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O OLHAR INOCENTE É CEGO 268dentre eles Gustav Klimt, Koloman Moser e o arquiteto Josef Hoffman, encaravacomo prioritária esta união das artes que, em última instância, mantinha a tradiçãoaristocrática e seu desejo por luxuosos objetos artesanais. Deste modo, observa-seuma conexão seqüencial entre a Secessão e a Wiener Werkstätte (Oficinas deViena), fundada em 1903 por Josef Hoffmann e Koloman Moser, entãoprofessores da Vienna Kunstgewerbeschule (Escola de Artes Aplicadas). Acompanhia estabeleceu o padrão da nova arte vienense através da produção evenda de modernos artigos têxteis, móveis e, eventualmente, roupas. 576Figura 202. Fachada do prédio da Secessão,projetado em 1898 por Josef Olbrich, com ainscrição Der Zeit ihre Kunst. Der Kunst ihreFreiheit (“À época sua arte, à arte sua liberdade”).Foto da autora. Arquivo pessoal.Figura 203. Escrivaninha.Viena,cerca de 1850. In: OTTOMEYER,H., op. cit. p. 84.Na Secessão e na Wiener Werkstätte, a renovação era perseguida através daforma, e não de seu conteúdo ou função - de maneira diametralmente oposta aoque era praticado pelos modernistas Adolf Loos e Otto Wagner. 577 Para estesarquitetos, o senso estético era definido pela função. Segundo Wagner, “o que nãoé prático, não pode ser bonito”. 578 Loos, que embora tenha sido atuante naarquitetura vienense, obteve um maior reconhecimento através dos seus textos576HOUZE, Rebecca. From Wiener Kunst im Hause to the Wiener Werkstätte: Marketing Domesticity withFashionable Interior Design. In: Design Issues: Massachusetts Institute of Technology. Volume 18, Number 1Winter 2002. p. 1.577 OTTOMEYER, H. op. cit. p. 63578 A frase completa, de 1894, é "O único ponto de partida possível para a criação é a vida moderna. Todas asformas devem estar em harmonia com as novas exigências do nosso tempo. Nada que não seja prático poderáser belo”.
O OLHAR INOCENTE É CEGO 269reflexivos onde criticava acidamente o excesso de decoração do design vienense eos produtos da Secessão. Um dos seus textos mais importantes, Ornamento eCrime publicado em 1908, tornou-se um manifesto cultural do modernismo.Apesar da rivalidade que apartava a obra destes designers, credita-se a eles aprimeira redescoberta do Biedermeier por volta de 1900, que veio a estabelecernas origens do ideal burguês de funcionalidade os princípios estéticos damodernidade. 579 Otto Wagner e seus alunos de então, dentre estes Josef Hoffmanne Josef Olbrich, faziam uso do estilo Biedermeier por sua simplicidade formal elinhas limpas, assim como sua associação com a naturalidade da vida doméstica.De qualquer forma, o resgate do Biedemeier atendeu à busca por uma expressãonacional (austríaca) com características próprias que a distanciasse dos Arts andCrafts ingleses, cujos móveis foram ostensivamente apresentados na ExposiçãoJubilar de 1898 em Viena. 580Nesta parte do trabalho observamos as contradições entre as formas protomodernasda construção do Palácio de Cristal e os objetos excessivamenteornamentados expostos em seu interior. A existência de estilos tão diferentes e avariação na própria compreensão do sentido do “bom gosto” observada no séculoXIX apontam para a coexistência de diversos modos de olhar em um mesmoperíodo.4.4.2. Verdades e mentiras do valor e da aparênciaA maior parte dos produtos apresentados na Exposição de 1851 carregavaum excesso de ornamento que, na opinião de Richard Redgrave, os faziaassemelhar-se a bolos excessivamente decorados, não para serem consumidos,mas para chamar a atenção dos consumidores. 581 Aparentemente havia umaquestão simbólica que fazia com que a classe média e as classes trabalhadorasdessem preferência aos produtos excessivamente decorados e coloridos porconsiderarem serem estes representativos do gosto de uma camada superior. Parahttp://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-e-401.htm - acesso em 17/5/2006579 A sugestão de que Loos, Moser e Hoffmann acreditaram ter descoberto o ideal burguês de funcionalidadena simplicidade do estilo de quase um século atrás, é encontrada no texto introdutório do painel da exposição“Biedermeier. The Invention of Simplicity”, realizada no Museu Albertina de Viena em 2007.580 Ver a crítica de Loos à exposição realizada em homenagem aos 50 anos de governo do ImperadorFrancisco José. LOOS, Adolf. Ornamento e crime. Lisboa: Edições Cotovia, 2004. p. 24-33.
