O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes
O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes
O OLHAR INOCENTE É CEGO 246Figura 166. “Quadro feito a bico de agulha...”Recordações da Exposição Nacional de 1861.Reprodução do álbum de 1861. Rio de Janeiro:Confraria dos Amigos do Livro, 1977.Figura 167. O Brasil na ExposiçãoInternacional de Londres. Recordações daExposição Nacional de 1861. Reprodução doálbum de 1861. Rio de Janeiro: Confraria dosAmigos do Livro, 1977.Em 1873 uma outra exposição nacional foi realizada com o mesmo objetivode selecionar produtos para a Exposição Universal, desta vez a ser realizada nestemesmo ano em Viena. Este evento deixou claro que mesmo a Exposição Nacionalnão refletia a realidade do que era produzido no país. Se, por um lado, a pequenaindústria não encontrava estímulo para participar do evento, de outro lado, a maiorparte dos produtos expostos jamais era encontrada no mercado e pareciam serproduzidos unicamente para a exposição. 535 Neste contexto, as ExposiçõesUniversais aparentam vincular-se mais ao imaginário da indústria do que à própriaindústria.As excentricidades da participação do Brasil nas Exposições Universaisatingem seu ápice em 1889, na Exposição Universal de Paris. A comemoração doscem anos da Revolução Francesa e de seus valores de liberdade, igualdade efraternidade, levou o Império do Brasil, assim como as demais monarquias, àrecusa em uma participação oficial. No entanto, isso não excluiu uma participaçãooficiosa com a iniciativa privada recebendo subsídios financeiros. 536 Mas, isso nãosignifica que a decisão de levar o Brasil à Exposição tenha sido simples. Aocontrário. De um lado, argumentava-se que esta participação seria um luxodesnecessário, envolvendo grandes gastos para um evento que privilegiavamaquinarias, técnicas e produção fabril, setores incipientes no Brasil. De outro,535 PESAVENTO, S. op. cit., p. 143.536 GOMES, Angela de Castro. O 15 de novembro. In: GOMES, A. C.; PANDOLFI, D. C.; ALBERTI, V. A(coord.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, CPDOC, 2002. p. 25.
O OLHAR INOCENTE É CEGO 247argumentos favoráveis defendiam a necessidade de fazer o país conhecido erespeitado internacionalmente, de modo a atrair investimentos estrangeiros.Desde suas primeiras participação nas primeiras Exposições, o parque fabrilbrasileiro havia crescido e aperfeiçoado alguns de seus processos, aproximando opaís do que era considerada “civilização ocidental”. 537 A participação do Brasil naExposição Universal de 1889 tinha a pretensão de evidenciar a existência de“produtos nitidamente industriais, compatíveis com os fins do encontrointernacional, e que atestassem o desenvolvimento que o país atravessava”. 538 Umconcurso para a escolha do pavilhão do Brasil optou por um edifico “nada exóticona sua fachada exterior” 539 de inspiração espanhola. O interior era de ferroaparente e sobre ele assentava uma cúpula envidraçada com pintura interna emouro. O Brasil instalou-se um pouco depois da abertura da Exposição no Campode Marte, bem ao lado da Torre Eiffel. Esta proximidade, que em um primeiromomento pareceu uma vantagem, acabou por tornar acanhado o pavilhãobrasileiro diante da monumentalidade da Torre. 540 Uma observação atenta daplanta do Campo de Marte incluída no álbum de fotografias da participação doBrasil dedicado pela Comissão Geral a sua Alteza Imperial 541 , que hoje faz parteda Coleção Iconográfica do Museu do Itamaraty no Rio de Janeiro, nos permitiualgumas considerações. De fato, a área do pavilhão brasileiro encontra-se ao ladodo pilar oeste da Torre Eiffel. A área construída e que aparece na maior parte dasfotos e ilustrações (Figura 168) parece, na planta, ocupar menos de um terço dotamanho dos pavilhões do México e da Argentina que se encontram nasproximidades. Mas, há um pequeno detalhe. A área ocupada pelo Brasil expandesepara além do prédio principal. Havia ainda um quiosque para degustação decafé ao lado de um lago artificial mantido a 30 graus para a exibição da exóticavitória-régia e que acabou sendo o grande destaque da participação do Brasil. Nocanto esquerdo da foto do lago (Figura 169) vemos alguns utensílios, como louçase bules, provavelmente utilizados na degustação do café.537 PESAVENTO, S. op. cit., p. 189.538 Ibid., p. 191.539 LES MERVEILLES DE L’EXPOSITON DE 1889. Paris: Librairie Illustrée, 1890. p. 483.540 GOMES, A. op. cit., p. 26.541 As fotografias aqui reproduzidas foram tomadas pela autora no Palácio do Itamaraty. As manchas deenvelhecimento das mesmas foram reproduzidas do mesmo modo que foram captadas. A autora optou pornão realizar nenhum tipo de restauro no material, tendo usado apenas um filtro que acentuasse o contraste. Noentanto, algumas fotografias que apresentavam partes muito comprometidas foram cortadas em umenquadramento que favorecesse a visualização dos itens expostos.
