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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 225constituem um palco privilegiado para a observação <strong>da</strong> <strong>construção</strong> e pe<strong>da</strong>gogia deuma <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> a partir do processo de modernização do ocidente.4.2. Diversão pe<strong>da</strong>gógica ou pe<strong>da</strong>gogia do entretenimentoO fato de compreendermos as Exposições Universais como difusores devalores ou, ain<strong>da</strong>, como inculcadores simbólicos 479 de uma <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>moderna, permite-nos sugerir, em relação à <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>, a existência de um“projeto pe<strong>da</strong>gógico”, ou pelo menos, uma intenção instrucional por parte dosexpositores, homens de negócios e poderes públicos. Este pensamento buscareforço na afirmação de Reberioux de que as exposições colocavam-se como umatentativa de fazer admitir a industrialização a uma socie<strong>da</strong>de majoritariamenterural. 480 Em outras palavras, buscava-se “educar” as massas em relação a ummodelo de vi<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentado na socie<strong>da</strong>de industrial e esta intenção encontravasecompletamente basea<strong>da</strong> no estímulo a uma <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> nascente. Barbuyobserva que os organizadores e cronistas <strong>da</strong>s Exposições Universais, em muitosmomentos, “referem-se a suas funções instrutivas”. 481 As mostras específicassobre história do trabalho, história <strong>da</strong> habitação, t<strong>é</strong>cnicas de higiene e, tamb<strong>é</strong>m,sobre as nações coloniza<strong>da</strong>s, de fato, poderiam referir-se, respectivamente, àhistória <strong>da</strong>s t<strong>é</strong>cnicas de produção industrial e demonstrações <strong>da</strong>s mais recentestecnologias, como o ferro na arquitetura, mas, tamb<strong>é</strong>m, à apresentação de modosde vi<strong>da</strong>s atrasados – dos colonizados, considerados atados à pr<strong>é</strong>-moderni<strong>da</strong>de –como forma de estabelecer contraste e valorizar o homem moderno.O princípio pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong>s exposições era baseado no conceito de “exporid<strong>é</strong>ias para uma audiência ignorante em uma linguagem que ela pudesse entenderde modo a exercer influência sobre este público”. 482 As primeiras Exposiçõesseguiam vários objetivos: aprimorar o gosto <strong>da</strong> classe m<strong>é</strong>dia, apresentar opções demelhoramento às manufaturas, e educar e moralizar a classe operária. 483 Em 1874,479 BOURDIEU, Pierre et PASSERON, J. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino.Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982. p. 121. Os autores mencionam violência simbólica e inculcação emcontraponto à noção de um aprendizado intuitivo e ingênuo.480 REBERIOUX, M. op. cit., p. 10.481 BARBUY, H. op. cit., p. 54.482 GREENHALGH, P. op. cit., 19.483 Id.

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