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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 245palavras, a participação do Brasil nas Exposições procurava, em primeiro lugar,dirigir a atenção <strong>da</strong> elite local e, em segundo lugar, atrair a participação <strong>da</strong>economia estrangeira. Das intenções educativas que permeavam as ExposiçõesUniversais, não há sinais. No Brasil, a <strong>cultura</strong> moderna era ministra<strong>da</strong> apenas àselites.A Exposição Nacional do Rio de Janeiro de 1861 não cumpriu com sucessoo seu papel de selecionar produtos para a Exposição londrina do ano seguinte. ORio Grande do Sul, por exemplo, não conseguiu enviar os seus produtos emtempo hábil para a Exposição <strong>da</strong> Corte. 532 Como observa Pesavanto, os nomes dosexpositores <strong>da</strong> Exposição Nacional não remetem à manufaturas, mas às estânciasou fazen<strong>da</strong>s onde se realizavam trabalhos manuais sem fins lucrativos. De umamaneira geral, o beneficiamento destes produtos era “obra do trabalho manual e<strong>da</strong> virtuali<strong>da</strong>de t<strong>é</strong>cnica de um artesão, integrado a uma ativi<strong>da</strong>de primáriadominante”. 533 As raras exceções eram encontra<strong>da</strong>s em alguma pequenamanufatura de couro ou no processo de conservação de carne e, definitivamente,não foram estes tímidos esforços que marcaram a participação do Brasil naLondres de 1862. As máquinas descritas foram apresenta<strong>da</strong>s em “estampasphotographicas” porque não havia espaço para acomo<strong>da</strong>r os artefatos no localdestinado aos produtos do Brasil. 534 O país se fez representar por objetos como“um quadro feito a bico de agulha sobre o fundo de um prato de porcelana branca,enfumaçado a luz de um candeeiro, feito e exposto pelo Sr. C. Schlapritz,provincia de Pernambuco” (Figura 166). Uma ilustração do estande do Brasil emLondres apresenta peles de animais, redes, chap<strong>é</strong>us e botas (Figura 167). Destemodo, frente ao avanço t<strong>é</strong>cnico e científico exposto pelas nações europ<strong>é</strong>ias, <strong>é</strong>compreensível que ao Brasil coube a identificação com o “exótico”.532 Ibid., p. 108.533 Ibid., p. 109.534 Catálogo dos productos nacionaes e industriaes remetidos para a Exposição Universal de Londres. In:Recor<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> Exposição Nacional de 1861. Rio de Janeiro, Confraria dos amigos do livro, 1977. p. 125

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