- Page 195 and 196: O OLHAR INOCENTE É CEGO 195estabil
- Page 197 and 198: O OLHAR INOCENTE É CEGO 197Figura
- Page 199 and 200: O OLHAR INOCENTE É CEGO 199Neste c
- Page 201 and 202: O OLHAR INOCENTE É CEGO 201relacio
- Page 203 and 204: O OLHAR INOCENTE É CEGO 203mecâni
- Page 205 and 206: O OLHAR INOCENTE É CEGO 205belezas
- Page 207 and 208: O OLHAR INOCENTE É CEGO 207percep
- Page 209 and 210: O OLHAR INOCENTE É CEGO 209alguns
- Page 211 and 212: O OLHAR INOCENTE É CEGO 211Enquant
- Page 213 and 214: O OLHAR INOCENTE É CEGO 213XVII, f
- Page 215 and 216: O OLHAR INOCENTE É CEGO 215cinco m
- Page 217 and 218: O OLHAR INOCENTE É CEGO 2174.A ped
- Page 219 and 220: O OLHAR INOCENTE É CEGO 219exemplo
- Page 221 and 222: O OLHAR INOCENTE É CEGO 221indúst
- Page 223 and 224: O OLHAR INOCENTE É CEGO 223de la R
- Page 225 and 226: O OLHAR INOCENTE É CEGO 225constit
- Page 227 and 228: O OLHAR INOCENTE É CEGO 227esforç
- Page 229 and 230: O OLHAR INOCENTE É CEGO 229nova cu
- Page 231 and 232: O OLHAR INOCENTE É CEGO 231impress
- Page 233 and 234: O OLHAR INOCENTE É CEGO 233de Cris
- Page 235 and 236: O OLHAR INOCENTE É CEGO 235Figura
- Page 237 and 238: O OLHAR INOCENTE É CEGO 237ornamen
- Page 239 and 240: O OLHAR INOCENTE É CEGO 239O final
- Page 241 and 242: O OLHAR INOCENTE É CEGO 241grande
- Page 243 and 244: O OLHAR INOCENTE É CEGO 243Haveria
- Page 245: O OLHAR INOCENTE É CEGO 245palavra
- Page 249 and 250: O OLHAR INOCENTE É CEGO 249Figura
- Page 251 and 252: O OLHAR INOCENTE É CEGO 251tartaru
- Page 253 and 254: O OLHAR INOCENTE É CEGO 253depois,
- Page 255 and 256: O OLHAR INOCENTE É CEGO 255Figura
- Page 257 and 258: O OLHAR INOCENTE É CEGO 257por úl
- Page 259 and 260: O OLHAR INOCENTE É CEGO 259como me
- Page 261 and 262: O OLHAR INOCENTE É CEGO 261Nenhum
- Page 263 and 264: O OLHAR INOCENTE É CEGO 263naturez
- Page 265 and 266: O OLHAR INOCENTE É CEGO 265noção
- Page 267 and 268: O OLHAR INOCENTE É CEGO 267preserv
- Page 269 and 270: O OLHAR INOCENTE É CEGO 269reflexi
- Page 271 and 272: O OLHAR INOCENTE É CEGO 271produç
- Page 273 and 274: O OLHAR INOCENTE É CEGO 273represe
- Page 275 and 276: O OLHAR INOCENTE É CEGO 275Figura
- Page 277 and 278: O OLHAR INOCENTE É CEGO 277interes
- Page 279 and 280: O OLHAR INOCENTE É CEGO 279especif
- Page 281 and 282: O OLHAR INOCENTE É CEGO 281conexã
- Page 283 and 284: O OLHAR INOCENTE É CEGO 283produç
- Page 285 and 286: O OLHAR INOCENTE É CEGO 2855.Consi
- Page 287 and 288: O OLHAR INOCENTE É CEGO 287olhar n
- Page 289 and 290: O OLHAR INOCENTE É CEGO 289fundame
- Page 291 and 292: O OLHAR INOCENTE É CEGO 291urgênc
- Page 293 and 294: O OLHAR INOCENTE É CEGO 293_____.
