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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 244representariam a nação brasileira em Londres. 527 A morosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s negociações eos entraves burocráticos adiaram as exposições provinciais para novembro de1861 e a Primeira Exposição Nacional aconteceu no mês seguinte no pr<strong>é</strong>dio <strong>da</strong>Escola Central do Largo de São Francisco. O evento contou com a presença <strong>da</strong>família real e a execução <strong>da</strong> Marcha <strong>da</strong> Indústria, composta especialmente pelomaestro Antonio Carlos Gomes. 528 Apesar disso, lamentou-se a “quase totalausência de inventos” na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, a primeira a serrealiza<strong>da</strong> em um país em desenvolvimento.A id<strong>é</strong>ia de levar o Brasil a participar <strong>da</strong>s festas <strong>da</strong> modernização e doprogresso aparecia como uma possibili<strong>da</strong>de de, mesmo correndo o risco de exporsuas fraquezas às nações avança<strong>da</strong>s, atrair a atenção de investidores estrangeiros.De forma contraditória, pairava um desejo de mu<strong>da</strong>nça e inovação, lado a ladocom a manutenção de um regime escravista voltado para a exportação de produtosagrícolas. Pesavento observa que, na medi<strong>da</strong> em que a agri<strong>cultura</strong> era o principalfun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> riqueza do país, era nela que a nação investia. A <strong>cultura</strong> modernapretendi<strong>da</strong> era volta<strong>da</strong> para o desenvolvimento de base agrícola 529 , deste modo, abusca pela renovação tecnológica voltava-se para m<strong>é</strong>todos, fabricação deinstrumentos e máquinas para a agri<strong>cultura</strong>. De fato, empreendimentos como aagri<strong>cultura</strong> e a criação de gado eram considerados indústrias, assim como asativi<strong>da</strong>des extrativas ou de coleta. À <strong>é</strong>poca, o sentido do termo indústria era amploe compreendia “to<strong>da</strong> e qualquer forma de ativi<strong>da</strong>de humana, independente do graude beneficiamento, do emprego de tecnologia ou <strong>da</strong>s relações sociaissubjacentes”. 530 Deste modo, no Brasil, o desejo de melhoramento dos “processosindustriais” desconsiderava questões como a divisão de tarefas e produção emmassa, levando em conta a produção de caf<strong>é</strong> e açúcar. Al<strong>é</strong>m disso, o fato do Brasilcontar com um reduzido mercado de mão-de-obra livre reforçou uma s<strong>é</strong>rie dediferenças em relação às Exposições europ<strong>é</strong>ias como, por exemplo, a preocupaçãoem seduzir a elite local para “os novos caminhos que se abriam com o progressot<strong>é</strong>cnico e que reverteriam em vantagens econômicas concretas”. 531 Em outras526 Auxiliador <strong>da</strong> Indústria Nacional, n. 23, jul. 1855 – jan. 1856, p. 320. Nota 1. apud PESAVENTO, S. op.cit., p. 97.527 PESAVENTO, S. op. cit., p. 99.528 Ibid., p. 100.529 Ibid., p. 102.530 Ibid., p. 105.531 Ibid., p. 107.

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