Paris: A. Morel et Ge. Libraires,1862. p. 111.620 PLUM, W. op. cit., p. 91.

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