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O OLHAR INOCENTE É CEGO 269reflexivos onde criticava aci<strong>da</strong>mente o excesso de decoração do design vienense eos produtos <strong>da</strong> Secessão. Um dos seus textos mais importantes, Ornamento eCrime publicado em 1908, tornou-se um manifesto <strong>cultura</strong>l do modernismo.Apesar <strong>da</strong> rivali<strong>da</strong>de que apartava a obra destes designers, credita-se a eles aprimeira redescoberta do Biedermeier por volta de 1900, que veio a estabelecernas origens do ideal burguês de funcionali<strong>da</strong>de os princípios est<strong>é</strong>ticos <strong>da</strong>moderni<strong>da</strong>de. 579 Otto Wagner e seus alunos de então, dentre estes Josef Hoffmanne Josef Olbrich, faziam uso do estilo Biedermeier por sua simplici<strong>da</strong>de formal elinhas limpas, assim como sua associação com a naturali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dom<strong>é</strong>stica.De qualquer forma, o resgate do Biedemeier atendeu à busca por uma expressãonacional (austríaca) com características próprias que a distanciasse dos Arts andCrafts ingleses, cujos móveis foram ostensivamente apresentados na ExposiçãoJubilar de 1898 em Viena. 580Nesta parte do trabalho observamos as contradições entre as formas protomodernas<strong>da</strong> <strong>construção</strong> do Palácio de Cristal e os objetos excessivamenteornamentados expostos em seu interior. A existência de estilos tão diferentes e avariação na própria compreensão do sentido do “bom gosto” observa<strong>da</strong> no s<strong>é</strong>culoXIX apontam para a coexistência de diversos modos de <strong>olhar</strong> em um mesmoperíodo.4.4.2. Ver<strong>da</strong>des e mentiras do valor e <strong>da</strong> aparênciaA maior parte dos produtos apresentados na Exposição de 1851 carregavaum excesso de ornamento que, na opinião de Richard Redgrave, os faziaassemelhar-se a bolos excessivamente decorados, não para serem consumidos,mas para chamar a atenção dos consumidores. 581 Aparentemente havia umaquestão simbólica que fazia com que a classe m<strong>é</strong>dia e as classes trabalhadorasdessem preferência aos produtos excessivamente decorados e coloridos porconsiderarem serem estes representativos do gosto de uma cama<strong>da</strong> superior. Parahttp://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-e-401.htm - acesso em 17/5/2006579 A sugestão de que Loos, Moser e Hoffmann acreditaram ter descoberto o ideal burguês de funcionali<strong>da</strong>dena simplici<strong>da</strong>de do estilo de quase um s<strong>é</strong>culo atrás, <strong>é</strong> encontra<strong>da</strong> no texto introdutório do painel <strong>da</strong> exposição“Biedermeier. The Invention of Simplicity”, realiza<strong>da</strong> no Museu Albertina de Viena em 2007.580 Ver a crítica de Loos à exposição realiza<strong>da</strong> em homenagem aos 50 anos de governo do ImperadorFrancisco Jos<strong>é</strong>. LOOS, Adolf. Ornamento e crime. Lisboa: Edições Cotovia, 2004. p. 24-33.