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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 256modernização <strong>da</strong> indústria atingiram as diversas áreas <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>, com predomínio<strong>da</strong> arquitetura e do design, áreas onde nenhum fator do processo criativopermaneceu constante. Sejam os meios de produção, os materiais utilizados namanufatura, o número de objetos produzidos, a veloci<strong>da</strong>de de produção ou opúblico consumidor, todos estes fatores sofreram algum tipo de modificação nesteperíodo. 551 Segundo este autor, os poetas românticos ingleses podiam questionaros valores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de industrial ou dos avanços científicos utilizando o mesmotipo de prosa e versos que sempre utilizaram. Embora o conteúdo de sua arte tenhase modificado, o mesmo não ocorreu com as premissas de sua criação. A poesiapôde ser crítica sem ter que, ela própria, transformar-se. O designer não contacom esta possibili<strong>da</strong>de. De acordo com Greenhalgh, os produtos industriais nãopodem abarcar uma crítica sem, ao mesmo tempo, questionar o seu própriosentido de existência. 552 Este <strong>é</strong> um paradoxo que acompanha o design desde o seusurgimento no início do processo de industrialização.Al<strong>é</strong>m disso, há uma característica que diferencia enormemente o pr<strong>é</strong>dio dosobjetos. Como vimos, o Palácio de Cristal foi construído visando atender umas<strong>é</strong>rie de requisitos e funções estabeleci<strong>da</strong>s por homens ligados à <strong>cultura</strong> e à arte.Neste sentido, foram utiliza<strong>da</strong>s as mais avança<strong>da</strong>s tecnologias construtivas e acrítica não influiu na sua realização. Em relação aos objetos exibidos, passava-sealgo muito diferente. Havia a expectativa de agra<strong>da</strong>r o maior número deconsumidores, apesar dos objetos não se encontrarem expostos para a ven<strong>da</strong>direta. Neste contexto, podemos colocar, de um lado, os objetos e seu excesso deornamentos - aparentemente, adequado ao gosto do público, ou do que se imaginaou imaginava conhecer dele – e de outro lado, a crítica <strong>da</strong> <strong>é</strong>poca em textos quediscutem utili<strong>da</strong>de, adequação de materiais, a relação entre design e ornamento e aformação do bom gosto. Alguns destes textos mantêm-se ain<strong>da</strong> muito atuais epodem colaborar no desdobramento contemporâneo de questões significativaspara a <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>, ampliando a questão <strong>da</strong> dispari<strong>da</strong>de est<strong>é</strong>tica entre pr<strong>é</strong>dio eExposição.Na Exposição de 1851, os objetos eram expostos em estandes, organizadospelos próprios fabricantes de acordo com quatro categorias que refletiam o ciclode produção: mat<strong>é</strong>ria-prima, maquinaria e invenções mecânicas, manufaturas e,551 GREENHALGH, P. op. cit., p. 142.

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