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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 224aparente infinita varie<strong>da</strong>de de modelos e aplicações. Nas palavras de um autorcontemporâneo:Há ro<strong>da</strong>s que giram tão rápido que na<strong>da</strong> mais se distingue de sua forma. Obatimento cadenciado <strong>da</strong>s correias de transmissão não cansa os ouvidos, os olhostêm mil coisas para ver; <strong>é</strong> o poema do ferro, desenrolando-se em estrofes fe<strong>é</strong>ricas.E que varie<strong>da</strong>de! 475Benjamin, ao descrever como as multidões passaram a conhecer o prazer apartir do espetáculo com as Exposições Universais, observa como estedeslumbramento era voltado para a <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de: “tudo <strong>olhar</strong>, na<strong>da</strong> tocar”. 476 Semdúvi<strong>da</strong>, há nesta id<strong>é</strong>ia a evidência de uma nova constituição perceptiva onde osentido <strong>da</strong> visão <strong>é</strong> privilegiado e reverenciado como porta de entra<strong>da</strong> de uma novaformulação social para a qual se buscava amplo apoio.As Exposições Universais apresentam-se como um campo de formação <strong>da</strong><strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>, seja na arquitetura – construí<strong>da</strong> especialmente para o evento oucomo parte de uma exibição específica - na ornamentação e no design dosprodutos expostos, na organização dos produtos exibidos, e, por fim, nasdiscussões contemporâneas que acompanharam estas exibições caracterizando,muitas vezes, a pe<strong>da</strong>gogia de uma nova <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de onde todos os elementosanteriores mesclam-se em uma ampla formulação. Para Siegfried Giedion asExposições Universais aproximavam-se a Gesamtkunstwerke – obras de arte total:To<strong>da</strong>s as regiões, e mesmo, em uma retrospectiva, to<strong>da</strong>s as <strong>é</strong>pocas. Da agri<strong>cultura</strong> emineração, <strong>da</strong> indústria e <strong>da</strong>s máquinas, mostra<strong>da</strong>s em funcionamento, at<strong>é</strong> asmat<strong>é</strong>rias-primas e o material manufaturado, at<strong>é</strong> a arte e o artesanato. Há nisso tudouma necessi<strong>da</strong>de singular de síntese prematura, que <strong>é</strong> própria do s<strong>é</strong>culo XIXtamb<strong>é</strong>m em outros domínios – pensemos na obra de arte total. 477A comparação de Giedion parte <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nova experiência <strong>visual</strong>,onde se combinam as maquinarias tecnológicas com a arte, os artefatos de guerracom os produtos de mo<strong>da</strong> e os negócios com o prazer e o entretenimento. 478 Destemodo, consideramos que as Exposições Universais inicia<strong>da</strong>s no s<strong>é</strong>culo XIX475 DUMAS, F. G. (org.); FOUCARD (red.). Revue de l’Exposition universelle de 1889. Paris: Motteroz/Baschet, 1889. v. 1. p. 222. apud BARBUY, H. op. cit., p. 70. (grifo nosso)476 BENJAMIN, W. Passagens... p. 236. [G 16,6].477 GIEDION, Sigfried. Bauen in Frankreich. Leipzig e Berlim, 1928. p. 37. apud BENJAMIN, W.Passagens... p. 211. [G 2,3].478 BUCK-MORSS, Susan. Dial<strong>é</strong>tica do Olhar. Walter Benjamin e o Projeto <strong>da</strong>s Passagens. Belo Horizonte:Editora UFMG, 2002. p. 116.

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