- Page 295 and 296: O OLHAR INOCENTE É CEGO 295CERTEAU
O OLHAR INOCENTE É CEGO 247argumentos favoráveis defendiam a necessi<strong>da</strong>de de fazer o país conhecido erespeitado internacionalmente, de modo a atrair investimentos estrangeiros.Desde suas primeiras participação nas primeiras Exposições, o parque fabrilbrasileiro havia crescido e aperfeiçoado alguns de seus processos, aproximando opaís do que era considera<strong>da</strong> “civilização ocidental”. 537 A participação do Brasil naExposição Universal de 1889 tinha a pretensão de evidenciar a existência de“produtos niti<strong>da</strong>mente industriais, compatíveis com os fins do encontrointernacional, e que atestassem o desenvolvimento que o país atravessava”. 538 Umconcurso para a escolha do pavilhão do Brasil optou por um edifico “na<strong>da</strong> exóticona sua facha<strong>da</strong> exterior” 539 de inspiração espanhola. O interior era de ferroaparente e sobre ele assentava uma cúpula envidraça<strong>da</strong> com pintura interna emouro. O Brasil instalou-se um pouco depois <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> Exposição no Campode Marte, bem ao lado <strong>da</strong> Torre Eiffel. Esta proximi<strong>da</strong>de, que em um primeiromomento pareceu uma vantagem, acabou por tornar acanhado o pavilhãobrasileiro diante <strong>da</strong> monumentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Torre. 540 Uma observação atenta <strong>da</strong>planta do Campo de Marte incluí<strong>da</strong> no álbum de fotografias <strong>da</strong> participação doBrasil dedicado pela Comissão Geral a sua Alteza Imperial 541 , que hoje faz parte<strong>da</strong> Coleção Iconográfica do Museu do Itamaraty no Rio de Janeiro, nos permitiualgumas considerações. De fato, a área do pavilhão brasileiro encontra-se ao ladodo pilar oeste <strong>da</strong> Torre Eiffel. A área construí<strong>da</strong> e que aparece na maior parte <strong>da</strong>sfotos e ilustrações (Figura 168) parece, na planta, ocupar menos de um terço dotamanho dos pavilhões do M<strong>é</strong>xico e <strong>da</strong> Argentina que se encontram nasproximi<strong>da</strong>des. Mas, há um pequeno detalhe. A área ocupa<strong>da</strong> pelo Brasil expandesepara al<strong>é</strong>m do pr<strong>é</strong>dio principal. Havia ain<strong>da</strong> um quiosque para degustação decaf<strong>é</strong> ao lado de um lago artificial mantido a 30 graus para a exibição <strong>da</strong> exóticavitória-r<strong>é</strong>gia e que acabou sendo o grande destaque <strong>da</strong> participação do Brasil. Nocanto esquerdo <strong>da</strong> foto do lago (Figura 169) vemos alguns utensílios, como louçase bules, provavelmente utilizados na degustação do caf<strong>é</strong>.537 PESAVENTO, S. op. cit., p. 189.538 Ibid., p. 191.539 LES MERVEILLES DE L’EXPOSITON DE 1889. Paris: Librairie Illustr<strong>é</strong>e, 1890. p. 483.540 GOMES, A. op. cit., p. 26.541 As fotografias aqui reproduzi<strong>da</strong>s foram toma<strong>da</strong>s pela autora no Palácio do Itamaraty. As manchas deenvelhecimento <strong>da</strong>s mesmas foram reproduzi<strong>da</strong>s do mesmo modo que foram capta<strong>da</strong>s. A autora optou pornão realizar nenhum tipo de restauro no material, tendo usado apenas um filtro que acentuasse o contraste. Noentanto, algumas fotografias que apresentavam partes muito comprometi<strong>da</strong>s foram corta<strong>da</strong>s em umenquadramento que favorecesse a <strong>visual</strong>ização dos itens expostos.