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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 251tartaruga reproduzia o meteorito Bendengó caído em território baiano no ano de1784.Havia um grande esforço para realçar as manufaturas. O tabaco eraapresentado em sua forma natural, mas tamb<strong>é</strong>m manufaturado. As fotografias(Figura 171 àFigura 175) mostram conservas alimentares, bebi<strong>da</strong>s, perfumarias. Produtosquímicos e farmacêuticos ocupavam fileiras e fileiras de potes e garrafassugerindo uma produção em massa que, de fato, não existia. Algumas vitrinesmostram meias, chap<strong>é</strong>us, livros e artigos de papelaria. Mas, a Exposição brasileiraem 1889 não apresenta sinais de produtos pr<strong>é</strong>-fabricados nem produzidos emmassa, como tamb<strong>é</strong>m não há sinal de algo que poderia receber o nome de“design”. De uma maneira geral, a participação do Brasil aproxima-se mais doexótico, do paradisíaco e do luxuriante do que de uma nação moderna, industrial eprogressista. Por outro lado, reflete uma <strong>cultura</strong> moderna que não se mostrahomogênea, uridi<strong>da</strong> por transformações lentas e indefini<strong>da</strong>s.Neste contexto, a constituição de uma <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> moderna soa distantedo que <strong>é</strong> vivido no Brasil, situando-se de maneira bastante restrita a uma pequenaparcela <strong>da</strong> população. As implicações e conseqüências desta questão mereceriamuma análise específica que foge ao escopo deste trabalho. No entanto, <strong>é</strong>importante ressaltar que, apesar <strong>da</strong> modernização ain<strong>da</strong> desenvolver-se longe doterritório brasileiro, <strong>é</strong> evidente a atração que produzia e que levou o Brasil aparticipar destas Exposições, na busca por adquirir um pouco desta dimensãomoderna.4.4. Arte e indústria – contradiçõesCom o objetivo de valorizar a indústria, a organização <strong>da</strong> Exposição deLondres em 1851, estabeleceu uma s<strong>é</strong>rie de regras em relação à participação <strong>da</strong>arte no evento que aponta para mu<strong>da</strong>nças na própria forma de se pensar a arte.Buscava-se reforçar a ligação entre indústria e progresso e, deste modo, a artedeveria apresentar compatibili<strong>da</strong>de com este ideal. As artes visuais incluí<strong>da</strong>s namostra deveriam necessariamente apresentar um elemento cientifico, tecnológicoou industrial. Havia restrição a produtos que não apresentassem conexão comprocessos mecânicos. No contexto <strong>da</strong> Exposição de 1851, as obras de arte

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