21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 253depois, resolveu rever os crit<strong>é</strong>rios utilizados anteriormente. Considerando adificul<strong>da</strong>de de se negar que as belas artes poderiam ter seu próprio valor utilitárioe o prazer de <strong>olhar</strong> o que <strong>é</strong> “bonito em forma e cor, ain<strong>da</strong> que não essencial à meraexistência”, o comitê resolveu admitir trabalhos não utilitários, “no sentidocomum <strong>da</strong> palavra”. 546Apenas em 1855, na primeira Exposição Universal realiza<strong>da</strong> em Paris <strong>é</strong> queo papel <strong>da</strong>s belas-artes foi modificado. Procurando, ao mesmo tempo, firmar-secomo um proeminente centro artístico e elevar a arte a uma posição de destaque,Paris realizou uma gigantesca exposição de arte que reuniu mais de 5.000 obras dearquitetura, es<strong>cultura</strong>, gravura e pintura. O conceito de uma arte capaz de espelhare estimular os progressos no campo do bom gosto fun<strong>da</strong>mentava-se na “conexãopróxima entre a melhoria do desenvolvimento <strong>da</strong>s manufaturas e as belasartes”. 547 Para Greenhalgh, se a Grande Exibição de 1851 serviu de padrão para oseventos seguintes, a partir de 1867 e at<strong>é</strong> o início <strong>da</strong> Primeira Guerra, o modelo aser seguido <strong>é</strong> parisiense 548 . As feiras americanas poderiam ser monumentais, mas,definitivamente, era Paris quem ditava a mo<strong>da</strong>. Foi a França que demoliu a noçãode um pavilhão gigantesco em favor de numerosos pr<strong>é</strong>dios, incluindo algunsconstruídos pelos países participantes.A <strong>construção</strong> do Palácio de Cristal representou um grande passo na direçãode uma revolução <strong>da</strong>s formas: “o estilo construtivo contraposto ao estilo históricotornou-se a palavra de ordem do movimento moderno”. 549 No entanto, as linhasmodernas observa<strong>da</strong>s nas ilustrações e fotografias do Palácio de Cristal nãoencontravam eco no que era visto em seu interior. O pr<strong>é</strong>dio e o conteúdo <strong>da</strong>exibição parecem ter sido produzidos em períodos diferentes.Em primeiro lugar <strong>é</strong> importante mencionar que, apesar <strong>da</strong> monumentali<strong>da</strong>desugeri<strong>da</strong> pela modulação em ferro, os elementos construtivos, ao nível <strong>da</strong> visão,encontravam-se muitas vezes excessivamente “decorados”, encobertos oudisfarçados, como se buscassem ocultar a nudez <strong>da</strong> estrutura. A propósito de umas<strong>é</strong>rie de aquarelas pinta<strong>da</strong> por Joseph Nash para o Príncipe Albert, comentaWalter Benjamin:546 The Official Catalogue of the Great Industrial Exhibition, Dublin 1853. Dublin, 1853. apudGREENHALGH, P. op. cit., p. 13547 Reports on the Paris Universal Exhibition, 3 Volumes, presented to both Houses of Parliamente, 1856,apud GREENHALGH, P. op. cit., p. 14548 GREENHALGH, P. op. cit., p. 15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!